Os Impactos da Ajuda Alimentar Internacional em Guerras Civis
por Redagri
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publicado
23/03/2018 13h55,
última modificação
05/09/2018 12h07
Flávia Belmont
Júlia Rensi
Resumo
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O Brasil é uma das maiores potências agrícolas do globo e tem se tornado um dos maiores doadores de alimentos do mundo, segundo a Organização para Alimentos e Agricultura e o Programa Mundial de Alimentos, ambos das Nações Unidas. Em 2010, o governo brasileiro selou um acordo com o Sudão, a fim de prestar assistência à população que sofre com a insegurança alimentar decorrente da guerra civil em Darfur. Tendo em vista o contexto sudanês, a assistência prestada a este país é emergencial. Embora o objetivo maior do Brasil possa ser salvar vidas, é possível que as doações brasileiras aprofundem o conflito? Seriam as doações brasileiras enquadradas no chamado ‘Dilema do Samaritano’, em que o doador fica em dúvida sobre fornecer alívio humanitário imediato mesmo sabendo que isso pode aprofundar as causas do sofrimento em longo prazo? Observando este caso específico levantamos a questão: quais os efeitos que a assistência alimentar estrangeira pode causar em uma guerra civil? Para lidar com esse problema fizemos uma revisão bibliográfica e identificamos ao menos quatro aspectos de uma guerra civil (variável dependente) que podem ser afetados pela doação de alimentos (variável independente): intensidade, duração, incidência e número de mortes por efeitos indiretos. A literatura encontrada não é consensual, o que torna interessante explorar as diferentes constatações. Alguns estudos apontam que a assistência alimentar estimula conflitos em alguns aspectos, outros que os arrefecem. Identificamos também que a literatura sobre esse tema é escassa, a despeito do aumento das guerras civis no pós-Guerra Fria e de questões relacionadas à fome e à segurança alimentar virem ganhando evidência nos últimos anos. Esperamos, assim, que o texto possa despertar a atenção para o assunto, bem como mostrar a pertinência de maiores pesquisas nessa área, particularmente para os brasileiros, cujo Estado parece almejar um papel maior em temas de segurança internacional.