UFPB lança sistema pioneiro no Brasil para monitoramento e transparência dos auxílios estudantis

A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lançou o Sistema de Monitoramento e Avaliação dos Auxílios Pagos aos Estudantes (MAAPE), plataforma pública que permite acompanhar, de forma detalhada, como os recursos da Assistência Estudantil vêm sendo aplicados na instituição. Em um só ambiente, a população e os órgãos de controle podem consultar valores pagos, tipos de auxílio, número de beneficiários, distribuição por campus e evolução anual dos investimentos. Trata-se do sistema mais abrangente de transparência da assistência estudantil já desenvolvido por uma universidade federal brasileira.

O sistema disponibiliza os dados em três formatos principais, por meio de painéis interativos com visão geral, beneficiários e histórico de pagamentos; consultas abertas e navegáveis, que permitem ao cidadão explorar dados por ano, tipo de auxílio e campus; e ainda tabelas e visualizações dinâmicas, que podem ser exportadas e utilizadas em pesquisas, relatórios e estudos.

O MAAPE foi desenvolvido pela Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan), por meio da Coordenação de Informática (Codeinfo) e Coordenação de Orçamento (Codeor), em parceria com a Pró-Reitoria de Assistência e Promoção Estudantil (Prape). A ferramenta consolida dados oficiais extraídos diretamente do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI), reunindo todos os pagamentos de auxílios estudantis realizados pela UFPB desde 2019. De acordo com o Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFPB, Anielson Barbosa, a integração com o SIAFI garante a integridade dos valores exibidos por meio da atualização automática do sistema a partir de uma fonte oficial e confiável de dados financeiros.

O Pró-Reitor também destaca a usabilidade do sistema, que permite ao usuário acessar informações com agilidade e facilidade, tanto em uma visão geral dos auxílios quanto em consultas por beneficiário. “O MAAPE se destaca por ser pioneiro na integração direta com bases de dados do governo federal, consolidando-se como um instrumento de governança e transparência pública. Trata-se de uma iniciativa inovadora no âmbito das universidades brasileiras, pois oferece acesso aberto e em tempo real a dados sobre assistência estudantil ”, afirmou. Para ele, a iniciativa fortalece a cultura de gestão baseada em evidências e posiciona a UFPB como referência no setor.

Segundo o coordenador da Codeinfo, Alessio Almeida, esta primeira versão do sistema buscou criar uma “vitrine pública das ações da UFPB na promoção da permanência estudantil”, ampliando o acesso a dados que antes só podiam ser obtidos por servidores com conhecimento técnico especializado.

Gestão da Assistência estudantil

Do ponto de vista da assistência estudantil, o MAAPE representa um salto qualitativo na gestão pública. Antes da plataforma, a transparência restringia-se à lista de estudantes atendidos, sem detalhamento sobre valores recebidos, distribuição dos auxílios ou evolução dos investimentos.

Segundo a Pró-Reitora de Assistência e Promoção Estudantil (Prape), Georgia Macedo, o sistema surge da necessidade de ampliar a visibilidade sobre a aplicação dos recursos destinados à permanência estudantil e fortalecer o controle social. Para ela, a iniciativa democratiza o monitoramento das ações, reduz a centralização das informações e permite que os próprios estudantes acompanhem a execução da política de assistência. “A plataforma vai contribuir tanto para o planejamento quanto para o monitoramento e o dimensionamento das ações prioritárias”, destacou.

Georgia aponta ainda que o MAAPE se articula a outras iniciativas de participação social da Prape, como conselhos e comissões de acompanhamento, reforçando o caráter democrático da política de assistência estudantil, uma vez que os auxílios desempenham papel decisivo para a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade social.

A Reitora da UFPB, Terezinha Domiciano, também destacou que o MAAPE integra um conjunto maior de sistemas desenvolvidos pela universidade para ampliar a transparência e o monitoramento da gestão pública. Segundo ela, essas plataformas, quando utilizadas em conjunto, oferecem visibilidade sobre todas as áreas da instituição, especialmente no que diz respeito aos gastos públicos e ao acompanhamento das emendas parlamentares. 

“Com relação especificamente a esses dados da assistência estudantil, eu acredito que, para além da transparência, nos dá também a possibilidade da gente discutir e ter uma devida noção da nossa responsabilidade social. Então, através desses dados, a gente sabe exatamente qual é o estudante, qual o curso que esse estudante está, qual é a proporção de alunos que tem CAdÚnico, de quotas, ou seja, dá para a gente categorizar dando maior visibilidade e transparência”, afirmou.

Para a Reitora, essa organização de dados amplia ainda a capacidade de tomada de decisão dos gestores, funcionando como um indicador estratégico de políticas públicas para definição de prioridades e direcionamento de investimentos.

O MAAPE disponibiliza informações sobre os auxílios alimentação, emergencial, inclusão e acessibilidade, moradia, PROMISAES, pré-escolar, residência universitária, restaurante universitário e transporte. De acordo com a plataforma, atualmente são atendidos 5.768 estudantes na UFPB, com um investimento de pouco mais de R$29,5 milhões ao longo do ano, até novembro de 2025.

Desenvolvimento e segurança dos dados

De acordo com o coordenador da Codeinfo, Alessio Almeida, o sistema se apoia em um fluxo técnico rigoroso para garantir fidelidade e integridade das informações. Isso inclui rotinas automatizadas de extração do SIAFI, padronização dos dados, modelagem em um repositório institucional de grande porte (data lake) e construção das visualizações em arquitetura moderna. Esse conjunto de tecnologias, explica, permite “atualização contínua, rastreabilidade de ajustes, detecção de anomalias e alto desempenho”, criando um ambiente confiável para o monitoramento público dos auxílios.

Um dos pilares da plataforma é a segurança dos dados pessoais: todas as informações sensíveis são tratadas de forma a impedir qualquer identificação de pessoas, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo abertura total das informações sem risco de exposição individual.

Atualizado mensalmente, geralmente até o 15º dia útil, o MAAPE já está estruturado para expansão. Nas próximas fases, a Proplan e a Prape planejam incorporar novos módulos, como perfil socioeconômico dos estudantes assistidos, permitindo análises mais profundas de equidade e impacto; módulo de Indicadores de Impacto, acompanhado de métricas de permanência, evasão, desempenho acadêmico e mobilidade; gráficos mais interativos, com séries históricas, comparações entre centros/campi e análises por tipo de auxílio; e relatórios automáticos para gestão universitária e órgãos de controle.

De acordo com o Pró-Reitor Anielson Barbosa, a ideia é consolidar o MAAPE como referência nacional em transparência e avaliação da Assistência Estudantil, fortalecendo o compromisso da UFPB com dados abertos, pesquisa e participação social.