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Pesquisadores da UFPB mapeiam evolução da Covid-19 na Paraíba

Dados relacionarão dinâmica do contágio à infraestrutura em saúde e indicadores sociais
publicado: 06/04/2020 19h01, última modificação: 06/04/2020 19h01
Primeiro mapa compara áreas com maior concentração de idosos (grupo de risco) e com mais casos confirmados. Arte: Divulgação

Primeiro mapa compara áreas com maior concentração de idosos (grupo de risco) e com mais casos confirmados. Arte: Divulgação

O Núcleo de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) vai mapear a evolução da Covid-19 na Paraíba. A ideia é identificar as regiões que oferecem mais riscos e, assim, planejar políticas de saúde e medidas sanitárias para atenuar os efeitos da transmissão da doença.

O primeiro mapa elaborado pelos pesquisadores compara áreas com maior concentração de idosos (grupo de risco) e com mais casos confirmados. A iniciativa conta com a coordenação dos professores da UFPB Andréa Porto Sales e Eduardo Viana.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, os bairros que registram os maiores números de casos confirmados da doença são Manaíra (três), Miramar (dois), Altiplano (dois), Jardim Cidade Universitária (dois) e Bancários (dois). Além deles, há registros no Aeroclube, Treze de Maio, Tambaú, Tambauzinho, Torre, Cristo Redentor, Jardim Oceania, Geisel e Funcionários.  

Desses bairros, segundo dados do núcleo da UFPB, Cristo, Treze de Maio, Manaíra e Tambaú apresentam altas concentrações de pessoas idosas. Jaguaribe e Mangabeira também, mas ainda não registram casos confirmados.

Segundo o coordenador do núcleo da UFPB, professor Henrique Menezes, serão analisados, nos mapeamentos, infraestrutura em saúde, dinâmica da disseminação do coronavírus e indicadores socioeconômicos e demográficos. “Será um espaço de convergência e compartilhamento de conhecimentos, informações e dados, buscando complementar estudos científicos”, destaca. 

Para a professora Andréa Porto Sales, a subnotificação dos casos na América do Sul tem sido um elemento comum e revela que a privação de assistência à saúde é uma questão de classe e regional.

“João Pessoa tem cerca de 800 mil habitantes. Se 10% tiverem Covid-19, serão 80 mil infectados. Caso 5% dos infectados necessitarem de cuidados especiais, serão 4 mil pessoas. Mas, hoje, em João Pessoa há apenas 322 leitos de UTI, com 200 no sistema público e 122 na rede privada. Isso desnuda a lógica de operacionalização da oferta de serviços de saúde no território sul-americano”.

A professora Andréa afirma que o estudo na UFPB vem analisando a infraestrutura da rede de saúde do estado, de cidades como João Pessoa e Campina Grande.

“Por meio de análises espaciais, georreferenciadas, é possível identificar territórios mais vulneráveis à disseminação da Covid-19. Com populações em condições sociais precárias e propícias para a disseminação do novo coronavírus, além de assistidas por um sistema de saúde mais fragilizado”, argumenta.  

Análises dessa natureza são fundamentais, conta a professora Andréa, para o planejamento de políticas de saúde. “E de medidas sanitárias que possam diminuir os efeitos da transmissão da doença”. 

Ascom/UFPB