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Biografia

por mateus publicado 14/06/2021 16h27, última modificação 15/12/2021 23h07

Biografía (ESP)

Biography (ENG)

 

1920 - Engenho Baixa VerdeO pintor, desenhista, gravador, crítico de arte, cenógrafo, poeta, ilustrador, professor, ativista cultural e ecologista Hermano Guedes de Melo, conhecido artisticamente por Hermano José, nasceu em 15 de Julho de 1922 no Engenho Baixa-Verde, de propriedade de seu tio materno, Sr. Joaquim José Pereira de Melo, em uma região pertencente ao município de Serraria, que fica situado na microrregião do Brejo, no estado da Paraíba. Primogênito de uma prole de doze irmãos filhos do coletor público federal e músico Raul Espínola, e de sua prima legítima, a dona de casa Maria Alice. 

No ano de 1923 a família de Hermano mudou-se para a cidade de Caiçara, onde iniciou seu curso primário. Até os seus doze anos de idade sua vida esteve dividida entre as paisagens verdes do Engenho Baixa-Verde, onde passava as férias; descrito por ele como " o lugar dos aromas, das cores e da alegria"(citação); e as paisagens semiáridas do município de Caiçara.

1930 - Hermano e FamíliaEm 1936 Hermano José é mandado pelo pai para a capital João Pessoa, para continuar os estudos na tradicional Escola Santa Theresinha, localizada na Rua das Trincheiras, e foi lá que seus primeiros passos no desenho e na pintura foram dados. Ele passou um ano morando com seus avós maternos, na Rua João Machado, em Jaguaribe, até que em 1937 o pai do artista adquiriu um imóvel residencial no qual passou a morar com a família, na Rua Almeida Barreto. Posteriormente ingressou no Colégio Paraibano, atual Lyceu Paraibano, onde começou a escrever através do estímulo da educadora Olivina Olívia. 

1940 - CAP

Em 1945 aos 23 anos foi admitido como funcionário do Banco do Brasil, na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte. Nesta época realizou seus primeiros trabalhos a óleo sobre tela. No ano de 1946 voltou a morar em João Pessoa, sendo convidado a integrar oficialmente o Conselho Diretor do Centro de Artes Plásticas da Paraíba (entidade privada), com o objetivo de incrementar o ensino de desenho e pintura em João Pessoa, ano também em que participa da sua primeira exposição: uma coletiva que aconteceu na Biblioteca do Estado, localizada na Rua General Osório.

No Conselho Diretor do Centro de Artes Plásticas da Paraíba, Hermano leciona para jovens artistas que se tornaram referência na cena paraibana das artes visuais, como Ivan Freitas, Archidy Picado, Flávio Tavares, Miguel dos Santos, Fred Svendsen, Clovis Junior, Martinho Patrício e Walter Wagner. 

Em 1949 começa a participar ativamente das ilustrações dos jornais paraibanos junto aos integrantes do Centro de Artes Plásticas, especialmente o Correio das Artes, ao qual foi premiado pela coordenação da exposição Um Século da Pintura Brasileira (Prêmio Assis Chateaubriand), para estudar como bolsista na Europa. 

Em 1950 subsidiado pela bolsa do Correio das Artes, viaja a Lisboa, Veneza, Paris, Roma e Florença, de onde volta no mesmo ano e começa a produzir ainda mais ativamente, ainda que dividido entre o trabalho artístico e o Banco do Brasil. Inicia-se nesse momento a dedicação do artista ao gênero de paisagem, tendo a falésia do Cabo Branco como tema central que irá permear toda sua produção. 

1950 - Teatro (4).png

Artista multilinguagem, Hermano atuou também no campo do teatro como diretor geral, cenógrafo, sonoplasta e figurinista. Sua primeira experiência foi em 1955 com a peça “Cantam as Harpas de Sião’’, de Ariano Suassuna. Onde na ocasião de estreia, realizada no Theatro Santa Roza, o próprio autor Ariano teceu grandes elogios ao espetáculo. Pela cenografia da peça “A corda”, foi contemplado com a Medalha de Prata no 2º Festival Nacional de Teatro, em Natal, Rio Grande do Norte.

1950 - Hermano Viagens (Rio)

Em 1956 Hermano muda-se para o Rio de Janeiro (RJ), fato que segundo pesquisadores de sua obra, muda a vida do artista radicalmente, arranja um trabalho no Setor de Arquitetura do Banco do Brasil, responsável pela compra de obras de artes no Brasil inteiro. A época a cidade do Rio de Janeiro passava por uma efervescência cultural, e o Museu de Arte Moderna Da cidade (MAM-RIO) inaugurou o Atelier de Gravura, onde o artista é contemplado com uma bolsa para estudar gravura em metal, e dos anos de 1959 a 1963 produziu cerca de 46 gravuras. A partir de 1960 se intensificam suas presenças em exposições, a exemplo do “I Salão O Retrato e a Obra”, promovido pelo Instituto Brasil – Estados Unidos – IBEU e da IX edição do Salão de Arte Moderna. No ano seguinte 1961 expôs três gravuras na V Bienal de São Paulo e no X Salão Nacional de Arte Moderna. As obras em gravura de Hermano José entraram rapidamente no circuito das artes visuais neste período.

1960 - MAM do Rio .png

Época que começa a vender suas obras para colecionadores, e delinear uma carreira internacional. Participa da exposição coletiva de gravura realizada pela Picolla Galleria, do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, sendo premiado como o melhor do ano. Em 1963 participou da I Bienal Latino-Americana de Gravura, em Santiago, no Chile( evento que reuniu os mais importantes gravadores da América Latina), e da exposição Gravura Brasileira, em Londres. Possui uma obra adquirida para o acervo do Museu Metropolitano de Nova York, e por fim, expõe novamente no XII Salão Nacional de Arte Moderna. Em 1965 é Citado em "A gravura brasileira", livro de José Teixeira de Leite, e em 1966 Participou da exposição de Internacionale d´Estampes na Vancouver Art Gallery,  convidado para a Bienal Americana de Arte em Córdoba (Argentina) e para o V Salão de Arte Atual, em Valência, na Espanha, bem como passa a integrar o acervo do The Museum of Modern Art, Nova York.

Entre os anos de 1968 e 1974  Hermano foi incluído no Dicionário de Artes Plásticas no Brasil, da Editora Civilização Brasileira, escrita pelo crítico de arte Roberto Pontual (1939-1992), Citado no Dicionário Brasileiro de Artistas Plásticos, editado pelo Instituto Nacional do Livro, e na Grande Enciclopédia Delta Larousse. Em 1975 é convidado para participar de uma exposição de gravuras na Embaixada do Brasil em Roma, indicado por Fayga Ostrower.

Em 1976 voltou à Paraíba como assessor cultural do então governador Ivan Bichara Sobreira, para instalar o museu de artes do estado, o qual não foi concretizado. Em paralelo ministra um curso de Gravura em metal na UFPB. A década de 70 também foi importante para a fixação definitiva de Hermano em João Pessoa, que em 1979 constrói sua casa na enseada do bairro do Bessa, a beira mar. Residência que fora doada para a UFPB e que hoje é a sede do Museu Casa De Cultura Hermano José.  

Em 1979, o Governo Federal indicou o professor Dr. Tarcísio de Miranda Burity para governar a Paraíba. Burity criou o Espaço Cultural José Lins Do Rego, e Hermano José que havia apresentado sugestões para a implantação do setor de artes plásticas da instituição, é convidado então para assumir a Coordenação de Artes Plásticas, em 1982, onde também trabalhou como professor de pintura. Sem sucesso tentou desenvolver o setor de arte visual, cuja frustração culminou no seu pedido de demissão.

1980 - IPHAEP

Em 1980 ingressa na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) como professor do Departamento de Arte e Comunicação (DAC) no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e idealiza a criação da Pinacoteca da UFPB, concretizada somente em 1987, a qual coordenou por 4 anos. No ano de 1981, também entrou para o  Conselho do Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico da Paraíba  (IPHAEP), onde participou por oito anos. 

