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Guerra comercial EUA-China: quo vadis, México [Brasil]?

por Pethra Ubarana (RI/UFPB, extensionista voluntária) publicado 19/07/2024 11h53, última modificação 19/07/2024 11h53
Colaboradores: Arte e publicação: Rebeca Araújo (LEA-NI/UFPB, extensionista bolsista)., Revisão: Profa. Márcia Paixão (Depto Economia/UFPB, coordenadora-orientadora).
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As relações comerciais entre os Estados Unidos e a China tem apresentado instabilidades. O grande país do Oriente passou a se mostrar um rival à altura da, até então, potência hegemônica ocidental, no início do século e, com o passar do tempo, as interações entre os dois países têm se tornado cada vez mais tensas. O ápice dessas tensões se deu com a deflagração de uma verdadeira guerra tarifária entre os dois países durante o governo de Donald Trump. E agora, em 2024, essa disputa parece entrar em um novo capítulo importante (Barría, 2024; Naddi, 2015).

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O marco decisor dessa nova etapa envolve a relação dos EUA com o mundo e, de forma muito específica, com seus vizinhos regionais, notadamente o México. Portais internacionais veicularam, nos primeiros meses do ano, a notícia de que, pela primeira vez após duas décadas e desde a ascensão do gigante chinês, houve uma queda brusca das exportações chinesas para os EUA em 2023, o que fez o México assumir a posição de maior exportador para a economia estadunidense (Barría, 2024).

As relações entre os Estados Unidos e o México possuem profundos laços históricos, já que os dois países compartilham fronteiras, mas oscilantes em seu teor, ainda que mantendo um sentimento de mútua desconfiança (Naddi, 2015). Esse relacionamento passou a ser institucionalizado nos anos 1990 com a criação do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla em inglês) e com a adesão, por parte do México, à uma série de medidas neoliberalizantes após sua crise da dívida, na década de 1980. A partir de 2017, uma série de negociações para reformular o NAFTA e responder às críticas que o acordo sofria, deu origem, três anos mais tarde, ao novo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês) (Pinto, 2021).

Esse espaço criado pelo decaimento comercial da China nos Estados Unidos pode ser uma poderosa janela de oportunidades para a economia mexicana, que lida frequentemente com os impactos que a disparidade de poder frente ao seu vizinho causa em sua economia e desenvolvimento. Ao mesmo tempo, apesar da presença mexicana no USMCA representar uma vantagem, manter o desempenho é um grande desafio porque outros países estão na corrida para disputar a posição de maior fornecedor (Barría, 2024).

O significado do destaque mexicano também pode ser interpretado de duas formas. Mesmo que possa representar uma oportunidade para desenvolvimento econômico via melhorias em setores da indústria, bem como nos níveis de emprego e remuneração, especialistas alertam que ela não decorre de um crescimento econômico do país, mas do decrescimento das exportações da concorrência, e caso essa vantagem não seja bem aproveitada, acompanhada de reformas sociais e econômicas necessárias, o México poderá facilmente perder sua posição para outros competidores à altura (Barría, 2024).

Ainda, apesar de sua queda e relativas perdas, a China continua tendo um forte papel na economia estadunidense, mesmo que de formas indiretas. Isso se deve ao fato de que, em grande parte, a cadeia produtiva global está profundamente vinculada à indústria e ao mercado chineses. As empresas da potência asiática têm se utilizado de diversos atalhos para driblar as imposições tarifárias de Washington na busca de manter o nível de suas exportações. Dentre essas estratégias, destaca-se a instalação de fábricas chinesas em outros países. O próprio México depende, em parte, de fornecimento chinês para a sua produção (Barría, 2024).

O futuro dessa dinâmica dependerá fortemente da capacidade do México de desenvolver seu sistema comercial, bem como do desenrolar das tensões entre Estados Unidos e China (Barría, 2024). As eleições presidenciais estadunidenses deste ano não prometem uma mudança no sentido de alívio das tensões, especialmente com a eclosão de conflitos ao redor do mundo que permeiam o interesse dos dois países, como a Guerra Russo-Ucraniana e a Guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Ainda assim, a depender de como o México se mobilizar frente às oportunidades que lhe cercam, este poderá, quem sabe, encontrar seu lugar ao sol em meio à esta disputa de gigantes.

Para o Probex COMEX UFPB, naturalmente e por oportuno, cabe a pergunta nesse cenário: quo vadis setor comercial exportador brasileiro?


REFERÊNCIAS

BARRÍA, C. Guerra comercial: como o México se tornou o país que mais exporta para os EUA superando a China pela 1a vez em duas décadas. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cjrkzzj8yrzo>. Acesso em: 26 mar. 2024.

LIMA PINTO, F. M. Do NAFTA ao USMCA: inovações e perspectivas. Revista de Iniciação Científica em Relações Internacionais, v. 8, n. 16, p. 158–174, 16 jul. 2021.

NADDI, B. W. DE M. As relações México-Estados Unidos: uma perspectiva histórico-econômica. Revista de Iniciação Científica em Relações Internacionais, v. 2, n. 4, p. 80–101, 21 jul. 2015.


Autoria: Pethra Ubarana (RI/UFPB, extensionista voluntária)
Arte e publicação: Rebeca Araújo (LEA-NI/UFPB, extensionista bolsista)
Revisão: Profa. Márcia Paixão (Depto Economia/UFPB, coordenadora-orientadora)