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UFPB organiza acervo com diversidade de gestos e falas de crianças
Pesquisadores do Núcleo de Estudos em Alfabetização em Linguagem e Matemática (Nealim) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão organizando um acervo para mostrar a diversidade de gestos e de falas de crianças que se comunicam através da língua portuguesa.
Para isso, serão coletados dados de 30 meninos e meninas com idade entre 7 e 12 anos, do Brasil, de Moçambique e de Portugal. Enquanto Portugal e Brasil possuem a língua portuguesa como primeira língua, Moçambique, com diversos dialetos, tem o português como segunda língua.
Neste trabalho de campo, as crianças serão incentivadas a gravar, em vídeo, autobiografia, relato de experiência ou receita gastronômica. A partir desses vídeos, será catalogada a pluralidade linguística dessa faixa etária da população, a fim de evidenciar as diversas facetas que a língua portuguesa pode manifestar, sobretudo no contexto das novas tecnologias da informação e da comunicação.
Para os pesquisadores da UFPB, os resultados do estudo devem trazer uma maior compreensão das singularidades e das regularidades presentes em cada país. “Espera-se também que as descobertas tragam contribuições para o ensino das habilidades orais e para o letramento digital das próprias crianças”, almeja Evangelina Faria, do professora do Departamento de Língua Portuguesa e Linguística da UFPB e uma das coordenadoras do estudo na Paraíba.
No ponto de vista da pesquisadora e docente da federal paraibana, o trabalho intercontinental ajudará a divulgar ainda mais a língua portuguesa para o mundo. “A fala apresenta-se como um lugar de construção do sujeito na sociedade”.
De acordo com Evangelina Faria, nas últimas décadas, foi possível constatar mudanças promovidas nas formas de comportamentos, comunicação e aprendizagem proporcionadas pelo surgimento do letramento digital.
“Muitas crianças, desde cedo, já partilham de uma cultura, compreendida como costumes, modos de agir e valores compartilhados socialmente e que se estabelecem também em torno do digital”, avalia a professora da UFPB.
Segundo a pesquisadora da federal paraibana, com as novas tecnologias, a oralidade ganhou mais espaço na sociedade, evidenciando uma fala integrada aos gestos e ao contexto.
“Essa visão da fala adequada aos diversos contextos surge com a concepção de língua enquanto fenômeno heterogêneo, histórico e social. A partir da língua falada, a oralidade ganhou destaque como objeto de ensino, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que convocou a presença do eixo da oralidade nos materiais didáticos em sala de aula”, explica Evangelina Faria.
Em Moçambique, o estudo será realizado pelos pesquisadores Feliciano Chimbutante, Nelson Ernesto e Francisco Leonardo, da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a mais antiga instituição de Ensino Superior do país.
Em Portugal, por Helena Rebelo e Maria Teresa Duarte, da Universidade da Madeira (UMA), que é a mais jovem instituição pública de país ibérico. No Brasil, além de Evangelina Faria, participam os pesquisadores Marianne Bezerra, Paula Soares e Maria Aparecida Valentim.
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Reportagem: Carlos Germano | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB