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Curso de violão para cegos

Curso de extensão ensina violão para alunos com deficiência visual da UFPB, através do Google Meet, YouTube e WhatsApp.
publicado: 24/05/2021 12h55, última modificação: 25/05/2021 14h34
Exibir carrossel de imagens Luiz Navarro Costa ministrando aula do Curso de Violão para Cegos. Foto captura de tela - arquivo pessoal.

Luiz Navarro Costa ministrando aula do Curso de Violão para Cegos. Foto captura de tela - arquivo pessoal.

Curso de extensão ensina violão para alunos com deficiência visual da UFPB.

Em 2018, Luiz Navarro Costa, professor do Departamento de Educação Musical, recebeu um desafio: dar aula de violão para uma aluna cega. Ele adaptou suas aulas, mas a estudante ainda tinha alguns problemas de acessibilidade - desde as condições do transporte intermunicipal universitário, até a falta de acompanhantes e piso tátil. Como as dificuldades provocam faltas às aulas, Luiz ofereceu à estudante a opção de enviar lições por WhatsApp e foi dessa adaptação que veio a inspiração para que o professor elaborasse um projeto de pesquisa de doutorado sobre ensino de instrumento musical à distância, que deu origem, em 2020, ao Curso de violão para cegos.

O curso de extensão oferece uma oportunidade para que alunos cegos de toda a UFPB possam aprender a tocar violão utilizando ferramentas online. As aulas tiveram início em outubro do ano passado, com uma turma de 5 alunos, e retornaram em março deste ano para a segunda fase do projeto com os mesmos estudantes. 

As aulas são realizadas com o suporte de vários recursos digitais. O professor publica previamente o conteúdo em áudio-vídeo no YouTube para que os estudantes passem a semana praticando. Depois, utiliza o Google Meet e o Whatsapp para atendimentos individuais de esclarecimentos.

Luiz busca ampliar para pessoas com deficiência visual as opções de cursos EAD de instrumento musical. “O ensino de instrumento à distância é uma realidade entre os que enxergam. Existe uma gama enorme de professores e de cursos oferecendo ensino do instrumento musical à distância, porém a gente não encontra esse trabalho direcionado para pessoas com deficiência visual. Aí que está a minha ideia: Se já existe um trabalho grande para o público que enxerga, por que não ampliar para os cegos?”, questiona Luiz Navarro Costa.Luiz Navarro Costa ministrando aula do curso de violão para cegos. Foto captura de tela - arquivo pessoal.

O docente deixa claro que a intenção não é isolar essa comunidade, mas oferecer uma nova opção, posto que a possibilidade de aprender em casa  faz com que o aluno cego enfrente menos vezes  problemas causados pela falta de acessibilidade recorrente nas cidades brasileiras.

No primeiro módulo, realizado ainda em 2020, os alunos aprenderam as técnicas básicas para tocar violão. Posicionamento do corpo, forma de segurar o instrumento, afinação e acordes simples. Já no segundo módulo o trabalho terá continuidade com o aprofundamento desses conhecimentos, com a inclusão de aulas mensais coletivas para que os alunos possam tocar uns para os outros e interagir.

Adaptando os acordes 

Raquel dos Santos, estudante de Psicologia da UFPB, é uma das participantes do curso desde o primeiro módulo. Ela conta que já havia tentado aprender violão, mas seu primeiro instrutor não tinha noções de ensinamento para pessoas com deficiência visual, o que dificultava o aprendizado. Para a estudante, as lições sobre o instrumento como um todo foram muito interessantes, mas dá destaque para as aulas sobre a estrutura do violão, a história e poder conseguir realizar seus primeiros acordes.

“Eu espero ampliar esse conhecimento no segundo módulo e conseguir realizar  um dos  desafios que toda pessoa enfrenta ao iniciar a aprendizagem no violão, que é realizar a pestana, e está sendo um desafio para mim também”, disse a estudante de psicologia.

Raquel dos Santos na aula online do curso. Imagem: captura de tela da vídeo-aula.  As aulas são voltadas para o ensino do violão popular, trabalhando ritmos brasileiros como o xote e as cantigas de roda, mas as músicas que os alunos gostam e não são desse repertório são acolhidas para deixar o ensino mais dinâmico. O docente utiliza exercícios objetivos e, visando agilizar o aprendizado, não exige a leitura musicográfica em braille, já que o ensino dessa linguagem levaria muito tempo. 

 “Não sou contra a musicografia braille, pelo contrário, eu acho que é super importante, principalmente para quem quer aprender música clássica, violão clássico ou qualquer instrumento que vá precisar da leitura musical, mas não acho que é preciso ficar somente nisso. Acho que é preciso ter outras opções”, explicou Luiz Navarro Costa.

Atualmente, as aulas são ministradas apenas por Luiz, o que dificulta a formação de grandes turmas, mas o professor pretende expandir após a finalização do seu trabalho de pesquisa, visando incluir não apenas alunos da UFPB, mas também a comunidade paraibana em geral.

 

Reportagem de Grace Vasconcelos (Bolsista PROEX 2021), editada por Comunicação PROEX.

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