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Projeto da UFPB busca prevenir riscos de amputação de pés em pacientes diabéticos

publicado: 12/05/2022 17h01, última modificação: 12/05/2022 17h01
Abordagem educativa visa diminuir o risco de complicações graves em pacientes atendidos pelo Hospital Universitário Lauro Wanderley

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Problemas de circulação nos membros inferiores e infecções são só algumas das alterações que podem ocorrer em pessoas com a diabetes não controlada. A questão se agrava quando as complicações provocam o aumento de feridas que não cicatrizam e podem levar a situações preocupantes, chegando até à necessidade de amputação, em alguns casos.

Essas complicações, quando ocorrem, costumam acometer principalmente os pés, gerando situações como polineuropatia diabética, deformidades no pé e traumatismos. De acordo com o médico e professor Francisco Chavier Vieira Bandeira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), mais de 30% dos pacientes diabéticos desenvolvem uma úlcera nos pés ao longo da vida e 85% das amputações nos diabéticos têm como causa inicial uma úlcera nos pés.  

Por esse motivo é imprescindível a atenção aos casos de “pé diabético”, que é caracterizado por ulceração complicada por infecção e que pode evoluir para amputação. Nesse sentido, um grupo de alunos de medicina, coordenado pelo professor Francisco Bandeira, do Departamento de Cirurgia do Centro de Ciências Médicas da UFPB (CCM), desenvolve o projeto “Intervenção educativa contínua para conscientização da população sobre os cuidados com o pé diabético”.

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Iniciado em 2016, o projeto de abordagem educativa alcança cerca de 100 pacientes do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), por semestre, com orientações sobre os cuidados com os pés dos diabéticos. O professor e os estudantes participantes do projeto realizam visitas aos ambulatórios de endocrinologia e da angiologia e apresentam aos pacientes os métodos preventivos e essenciais, um conjunto de orientações de autocuidado com o pé que visam reduzir o avanço das doenças.

“Uma das principais orientações é sobre como evitar a micose, a exemplo da frieira, entre os dedos, que é uma porta de entrada para infecção e se não tratada, a infecção pode iniciar, ascender e terminar em uma amputação do pé ou da perna, ou até da coxa e, dependendo da evolução, pode até causar a morte do paciente”, exemplificou o professor Francisco Chavier Vieira Bandeira  

Algumas das principais orientações para prevenção e cuidado com os pés-diabéticos é manter a taxa de glicemia sob controle, realizar avaliação anual dos pés, manter os pés sempre limpos, higienizando com água morna, enxugar bem os pés sempre com toalha macia, sobretudo os dedos, para evitar frieiras; hidratar a pele com cremes emolientes, exceto entre os dedos, para evitar proliferação de fungos, evitar meias de tecidos sintéticos, usar meias sem costuras, não caminhar descalço, dentre outros.

O estudante Vitor Barbosa Assis, do 6º período do curso de Medicina, é um dos bolsistas do projeto e explica que as apresentações aos pacientes são realizadas por meio de ilustrações em banners, explicações e entrega de folders informativos. Segundo o aluno, existem diferentes grupos de casos de pés diabéticos que são acompanhados pela equipe, como a neuropatia, que é um quadro neurológico do pé diabético, a isquemia e a infecção do pé diabético.

Para o estudante, um dos grandes desafios da ação é a atenção efetiva aos pacientes com baixos níveis de escolaridade ou que vivam em locais de difícil acesso, o que dificulta a continuidade do tratamento no HULW. “Normalmente, eles desconhecem boa parte dessas informações, dessas orientações que nós passamos. O hospital atende toda Paraíba. Existem muitos pacientes do Sertão que a gente não consegue fazer um acompanhamento integral, mas levando em consideração o baixo conhecimento, com a ação eles passam a ter mais noção em relação a essas informações, então a gente acredita que está conseguindo ajudar”, disse o estudante

A Federação Internacional de Diabetes estimou em 2021 que o Brasil tenha em torno de 16,8 milhões de pessoas portadoras de Diabetes Melitus.  Além de tratar a diabetes de forma adequada, o projeto de intervenção sob os cuidados com o pé diabético reforça aos pacientes a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar por profissionais especialistas como endocrinologista, cardiologista, cirurgião vascular, oftalmologista e nefrologista, além do podiatra, bem como a importância dos cuidados da enfermagem e nutrição para os pacientes.

Vitor Assis conta que participar do projeto, além de ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes, proporciona mais uma oportunidade de formação. “Além disso, a gente faz o acompanhamento toda terça-feira, no final da manhã, vamos ao ambulatório com o professor Chavier e temos a oportunidade de acompanhar consultas de cirurgia vascular. Então, desde o primeiro período que eu estou participando dessa extensão, que é uma ótima oportunidade de ter proximidade com profissionais e de ter um maior conhecimento sobre a realidade dos pacientes”.

Os alunos participantes ainda realizam encontros para orientar outros estudantes da área da saúde sobre a relevância dos cuidados com o pé diabético, realizando encontros, discussões sobre casos clínicos, apresentação de artigos e novos estudos sobre o tema, contando com a orientação do professor. 

O projeto de extensão “Intervenção educativa contínua para conscientização da população sobre os cuidados com o pé diabético” também disponibiliza orientações ao público por meio de publicações no perfil de Instagram.

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Reportagem: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Fotos: Divulgação