Os anos 90 são marcados pelo intenso engajamento de Hermano José nas políticas de preservação ao meio ambiente. O artista participa em 1992 da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO 92), onde apresentou a litografia “ Cabo Branco: até quando?’’ obra que mostra o desgaste da falésia da barreira do Cabo Branco. Período em que também assumiu postos de gestão cultural no Departamento de Cultura da cidade. Nele é responsável por implantar a Lei Viva Cultura, atual Fundo Municipal de Cultura (FMC), além de coordenar o retorno do Salão Municipal de Artes Plásticas –Semap, e consolidar a criação do Projeto Cênico Paixão de Cristo, evento natalino tradicional da cidade de João Pessoa. Em 1997, realiza sua primeira exposição individual, intitulada “Desenhos de Hermano José”, com curadoria de Gabriel Bechara Filho, sediada no Núcleo de Arte Contemporânea (NAC/UFPB), a partir da qual apresentou apresentou uma série de desenhos e estudos de nus masculinos produzidos ao longo de sua vida. 

A partir dos anos 2000 com a consolidação do seu prestígio na Paraíba, Hermano começa a receber diversas homenagens e seu nome intitula coleções e bibliotecas como a Biblioteca de Arte Hermano José, em Zarinha Centro de Cultura, e as Salas Hermano José, sendo uma na Pinacoteca UFPB e outra, no Núcleo de Arte, Cultura e Eventos do antigo CEFET (atual IFPB), ao passo que lança catálogos biográficos e expõe retrospectivas importantes. O tempo não o dissuadiu de sonhar com um museu de artes na Paraíba, organizando então um abaixo assinado em 2006 para fins do mesmo. Já na década de 10, suas primeiras preocupações com seu acervo pessoal aparecem, e então procura firmar parcerias com a Prefeitura, Governo do Estado e UFPB. Hermano morreu em 21 de maio de 2015, em decorrência de uma pneumonia, aos 93 anos, na cidade de João Pessoa. Deixou uma coleção de cerca de 6.500 bens culturais e uma biblioteca com aproximadamente 3.000 títulos. Um acervo diversificado e precioso com obras em 25 tipologias diferentes entre gravuras, telas, esculturas, vitrais, louças, tanto relativos a sua produção como de importantes artistas nacionais, e também itens arquivísticos que narram a história das artes no estado da Paraíba. Um extenso grupo de intelectuais pleiteou junto à reitora Margareth Diniz, que a universidade agregasse a casa e o acervo do artista ao patrimônio da instituição. Então, com o intuito de preservar e manter a sua história artística e pessoal para a posteridade, todo seu espólio, junto a casa que o artista construiu, dão origem ao Museu Casa de Cultura Hermano José, responsável por manter viva a memória e o legado de Hermano José, bem como contribuir para o fortalecimento do circuito artístico-cultural, dando seguimento a prática que era do feitio do artista.  

 

Exposições 

1960 - Rio de Janeiro / I Salão "O Retrato e a Obra", promovido pelo IBEU;

1960 - Rio de Janeiro / IX Salão Nacional de Arte Moderna.

1961 - São Paulo - SP /V Bienal de São Paulo.

1961 - Rio de Janeiro - RJ / X Salão Nacional de Arte Moderna.

1962 - Premiado pela Piccola Galleria, do Instituto Italiano de Cultura;

1962 - Rio de Janeiro - RJ / XI Salão Nacional de Arte Moderna.

1963 - Santiago, Chile / Bienal Americana de Gravura

1963 - Londres, Inglaterra / Gravura Brasileira em Londres;

1963 -  Rio de Janeiro - RJ /Participou do XII Salão Nacional de Arte Moderna.

