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UFPB obtém patente de dispositivo portátil para coleta de saliva
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) acaba de obter a patente de um dispositivo portátil para otimizar a coleta de saliva em pacientes pediátricos. Denominado de sialômetro, o equipamento utilizado para o exame conta com um revestimento externo de capa lúdica de macaco, com aparência e dimensões semelhantes a um bicho de pelúcia, facilitando a coleta de saliva nas crianças.
Desenvolvido entre 2016 e 2017 no Departamento de Clínica e Odontologia Social (DCOS) do Centro de Ciências da Saúde (CCS), o invento tornou a coleta de saliva um procedimento mais rápido, com capacidade de medição semelhante à do método tradicional (de cuspir) e diagnóstico confiável. Por ter sido bem aceito pelos pacientes, o sialômetro permite um maior controle do comportamento das crianças durante a obtenção das amostras.
De acordo com a pesquisadora Ana Maria Gondim, que integra o grupo de inventores, a saliva coletada pelo dispositivo é um fluido biológico importante para o diagnóstico de doenças orais e/ou sistêmicas e pode ser utilizado por profissionais de saúde – tais como cirurgiões dentistas, médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares – para monitoramento de pacientes em grupos de risco no contexto ambulatorial e hospitalar.
“Existem várias formas de identificar doenças e acompanhar sua evolução analisando características salivares. Entretanto, coletar a saliva para realizar estas análises é difícil em algumas situações. Dentre elas, destacamos a dificuldade de obter amostrar de saliva em bebês, em crianças de menor idade e pacientes com necessidades especiais”, informou Ana Maria.
Para facilitar o exame, ela explicou que o aparelho possui sistema acústico interno com caixa de som que, uma vez ativado, passa a anunciar as instruções para a coleta, que são ouvidas pela criança como uma história, por meio do alto-falante. Além disso, durante a coleta, uma música educativa busca minimizar o ruído emitido pelo acionamento da bomba de sucção.
Apesar de ter sido pensada para uso pediátrico – e, por isso, conta com macaco de brinquedo acoplado, para ser manuseada pela criança durante a coleta –, o dispositivo também beneficia outros públicos: pacientes com necessidades especiais, oncológicos e com hipossalivaçāo.
Com base nos registros de patentes consultados, este é o primeiro sialômetro portátil pediátrico, sem antecedentes similares comercializados nos mercados nacional e internacional. “Nós adaptamos sistemas tradicionais de coleta de fluidos biológicos com dispositivos mecânicos ao contexto pediátrico. Unimos condições apropriadas para promover um adequado exame salivar, ao mesmo tempo que favorece uma experiência lúdica para o usuário”, destacou a pesquisadora da UFPB.
Após a obtenção da patente, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), o grupo de inventores – que inclui os pesquisadores Raphael Cavalcante Costa, Ana Maria Gondim Valença, Paulo Rogério Ferreti Bonan e Tamires Vieira Carneiro, com colaboração da pesquisadora Isabella Lima Arrais Ribeiro – espera agora estabelecer parcerias com empresas do ramo de produtos biomédicos e hospitalares para produção em escala industrial e comercialização do dispositivo. Segundo Ana Maria Gondim, estudos de viabilidade indicaram que o sialômetro pediátrico pode ser produzido em larga escala com baixo custo, utilizando tecnologia já existente, com valor estimado em R$ 500 a unidade.