Notícias
Projeto da UFPB aplica enfermagem forense para identificar vítimas de violência
Projeto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aplica enfermagem forense para identificar vítimas de violência. Serviço especializado, com protocolos, fluxos e modelos de atendimento e de prontuários, será implantado no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, no bairro Pedro Gondim, em João Pessoa.
Em resumo, a enfermagem forense consiste na aplicação de conhecimentos técnicos e científicos da enfermagem em situações consideradas forenses, que têm a finalidade de não só desvendar crimes, mas tratam de variados assuntos de natureza legal, sobretudo violências, como as domésticas, sexual e contra a pessoa idosa, suicídio, tentativa de suicídio e de homicídio, afogamento etc.
Segundo Rafaella Souto, professora do Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB e coordenadora do projeto, a ideia da iniciativa é proporcionar melhorias no atendimento e na condução dos casos de violência na unidade de saúde, a principal do Estado da Paraíba.
“Os profissionais que farão o atendimento serão os enfermeiros, alguns especialistas em enfermagem forense e outros que irão apoiá-los. Além de implementar, avaliaremos o serviço”, explica a também professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PPGENF) da UFPB.
Também participam do projeto estudantes de graduação, de mestrado e de doutorado e possivelmente em estágio de pós-doutorado. “Ele [o projeto] vai ter como fruto também a formação de recursos humanos”, destaca a coordenadora da iniciativa.
Após quatro anos de desenvolvimento da proposta, neste momento, profissionais do Hospital de Trauma estão sendo capacitados. Rafaella Souto explica que também serão realizadas atividades no Hospital Infantil Arlinda Marques e no Instituto Cândida Vargas, também em João Pessoa e que já têm serviços especializados para identificar vítimas de violência.
“O Cândida Vargas é de atendimento a vítimas de violência sexual e o Arlinda Marques de violência contra a criança. Nesses dois hospitais nós iremos avaliar o serviço que já existe e tentar implementar melhorias. Como existe serviço parecido no Hospital de Trauma, implantaremos do zero. Por isso, a unidade de saúde é o principal foco do projeto”, esclarece a docente.
Na avaliação, serão analisadas oito competências diferentes. “Nós estamos começando com a competência da atuação do enfermeiro forense na violência. Temos índices alarmantes de violência em todos os níveis, em todos os ciclos de vida e todos os tipos de violência”, acrescenta a Profa. Rafaella Souto.
O projeto é financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), com recursos na ordem de R$ 65 mil, que serão empregados em todas as etapas da pesquisa e para a aquisição de materiais.
Além do Hospital de Trauma, o projeto conta com parceria da juíza Anna Carla Falcão, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJ-PB), responsável pela Coordenação de Violência contra a Mulher do tribunal. Os professores e pesquisadores da UFPB Ângela Amorim, Luana Almeida e João Euclides, Diretor do CCS, também colaboram.
“Temos parceria com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), por meio da professora Gabriela Costa, que também é participante da pesquisa. Já temos vários resultados publicados, mas a parte da implementação do serviço e da sua avaliação só a posteriori, porque ainda estamos com o projeto em andamento.
O Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios do mundo e ocupa a posição de oitavo país mais violento do planeta, conforme ranking do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Com 2,7% da população do planeta, respondeu por 20,4% dos 232.676 homicídios registrados em 2020, em 102 países monitorados pelo órgão internacional.
***
Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação