Você está aqui: Página Inicial > Contents > Menu > Projetos > Pesquisas concluídas > Programa Mundial de Alimentos: multilateralismo e a atuação dos EUA
conteúdo

Programa Mundial de Alimentos: multilateralismo e a atuação dos EUA

por Redagri publicado 23/03/2018 13h49, última modificação 05/09/2018 12h07

Atos Dias

Resumo

O presente trabalho procura analisar como a atuação norte-americana no Programa Mundial de Alimentos (PMA) impacta a cooperação multilateral da instituição. Decorrente de uma maior preocupação para com o combate a fome no mundo e a promoção do desenvolvimento, o PMA esteve fortemente influenciado pelos interesses norte-americanos desde o começo. Durante a década de 1960 os EUA passaram a enxergar a necessidade da distribuição de encargos sobre a ajuda alimentar com demais países, pois não estavam preparados para enfrentar, sozinhos, os problemas alimentares dos países em desenvolvimento. Considerando também a crescente participação de atores estatais no regime de ajuda alimentar, o multilateralismo, por meio do PMA, se mostrava o meio ideal de evitar resultados mutuamente desvantajosos e de estabelecer maior coerência para a política de ajuda alimentar internacional. Levando-se em consideração os múltiplos interesses que compunham o Regime de Ajuda Alimentar na época, o Programa, no entanto, foi composto de uma incoerência quanto aos seus princípios e objetivos, o que prejudicou a fluidez da cooperação multilateral dentro da instituição. Para os EUA, o PMA se mostrava com um complemento para os seus programas de ajuda alimentar bilaterais, fortemente ligados a interesses de grupos internos que atualmente se dividem em três grandes grupos: os produtores e processadores agrícolas, as empresas de transporte marítimo e as ONG de distribuição. Contudo, na medida em que o programa passou a englobar uma maior participação dos países em desenvolvimento e confrontar com os interesses inseridos na ajuda bilateral dos EUA, o interesse norte-americano na instituição começou a se esvair. A queda da participação dos EUA no PMA, seu ator principal, tem contribuído para uma declínio dos recursos da instituição e, portanto, para a ineficácia em combater a fome no mundo e promover o desenvolvimento. O presente trabalho aponta para a necessidade da participação dos EUA no PMA assim como para a reforma da ajuda alimentar norte-americana, fortemente vinculada a interesses políticos e econômicos internos que prejudicam sua efetividade. Como será demonstrado, ambas as mudanças são necessárias para o fortalecimento da cooperação multilateral, para o aumento da eficácia no combate a fome no mundo e para a promoção do desenvolvimento.