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Mobilidade Urbana
Atividade de ciclismo para reconhecimento da rota do Circuito Vale do Gramame de Cicloturismo. Imagem foto Thiago Nozzi, disponível no Flickr.
Projetos de extensão discutem Mobilidade Urbana incentivando o uso da bicicleta nos deslocamentos
A pandemia de Covid-19 não provocou mudanças reais na Mobilidade Urbana do Brasil, mas, para Andréa Porto Sales, geógrafa e docente da UFPB, o momento gerou reflexões sobre o modelo de deslocamentos e o uso de bicicletas surgiu como alternativa.
“A bicicleta foi considerada o veículo mais seguro para evitar a propagação do vírus e a atividade física proporcionada [pela prática] dá resposta à imunidade do usuário. Ademais, ficou evidente a redução da emissão de gases do efeito estufa, o que coloca a bicicleta como essencial nas propostas de descarbonização das cidades”, diz a docente.
Na UFPB alguns projetos de extensão já debatiam a infraestrutura urbana e a necessidade de uma mobilidade ativa - deslocamento a pé ou de bicicleta. Um desses projetos é o Pedagogia Urbana, vinculado ao Centro de Ciências Exatas e da Natureza, coordenado por Andréa.
A coordenadora afirma que o intuito do projeto é pensar caminhos revolucionários às condições de opressão e exploração existentes na cidade. “Há dois anos buscamos criar incidências políticas na pauta da Mobilidade Urbana. No primeiro ano através da capacitação de Ongs e ativistas para atuarem com propriedade e consistência na elaboração do plano diretor. E no segundo ano, com a sensibilização do tema na sociedade. Esse ano nossa estratégia foi pautada no cicloturismo”, conta.
Segundo Andréa, o tema "cicloturismo'' foi escolhido como estratégia para fomentar a discussão sobre mobilidade urbana entre os gestores e promover práticas de descarbonização da cidade. Outro ponto importante para a escolha foi o fator econômico, visto que o cicloturismo garante a fixação do turista na cidade por mais alguns dias, em função do deslocamento. Dessa forma, esse fator poderá gerar transformações na dinâmica econômica da cidade.
A docente relata que, por conta da pandemia, esse é um segmento do turismo em evidência, já que, por ser ao livre, tem baixo potencial de contágio. A equipe do Pedagogia Urbana idealizou 12 rotas que compõem quatro circuitos: Cidade Histórica com quatro rotas; Litoral Norte com quatro rotas, Litoral Sul com três rotas e a rota Vale do Gramame. “Em todas estamos criando uma rede de negócios em torno da bicicleta e elaborando um inventário do patrimônio natural e cultural”, expõe.
A bolsista do projeto, Heloísa Gomes, acredita que o projeto enriquecerá bastante sua formação, pois colabora para que ela compreenda melhor as dinâmicas socioespaciais da cidade. “Outra contribuição para a minha carreira, é pensar em práticas que realmente funcionem e contribuam para o protagonismo social e econômico das pessoas e suas comunidades”, exemplifica a bolsista.
Heloísa, que é estudante de geografia, comenta que a equipe é bastante comprometida com a ação e por isso se sentiu motivada para fazer parte do grupo: “No Pedagogia Urbana todos os participantes estão altamente envolvidos nas atividades, tornando uma equipe realmente disposta a contribuir com mudanças relacionadas às questões sociais e ambientais de nossa cidade”.
Passeio pela história de João Pessoa
As rotas do cicloturismo, idealizadas pelo projeto Pedagogia Urbana, estão sendo preparadas para serem comercializadas e, em breve, estarão disponíveis para a venda que será operada pela PNP, agência de turismo online.
Junto à agência está um dos parceiros do projeto, a Escola Viva Olho do Tempo, que está planejando a startup que vai administrar a rota Vale do Gramame. Toda renda arrecadada pelo projeto será gerida pelas comunidades que estão no circuito, a ideia é incentivar mulheres a serem gestoras desses negócios.
