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Pesquisadores da UFPB estudam o uso de peptídeos que têm potencial de evitar forma grave da Covid-19

publicado: 07/11/2023 10h33, última modificação: 07/11/2023 10h33
Concessão da carta patente para invenção dos cientistas está em análise no INPI

Referência em depósito de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) registrou, neste órgão, mais uma nova invenção. Desta vez, pesquisadores da UFPB estudam o uso de peptídeos que têm o potencial de serem utilizados no desenvolvimento de testes diagnósticos e vacinais para a Covid-19 e que poderão estimular a produção de novos insumos para prevenção e detecção da doença. 

No estudo, a equipe de cientistas da UFPB observou que os peptídeos dominantes “Pool Spike CoV-2” e “Pool CoV-2” estimularam o aumento da frequência de linfócitos NK – da sigla em inglês ‘Natural Killers’, matadores naturais muito importantes em infecções virais, por terem propriedades de matar as células infectadas – suficiente para que o sistema de defesa funcione harmoniosamente e a Covid-19 não evolua para sua forma mais grave.

A descoberta surgiu durante a realização de experimentos para a pesquisa “Processo de polipeptídeo antígeno de coronavírus da síndrome respiratória aguda grave e sua aplicação”, do Centro de Biotecnologia (CBiotec). Iniciada em 2020 e ainda em andamento, a pesquisa foi supervisionada pela docente Tatjana Keesen Clemente, do CBiotec, em parceria com o Professor José Maria Barbosa Filho, do Centro de Ciências da Saúde (CCS). 

Para desenvolver o estudo, os pesquisadores da UFPB coletaram células do sistema imune de três grupos de voluntários: pessoas que não haviam sido infectadas pelo vírus da Covid-19, pessoas curadas da forma leve da doença e indivíduos recuperados da manifestação grave da enfermidade. 

Essas células foram estimuladas em ensaios laboratoriais com os peptídeos, que foram rastreados pelos pesquisadores por meio da bioinformática e, em seguida, sintetizados e comprados da empresa GenOne, parceira do estudo. Esses peptídeos (ou polipeptídeos, quando há muitos) são estruturas formadas a partir da ligação de dois ou mais aminoácidos – estes, compostos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio que, aos milhares, formam as proteínas. Os peptídeos do estudo são, assim, partes derivadas do vírus da Covid-19 que, sozinhas, não provocam a doença. 

Após a interação com os peptídeos, os pesquisadores observaram, nas células dos voluntários curados da forma leve da Covid-19, níveis mais elevados de NK em comparação com aqueles recuperados da forma grave ou não expostos ao SARS-CoV-2. 

De acordo com a professora Tatjana Keesen Clemente, esses peptídeos podem ajudar a comunidade científica a compreender o comportamento do sistema imune durante a infecção pelo vírus, podendo ter múltiplas utilizações no contexto da Covid-19. Para mais estudos com os peptídeos, a docente explica que é necessário o apoio da iniciativa privada.

“Os peptídeos podem ser empregados tanto para testes vacinais ou de diagnóstico. Para isso, teríamos que estabelecer parcerias privadas que se interessem em testá-los. Por enquanto, esses peptídeos foram testados em ensaios laboratoriais de estímulo às células do sistema imune de indivíduos curados da Covid-19 e agora estamos testando também em pessoas vacinadas”, afirma a docente. 

Equipe da UFPB envolvida no estudo e instituições parceiras

Os experimentos com os peptídeos foram feitos por bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES): Pedro Henrique de Sousa Palmeira, Rephany Fonseca Peixoto e Bárbara Guimarães Csordas. Bárbara também realizou a parte do estudo que envolve a bioinformática, junto a Fernando César Comberlang Q. D. dos Santos, graduando em biotecnologia da UFPB e bolsista de iniciação científica na Universidade.  

Além da CAPES, a pesquisa foi financiada com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), sob coordenação da professora Tatjana Keesen.

Apoio da Inova/UFPB

O depósito da patente no INPI foi feito em março de 2022, mas as informações se tornaram públicas em outubro deste ano, após o período de 18 meses de sigilo exigido pela legislação ter sido finalizado. A concessão da carta patente, documento em que são reconhecidos os direitos exclusivos de propriedade industrial desta invenção, está em análise no Instituto. 

Segundo a diretora-presidente da Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova), professora Kelly Gomes, os peptídeos antígenos do SARS-CoV-2 estudados pelos pesquisadores se somam a outras quatro patentes da UFPB que estão relacionadas, direta ou indiretamente, ao enfrentamento da Covid-19. Ainda conforme a gestora, o apoio da agência aos inventores da Universidade ocorre em duas frentes, externa e internamente. 

“A Inova/UFPB auxilia os inventores durante os contatos e negociações com empresas interessadas, oferecendo apoio na troca de informações confidenciais e na construção de acordos de parcerias, seja para o desenvolvimento da tecnologia, seja para transferência. Além disso, por meio da divulgação tecnológica na mídia e em eventos especializados, a Agência intermedeia o diálogo com o setor produtivo. Internamente, a Inova divulga oportunidades de fomento e captação de recursos”, explica a professora Kelly.

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Texto: Vinícius Vieira
Edição: Aline Lins
Foto: Acervo pessoal de Bárbara Guimarães Csordas
Ascom/UFPB