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UFPB adquire dispositivo portátil que faz sequenciamento genético
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) adquiriu recentemente dispositivo portátil que faz sequenciamento genético. O equipamento MinION Mk1C, da Oxford Nanopore Technologies (ONT), empresa sediada no Reino Unido, armazena até 50 GB de dados e permite análises precisas e instantâneas.
São diversas as aplicações do sequenciamento de nanoporos, estruturas orgânicas ou inorgânicas regulares que suportam uma estrutura porosa regular, para análises de ácidos nucleicos, que são moléculas gigantes formadas por unidades monoméricas menores conhecidas como nucleótidos.
Além do sequenciamento do genoma completo de vários organismos, o sequenciamento de nanoporos possibilita análise de longo alcance de comunidade metagênomica bacteriana em tempo real, por meio da extração do DNA diretamente do ambiente e construção de uma biblioteca com as informações presentes no composto orgânico, e subtipagem, técnica onde um subtipo, que é um tipo de dado, pode ser relacionado a um supertipo baseado na noção de substitutibilidade.
Do mesmo modo, esse sequenciamento de nanoporos viabiliza transcritoma inteiro (cDNA) e transcriptomas menores (RNA direto), que são um conjunto completo de transcritos (RNAs mensageiros, RNAs ribossômicos, RNAs transportadores e os microRNAs, também compostos orgânicos) de um dado organismo, órgão, tecido ou linhagem celular. No campo da triagem, é importante a identificação de ameaças biológicas de amostras desconhecidas a partir da presença de DNA e/ou RNA.
“Durante surtos epidemiológicos como o que está acontecendo com o SARS-CoV-2 atualmente, ferramentas como esta são de extrema aplicabilidade, a fim de conter o alastramento do vírus. Esta tecnologia é capaz de fornecer informações rápidas e precisas para o contingenciamento de novas variantes do vírus, por exemplo”, afirma Eloiza Campana, professora e pesquisadora do Departamento de Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da Saúde da UFPB e uma das responsáveis pela aquisição do sequenciador.
Para a docente, a aquisição de novas ferramentas tecnológicas como o MinION é necessária para aumentar os campos de pesquisa dos cientistas da UFPB e possibilidades de identificação de microrganismos potencialmente patogênicos. “O esforço conjunto de pesquisadores em todo o mundo fez com que descobríssemos qual microrganismo era responsável pela pandemia da Covid-19, isto ainda no início de 2020, garantindo uma ação mais eficaz”, avalia Eloiza Campana.
No ponto de vista da professora da UFPB, investir em tecnologia em todas as regiões do Brasil trará um melhor entendimento da epidemiologia molecular de microrganismos que possuam potencial pandêmico, auxiliando na identificação de novos microrganismos ou mesmo daqueles já conhecidos, e trazendo possibilidades do entendimento da sua circulação.
“Nosso laboratório [Laboratório de Biologia Molecular (LaBiMol)] conta com grandes pesquisadores, professores universitários, que se dedicam quase que integralmente, juntamente com técnicos e alunos de iniciação científica, dos mais diversos cursos da área da saúde, para planejamento, elaboração e execução de atividades de pesquisa que poderão ter impacto positivo não só para a comunidade acadêmica, mas para a comunidade de forma geral”, destaca a professora e pesquisadora da UFPB.
Eloiza Campana também sublinha que a Paraíba, desde o início da pandemia de Covid-19, está envolvida em projetos de sequenciamento de genomas do Sars-CoV-2, tendo diversas publicações e sequencias depositadas nas plataformas. No entanto, na concepção dela, a aquisição de um equipamento como este trará novas oportunidades para a UFPB desenvolver mais estudos, trazendo dados importantes sobre a epidemiologia da Covid-19 e de outras doenças em circulação no Estado.
O equipamento foi financiado pelo Grupo Magalu e pelo grupo Mulheres do Brasil, no âmbito de estudo colaborativo de vigilância genética do SARS-Cov-2 entre o LaBiMol, do Centro de Ciências Médicas da UFPB, atualmente coordenado pela professora Eloiza Campana, e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pela professora e pesquisadora Ester Sabino.
Dessa parceria, que conta com cientistas de diversos estados do país, nasceu a Rede de Vigilância Genética e Epidemiológica (SeqVBr), que tem como objetivo promover capacitação técnica dos centros colaboradores do Brasil na utilização de protocolo otimizado de sequenciamento, que viabilizará uma resposta epidemiológica rápida, com menor custo, direcionando os estudos genômicos da evolução pandêmica e de novas epidemias.
Também contribuíram para a obtenção do dispositivo portátil que faz sequenciamento genético os professores da UFPB Naiara Dejani, Vinicius Perez e Eduardo Sérgio Sousa, os técnicos de laboratório Fabrine Hilário e Sandrelli Medeiros e o bolsista de pesquisa Álisson Alves.