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Pesquisadores da UFPB criam adoçante com poucas calorias e que inibe formação de cárie e gordura
Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) patentearam adoçante semelhante à sacarose e direcionado especialmente para as pessoas com diabetes. O produto foi criado a partir do álcool açucarado arabitol, extraído do sisal, planta cultivada em regiões semiáridas.
A substância – incolor, cristalina e solúvel em água – possui baixo valor calórico, propriedades contra cáries e benefícios à saúde do consumidor. Os inventores são Lorena Lucena de Medeiros, Flávio Luiz Honorato da Silva, Marta Maria da Conceição, Marta Suely Madruga, Líbia de Sousa Conrado Oliveira, Ângela Lima Menêses de Queiroz e Melania Lopes Cornélio. A patente do adoçante foi solicitada ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
De acordo com Lorena Lucena, pesquisadora responsável pela tese que culminou no produto, o arabitol tem valor calórico menor que outros adoçantes e pode ser utilizado como uma substância natural que proporciona melhor qualidade de vida aos diabéticos.
“Com cerca de 0,2 kcal/g (devido à sua lenta absorção), em comparação com 2,4 kcal/g do xilitol e 4 kcal/g da sacarose, o arabitol é fundamental para os diabéticos. Com ele, não há necessidade de o organismo produzir grandes quantidades de insulina para controlar os níveis de açúcar, devido à sua absorção lenta ou à falta de absorção pelo aparelho digestivo humano”, explica.
Lorena afirma ainda que o produto possui “propriedade anticariogênica, por apresentar o benefício de não sustentar o crescimento de bactérias orais”, e faz parte de açúcares “capazes de reduzir significativamente o tecido adiposo no organismo e de evitar a deposição de gordura no trato digestivo”.
A pesquisadora revela que o sisal é uma planta do Agave, gênero de plantas suculentas da família Agavaceae, originária do México e conhecida por sua fibra dura. “Tem sido tradicionalmente utilizada em indústrias marinhas e na agricultura para fabricação de fios, corda, artesanato, devido à sua resistência, durabilidade, capacidade de estiramento, afinidade com certos corantes e força em água salgada”, conta.
No experimento de Lorena, utilizou-se o bagaço do vegetal para o processo de produção do arabitol. “É similar à bioprodução de xilitol, elaborado a partir da fermentação do licor hidrolisado do sisal por meio de leveduras. A diversificação dos insumos e o aproveitamento de resíduos industriais são opções de fontes alternativas de energia para atender à demanda, de forma sustentável com menos impactos ambientais e agregando valor econômico ao que é produzido”, argumenta.
Ainda não há previsão de comercializar o arabitol, mas Lorena ressalta que as pesquisas têm avançado e vê a oportunidade de venda do produto diante da necessidade do mercado.
“A crescente demanda por alimentos mais saudáveis, como produtos com redução de açúcares, estimula a produção de um edulcorante natural que proporcione ao consumidor (diabético ou não) e às indústrias de alimentos e farmacêuticas alternativa de adoçante com baixa caloria. O consumo excessivo de açúcar é fator de risco para o desenvolvimento da obesidade, além de doenças como diabetes”, acentua.
O Brasil é o quarto país com maior número de diabéticos do mundo, segundo o International Diabetes Federation (IDF). São 12,5 milhões de pessoas afetadas, o que equivale a 7% dos brasileiros, segundo o Ministério da Saúde.
Com o arabitol, podem ser adoçados produtos alimentícios como sucos, refrigerantes, doces, gomas de mascar, iogurtes, geleias e chocolates. Além de se elaborar açúcar com baixas calorias para uso oral como substituto da sacarose e auxiliar na composição de formulações nutricionais, farmacêuticas e cosméticas.
Ascom/UFPB