1966 - Vancouver - Canadá / exposição de Internacionale d´Estampes na Vancouver Art Gallery, 

1966 - Córdoba - Argentina /  Bienal Americana de Arte 

1966 - Valência - Espanha / Salão de Arte Atual

1967 - Amsterdã, Holanda / Kunstenaars van nu uit Brazilie

1975 - Rio de Janeiro - RJ / exposição de gravuras na Embaixada do Brasil em Roma,  indicado por Fayga Ostrower.

1992 - Rio de Janeiro - RJ / IV Exposição de Arte da Eco 92 

1998 - João Pessoa - PB / exposição coletiva em homenagem ao Centro de Artes Plásticas da Paraíba, no Núcleo de Arte Contemporânea (NAC).

2000 - João Pessoa - PB / Salão Municipal de Artes Plásticas (NAC)

2001 - João Pessoa - PB  / VII Festival Nacional de Arte-Fenart, com Sala Especial na Bienal de Gravura (Homenageado)

2002 - João Pessoa - PB / A Coleção Hermano José’’,  Pinacoteca da UFPB, curadoria de Gabriel Bechara Filho.

2002 - João Pessoa - PB / Coleção Hermano José, Galeria Casarão 34

2006 - João Pessoa - PB /  Exposição Cunae,  Espaço Cultural Cobras, curadoria de Helena Medrado.

2011 -  João Pessoa - PB / Exposição As cores que pulsam, curadoria de Gabriel Bechara Filho

2012 - João Pessoa - PB / Exposição “Hermano José”, Galeria Gamela, em homenagem aos seus 90 anos.

2013 - João Pessoa - PB  /retrospectiva promovida pela Usina Cultural Energisa, no programa 10 Anos -10 Exposições;



Reconhecimento

 

2001 - Homenageado no VII Festival Nacional de Arte-Fenart cm Sala Especial na Bienal de Gravura

2002 - Recebe o título de Honra Ao Mérito Do Conselho Estadual De Cultura

2003 - Homenageado com a inauguração da Sala Hermano José, no Núcleo de Arte, Cultura e Eventos do antigo CEFET (atual IFPB);

2006 - Lançamento do catálogo biográfico ilustrado no Casarão 34;

2007 - Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprova a Comenda Verde, no qual homenageia Hermano por sua  história e contribuição no cenário das artes plásticas paraibano e nacional;

2009 - Inauguração da Biblioteca de Arte Hermano José, no Zarinha Centro de Cultura, ambiente que disponibilizaria revistas, livros e mídias relacionados com artes visuais;

2011 -  Homenageado com o documentário em vídeo "Ícone da Arte e da Cultura Paraibana".com idealização e roteiro de Irismar Fernandes De Andrade e imagens por Adeilson Moura e Rodrigues Lima 

2013 - Lançamento do livro biográfico "A Vida Luminosa de Hermano José" com autoria de Irismar Fernandes de Andrade, com apoio do Sesc PB.

 

 

Referências utilizadas

BECHARA FILHO, Gabriel. A construção do campo artístico na Bahia e na Paraíba, (1930-1959). Salvador, 2007. Tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Salvador/BA, 2007. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/10230 

ANDRADE, Irismar Fernandes de. A vida luminosa de Hermano José. João Pessoa: Sesc Paraíba, 2013.

GOMES, Dyógenes Chaves. Dicionário de Artes Visuais na Paraíba - João Pessoa: Editora 2ou4, 2015.  

SILVA, Ronieli V. da; OLIVEIRA, B. J. F. Acervo Hermano José: Vivências multidisciplinares e desafios arquivísticos. XXII Encontro Nacional de Estudantes de Arquivologia. Belém-PA, 2018. Disponível em: http://2018.enearq.com.br/trabalhos-aprovados/

SILVA, R. V.;  ANJOS, E. C.; OLIVEIRA, B. M. J. F.; A caixa mágica do colecionismo de Hermano José. In: Patrimônio, informação e memória: tríade para construção e fortalecimento identitário. Org.: Bernardina M. J. Freire de Oliveira... [et al.]. – João Pessoa: Editora UFPB, 2019.305 p. Disponível em: http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/book/364