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Pesquisadoras da UFPB lançam e-book sobre crianças e infâncias na pandemia de Covid-19

publicado: 28/02/2023 15h32, última modificação: 28/02/2023 15h33
Livro é resultado de debates com 35 palestrantes e cerca de 800 participantes

Pesquisadoras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lançaram, nesta segunda-feira (27), e-book sobre crianças e infâncias no contexto da pandemia da Covid-19. O lançamento ocorreu na Sala de Reuniões do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA), no Campus I, em João Pessoa. 

O livro de 213 páginas e dez artigos é resultado de debates online com 35 palestrantes e cerca de 800 participantes, promovidos entre abril de 2020 e dezembro de 2021 pelo grupo de pesquisa Crianças, Sociedade e Cultura (Crias), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Antropologia (PPGA) da UFPB e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Intitulada “Crias extra-muros: ciclo de debates sobre crianças e infâncias durante a pandemia de covid-19”, a publicação foi organizada por Flávia Pires, Mohana Morais e Emilene Sousa, e nasceu da tentativa de manter vínculos com outras pesquisadoras de todo o país e do exterior, como Marina di Napole, do Instituto Superior de Ciências de Saúde (ISCISA), em Moçambique, e Valéria Llobet, da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), na Argentina.

Conforme as organizadoras do e-book, os textos foram produzidos por professores e pesquisadores de diversas regiões do país, apresentando um olhar nacional para as discussões e estudos que envolvem crianças e suas infâncias. Trata-se de uma obra teórica e com dados empíricos, destinada a professores, pesquisadores e entusiastas dos Estudos da Infância.

No artigo intitulado “Registros da festa: sentidos possíveis para o Dia das Crianças numa Ocupação da cidade de São Paulo”, Marcia Aparecida Gobbi, analisando o Dia das Crianças na Ocupação Mauá, diferencia festa de Festa na luta de uma ocupação específica do Movimento de Moradia na Luta por Justiça (MMLJ), demonstrando que a luta é componente da festa e decorre da Festa, “essa luta mais explícita que abre as portas para as demais formas de lutar”, esclarece.

Em “Reflexiones en torno al quehacer etnográfico com niños y niñas”, Andrea Szulc reflete sobre a etnografia com meninos e meninas a partir de uma pesquisa com crianças Mapuche, da província de Neuquén, no Chile e da Argentina, atentando para o que elas fazem, pensam e dizem sobre suas vidas e seus contextos sociais e o reconhecimento de como suas ações impactam sobre o mundo que habitam.

No texto “Entre a maternidade, a maternagem e a mãe: pânico, apelo e apostas teóricas antropológicas”, Rosamaria Giatti Carneiro apresenta os novos contornos do debate emergente nas duas primeiras décadas dos anos 2000, na antropologia brasileira, sobre assistência ao parto, partos humanizados e movimentos de mulheres ao seu redor, que vêm se deslocando da questão do parto para os modos de criar filhos no Brasil contemporâneo, trazendo os modos de maternar para o centro do debate.

As reflexões trazidas por Juliana Siqueira de Lara em “Práticas de cuidado de crianças pelas ruas de uma comunidade do Rio de Janeiro: saber local, proximidade e laços comunitários” se debruçam sobre o tema das práticas de cuidado de crianças.

Em “Criar, saber, transformar: o brincar enquanto foco de pesquisa com crianças ao sul de Moçambique”, Marina Di Napoli Pastore apresenta a compreensão das crianças moçambicanas sobre o brincar e suas relações como atividade significativa para elas e como possibilidade de transformações e reinterpretações de mundos possíveis e horizontes imaginativo.

No capítulo intitulado “Infância (s), resistência e cultura: recorte de uma pesquisa sobre e com crianças do e no campo”, Rayffi Gumercindo Pereira de Souza e Fernanda de Lourdes Almeida Leal partem da interseção entre a Pedagogia, a Antropologia e a Sociologia da Infância para analisar questões ético-metodológicas em pesquisa com criança.

Em “Infância, cuidado e construção de redes: reflexões a partir de ausências e visibilidades do contexto pandêmico”, Aline Regina Gomes mostra reflexões desenvolvidas nos primeiros seis meses da pandemia da Covid -19.

O capítulo “A primeira coisa que eu espero é que ele seja feliz lá”: narrativas de mulheres-mães e apostas para a educação infantil”, de Nazareth Salutto, Fernanda Ferreira Montes e Tayuana Caroline Gomes de Souza Barcala, tem por objetivo escutar diferentes atores sociais – mulheres (grávidas, puérperas, mães), pais, famílias e outros responsáveis pelo cuidado, provisão e acolhimento de crianças de até três anos de idade, com o intuito de compreender suas concepções sobre ser criança, desde que são bebês, bem como apostas e sentidos no que tange à escolha (ou não) pela educação compartilhada das crianças com a Educação Infantil.

Em “Grandes Obras na Amazônia pela Ótica de Crianças e Adolescentes”, Assis da Costa Oliveira analisa, por meio de grupos focais, o que as crianças e adolescentes têm a dizer sobre as grandes obras na Amazônia, especificamente os empreendimentos hidrelétricos e portuários de Altamira e Itaituba, no Pará; e de Porto Velho e o seu distrito de Jaci-Paraná, em Rondônia.

Encerrando a obra, é apresentado o capítulo 10: “CRIAS Extra-muros pelo CRIAS: micro-histórias sobre as aprendizagens que marcam”. A seção reúne micro-histórias escritas pelas integrantes do Crias sobre a experiência/vivência durante as três edições do projeto Extramuros, inspiradas no trabalho realizado por Soraya Fleischer e suas colaboradoras Barbara Marques, Raquel Lustosa e Thais Valim.

O e-book tem prefácio de Léa Tiriba, revisão de Camilla Iumatti Freitas e Laís Cabral Neckel, projeto gráfico e capa de Marcus Marinho e fotos de Marcia Aparecida Gobbi, Rayffi Gumercindo Pereira de Souza e Fernanda de Lourdes Almeida Leal Assis Oliveira.

Editado pela Editora da Universidade Federal do Maranhão (EDUFMA), teve impressão, com revisão, diagramação, criação de capa e editoração, financiada com recursos do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS) da UFPB e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais (PPGCSOC) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).