“Não se trata de um simples pedal, em cada rota é possível conhecer o processo de estruturação da cidade de João Pessoa. Trata-se de uma experiência pedagógica pelos lugares que contam a história da nossa cidade”, estimula Andréa Porto Sales.
Além disso, o projeto está elaborando um curso de formação de condutores de cicloturismo, também planejam realizar eventos e produzir material educativo. A iniciativa conta ainda com o apoio da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV-PB) e da Empresa Brasileira de Turismo (PBTur). Enquanto as rotas não estão disponíveis para venda, os interessados podem acompanhar o material de divulgação e as novidades no instagram do projeto (@pedagogiaurbanabr).
Mobilidade Urbana e Cicloativismo
Outra grande iniciativa de extensão que envolve o ciclismo é o projeto “Mobilidade Urbana'', do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (CT/UFPB), que existe desde 2018. Coordenado pela professora Claudia Ruberg, a ação está atrelada ao Escritório Modelo dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo - TRAMA.
“Esse projeto tem o potencial de comunicar à população sobre os meios de transporte alternativos e assim promover uma conscientização, além de transformações urbanas pelos projetos e masterplan aqui pensados”, menciona o aluno bolsista do projeto, Marcílio Onofre.
Desde o início do projeto, a equipe conta com a presença da estudante de Arquitetura e Urbanismo, Danyelle Patricia Aranha. Ela conta que ver a temática discutida pelo projeto foi o suficiente para querer entrar no grupo, pois o ciclismo é uma paixão bem antiga. A estudante começou a pedalar em 2010 apenas por lazer, mas, com o tempo, introduziu cada vez mais o ciclismo no seu cotidiano. “Há muita coisa que a gente poderia fazer de bike se saíssemos da comodidade do transporte motorizado. Além de otimizar o tempo, faz bem à saúde”, avalia.
Mas, a estudante também alerta: “Não é fácil andar de bicicleta na cidade, utilizando-a como transporte. É um ato de resistência diário”. Por isso, tornar as discussões sobre mobilidade urbana mais frequentes é um dos pilares do projeto de extensão que ela participa. “O projeto se caracteriza por uma prática de planejamento urbano através do conceito de sustentabilidade e inclusão social, utilizando o urbanismo tático como metodologia e promovendo ações de incentivo à solidariedade. Além disso, também visa inserir na sociedade reflexões acerca da Mobilidade Urbana”, analisa a coordenadora Claudia.
Com o isolamento social, a iniciativa tem atuado em três frentes. Uma delas é o desenvolvimento do aplicativo de Carona Solidária, que servirá para conectar pessoas interessadas em oferecer e/ou aceitar carona na comunidade universitária do Campus I da UFPB.
Outra vertente é a continuação da ação principal do projeto, o Masterplan intitulado Humaniza Federal e iniciado em 2020, que proporciona a atividade de análise das problemáticas de mobilidade urbana e de propostas de projeto de intervenção no entorno do Campus I, incluindo uma ciclovia.
Nas mídias sociais, em especial no instagram do projeto (@trama.mobilidadeurbana), onde já acumula quase mil seguidores, a equipe divulga conteúdos acerca da mobilidade urbana.
É possível acompanhar os dois projetos pelas redes sociais (https://www.instagram.com/trama.mobilidadeurbana/ e https://www.instagram.com/pedagogiaurbanabr/) e quem sabe combinar para dar umas voltas de bicicleta. Os dois projetos são bem atuantes e interagem com frequência.
►TRAMA: Iniciativa que tem como objetivo a melhoria da educação e da formação profissional através da vivência social e da experiência de troca.
►Urbanismo tático - O termo se refere ao movimento no qual os espaços urbanos são repensados. Para isso, ocorrem pequenas intervenções com a finalidade de aproximar as pessoas do espaço e resolver problemas locais. Fonte: https://finger.ind.br/blog/urbanismo-tatico/
Reportagem de Aléssia Guedes (Bolsista PROEX 2021), editada por Comunicação PROEX.