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Professora da UFPB promove debates sobre política internacional africana
O Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) disponibiliza, pelo canal no Youtube, o minicurso virtual "Política Internacional Africana: Debates Contemporâneos".
As aulas serão divulgadas durante o calendário suplementar da UFPB, que vai até o dia 14 de agosto. Elas abrangem seis temáticas: África da Teoria de Relações Internacionais, Integração Regional, Organizações Políticas, Segurança Regional, Direitos Humanos e Movimentos Sociais.
Nesta quinta-feira (23), a aula será sobre a construção do sistema africano de Direitos Humanos, com a professora Aua Baldé, da Universidade Católica Portuguesa.
De acordo com a professora do minicurso, Mojana Vargas, a iniciativa surgiu a partir de pesquisas sobre estudos africanos, no Instituto Universitário de Lisboa, em Portugal, e tem a colaboração do professor da instituição portuguesa Rui Garrido.
“Percebemos a necessidade de ampliar a discussão sobre as Relações Internacionais na e da África. Nosso objetivo foi criar um espaço para o debate da política internacional africana, aliando à oferta de ensino em Língua Portuguesa, que é uma carência em nossa área”, conta Mojana.
A professora da UFPB afirma que a maioria das pesquisas desenvolvidas no Brasil enfoca a política externa do país para o continente africano ou a atuação de outros órgãos internacionais na região africana.
Segundo Mojana, no minicurso da UFPB, há a mobilização de pesquisadoras e pesquisadores de diferentes universidades para permitir o aprofundamento em cada temática específica da política internacional africana.
“Estamos trabalhando com a possibilidade de produzir um livro baseado no curso. Será um produto importante como um material didático que ainda é escasso em nosso país e em outros países de Língua Portuguesa”, argumenta a professora.
Mojana Vargas reforça que existe uma oferta reduzida de disciplinas e discussões relacionadas ao continente africano nos cursos de Relações Internacionais em geral e sinaliza que há, nas instituições, uma demanda reprimida.
“Nesse cenário, elaboramos uma proposta de curso que trouxesse a produção científica mais recente sobre as temáticas africanas. Buscamos uma formação acessível a estudantes de graduação e de pós-graduação, além de outros públicos com interesse no assunto”, destaca a professora.
Recentemente, o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a criação da disciplina obrigatória “Educação para as Relações Étnico-Raciais” em todos os cursos de licenciatura da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE).
Conforme a recomendação do MPF, “já se passaram 17 anos da entrada em vigor da Lei nº 10.639/2003 e aproximadamente 12 anos da Lei nº 11.645/2008. Apesar da grande mobilização de educadores, conselhos de educação, universidades, gestores públicos, movimentos sociais negros, intelectuais e militantes da causa antirracista em todas as instâncias, ainda não foi possível institucionalizar sua implementação”.
Para Mojana Vargas, de maneira geral, as universidades brasileiras estão bastante atrasadas nesse processo e não há um esforço real das instituições em colocar a orientação do MPF em prática.
“Quando muito, as instituições se restringem a cumprir a lei criando o componente. Passar ao oferecimento é algo muito diferente. A Resolução 16/2015 da UFPB prevê a criação dessa disciplina como componente curricular obrigatório, mas a maioria dos cursos de graduação ainda não implantou a decisão, incluindo o meu”, lamenta a professora.
O ensino de "História e Cultura Afro-brasileira e Africana" é obrigatório desde 2004, quando o Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução 01/2004 e instituiu as “Diretrizes Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais”.
“Os avanços existem, mas são ainda insuficientes e ocorrem em um ritmo muito lento. Não há uma percepção evidente de que todos os docentes precisam se envolver nesse debate e não apenas os que estudam relações raciais”, acentua Mojana.
A professora da UFPB acredita que os estudantes precisam ter acesso à discussão e que, independentemente de serem brancos ou negros, todos integram a mesma sociedade e necessitam estar atentos aos problemas de racismo que existem nela.
“Meu curso dá uma contribuição importante ao pontuar como o debate pode ser inserido em uma formação de relações internacionais: a partir de temas dos estudos específicos da área. Esse deveria ser o esforço em todos os campos do conhecimento”, assevera Mojana.
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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB