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Marimbau Armorial

Cordofone simples, bicórdio, heterocorde; cítara pranchiforme real com um ressonador em forma de caixa.
publicado: 20/03/2021 20h00, última modificação: 04/11/2021 11h50
Colaboradores: Eraldo, Lucas Wanderley
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Marimbau sendo tocado

O Marimbau Armorial é um instrumento idealizado pelo Quinteto Armorial e Ariano Suassuna e criado pelo luthier João Batista de Lima, inspirado no berimbau de lata. Especificamos como “marimbau armorial” para diferenciá-lo do termo que “vem do quimbundo mrimbau” (Laytano apud Andrade 1989, p. 310), o qual se refere ao berimbau de boca, cujo tocador dedilha ou percute a corda do arco musical, utilizando a boca como caixa de ressonância. O primeiro marimbau armorial mede 1,10 m. de comprimento, 13,5 cm de largura, na parte mais larga, e 7 cm de altura.

Após contar sobre o instrumento que inspirou a criação do marimbau armorial - o berimbau-de-lata-, Fernando Torres, primeiro marimbauísta, explica que, na ausência de latas “não tinha mais sentido continuar usando o nome de berimbau de lata. Passou a chamar-se marimbau por sugestão do próprio Ariano [Suassuna].” (Barbosa, 2018, p. 4). Fernando Farias (2018), também componente do Quinteto Armorial e marimbauísta, lembra que Suassuna justificou a contração dos termos marimba e berimbau, por ser um berimbau com maiores possibilidades melódicas; Mário de Andrade já apontava essa “contaminação evidente de marimba e berimbau” na formação do termo. (1989, p. 310)

Para atender o “propósito armorial de recriar temas populares em uma ambiência de música de câmara, se equiparando às qualidades e potências sonoras do violino, da flauta transversal, violão e viola nordestina” (Satomi, 2020), a tarefa de potencializar as propriedades acústicas do berimbau-de-lata através da construção de um novo design para reinventar o marimbau armorial coube “ao luthier João Batista Lima (1931-2017) [...]. [O instrumento] perdera as duas latas, mas ganhava uma caixa de ressonância de madeira e mais uma corda extra[3] para ampliar as possibilidades musicais” (Barbosa, 2018).

Provavelmente, para realizar o pedal característico da música nordestina, sobretudo da cantoria. A caixa retangular teve as arestas abrandadas por uma linha sinuosa que se estreita de um lado, para a caixa de cravelhas e termina com uma voluta semelhante à da rabeca. Para a extremidade oposta, completando a simetria, termina afunilado para acoplar o suporte da alça tiracolo. (Satomi, 2020, ibid.)

Considerando que o marimbau armorial já tem quase cinquenta anos, poderia ser classificado como variante do berimbau de lata: um cordofone simples – ou seja, um instrumento que permite que uma ou mais cordas sejam estendidas entre pontos fixos – bicórdio, composto de um fio de arame de aço duro afinado, geralmente em 3, e uma corda , afinada em 2 do violoncelo. Nas subcategorias pode ser considerado como cítara pranchiforme real, pois o suporte de cordas é rígido e o plano das cordas segue paralelo ao suporte das cordas. Por fim, apresenta um ressonador em forma de caixa. Sendo assim, sua classificação equivale a 314.122, de acordo com o sistema atualizado pelo projeto MIMO (Montagu, 2014, p. 12-13).

A diferença entre o marimbau armorial e o berimbau de lata (ou berimbau de bacia), reside na ressonância, que neste ocorre com dois ressonadores tubulares (as latas), enquanto que, naquele, temos uma caixa de ressonância de madeira incorporada ao instrumento, além de apresentar uma corda extra e afinadores. A maneira de tocar se manteve.

Os principais tocadores de marimbau e grupos que o incluíram em seus trabalhos, além do Quinteto Armorial com Fernando Torres Barbosa, primeiro marimbauísta do Quinteto Armorial, e Fernando Pinstassilgo, membro desde 1977, são: Orquestra Romançal, Grupo Etnia, Cordas de Caroá, Trio romançal/ Antúlio Madureira e Quinteto Itacoatiara.

Fonte: <http://antonionobrega.com.br/site/2017/09/12/eu-o-mateus-e-o-quinteto-armorial/>

Marimbau sendo tocado

Fonte:<https://www.youtube.com/watch?v=NJdaJgz1dmY>

Lista de Referências

Ficha Catalográfica

ANDRADE, Francisco. Quinteto Armorial: Timbre, Heráldica e Música. Dissertação em Filosofia. São Paulo: USP, 2017

ANDRADE, Mário de. Dicionário Musical Brasileiro. Coordenação Oneyda Alvarenga, 1982-84, Flávia Camargo Toni, 1984-89 - Belo Horizonte: Itatiaia; [Brasília, DF] : Ministério da Cultura; São Paulo: Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1989. (Coleção Reconquista do Brasil, 2. série; v. 162)

FARIAS, Antonio F. Marimbau: Fernando Pintassilgo. CD e encarte. João Pessoa: FIC/ Governo do Estado da Paraíba, 2018

MADUREIRA, Antonio. Iniciação à música do nordeste através dos seus instrumentos, toques e cantos populares. Projeto de pesquisa subvencionado pelo Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq). Brasília, DF; Recife: manual datilografado s/ed, 1980.

MORAES, M. Tereza D. Emblemas da sagração armorial: momentos do movimento armorial em Pernambuco (1970-76). Dissertação em História. São Paulo: PUC, 1994

SATOMI, Alice Lumi. Marimbau e Koto: Sonoridades Medievais, Inclusivas e Transculturais. In: Anais do V Seminário de Estudos Medievais na Paraíba, 27 a 29 de novembro de 2019. Idade Média: perspectivas multidimensionais. Organização Prof. Dr. Guilherme Queiroz de Souza, Prof. Dr. Juan Ignácio Jurado Centurion Lopez. – João Pessoa: Editora do CCTA/UFPB, 2020.

 

 

Referências audiovisuais:

Fernando Torres Barbosa toca marimbau 

Toque para marimbau e orquestra, Quinteto armorial 

Fernando Pintassilgo, documentário

Quinteto Armorial, documentário