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Pesquisadora da UFPB desenvolve pomada com potencialidade antifúngica
A pesquisadora Danielle de Nóbrega Alves, do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (PPNSB) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), está desenvolvendo uma pomada antifúngica para tratamento de estomatite protética. O estudo, iniciado em 2018, registrou resultados positivos na redução da carga fúngica em avaliações realizadas nos ensaios clínicos.
A estomatite protética é um processo inflamatório que se desenvolve em pacientes que utilizam próteses totais removíveis (dentadura) com a presença de áreas avermelhadas no palato duro (“céu da boca”). O estudo faz parte da Tese de Doutorado da pesquisadora Danielle Alves, defendida em 2021, sob a orientação do Prof. Ricardo Castro, do Centro de Ciências da Saúde (CCS).
O projeto começou com testes in vitro, em laboratório, utilizando cepas fúngicas. Após a comprovação da atividade antifúngica do princípio ativo, foram feitos testes de segurança em células (eritrócitos), modelos de animais invertebrados (larvas da Galleria mellonella) e vertebrados (peixe-zebra e camundongos).
Depois dessa etapa, o processo de testagem passou para avaliações in vivo, com testes de segurança e tolerabilidade na mucosa oral de ratos de forma similar à que seria aplicada em pacientes humanos. Comprovado que a pomada não irritou a mucosa animal, foi feito o teste de ensaio clínico Fase I com seres humanos saudáveis e sem inflamação e infecção fúngica na cavidade oral.
Os resultados demonstraram que a pomada, além de não inflamar a mucosa íntegra, também conseguiu reduzir a carga fúngica presente na boca dos pacientes. De acordo com a pesquisadora, o estudo é de grande valia na aplicação prática tendo em vista a promoção do desenvolvimento de novos fármacos que poderão ser inseridos no mercado.
“A quantidade de medicamentos disponíveis, atualmente, para a área odontológica é limitada e a crescente resistência fúngica, em paralelo, vem crescendo substancialmente”, explicou Danielle. No momento, o projeto está no ensaio clínico Fase II, etapa em que a pomada é testada em pacientes que apresentam estomatite protética.
A pesquisa teve apoio de recursos do Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, o que proporcionou as condições de produção das pomadas utilizadas no ensaio clínico.
“A UFPB deu apoio de infraestrutura com laboratórios modernos, biotério com animais em condições adequadas, os quais passam por rigoroso controle por meio de um corpo técnico veterinário”, pontuou Danielle sobre o suporte oferecido pela Universidade para o desenvolvimento do estudo.
Em 2020, a nova tecnologia teve seu pedido de patente depositado e aguarda avaliação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
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Reportagem: Mariani Idalino
Edição: Aline Lins
Foto: Angélica Gouveia