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Pesquisador da UFPB estuda transnacionalização do PCC e Família do Norte
O projeto "Atores não-estatais violentos como desafios à paz sul-americana: uma análise comparada do Primeiro Comando da Capital e da Família do Norte" do professor Marcos Alan Ferrreira, da Pós-Graduação em Gestão Pública e Cooperação Internacional (PGPCI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta a desigualdade e a violência estrutural como desafios para a paz sul-americana.
De acordo com o professor Marcos Alan Ferreira, o objetivo da pesquisa é explorar a atuação além do território nacional do Primeiro Comando da Capital (PCC) e da Família do Norte (FDN), dois grupos não-estatais violentos surgidos no contexto carcerário brasileiro.
“A segurança internacional hoje não é só ameaçada pela guerra tradicional entre países. Pessoas que se organizam para concretizar objetivos materiais e políticos, utilizando-se da violência nesse intuito, estão entre as ameaças para a paz. Temos grupos terroristas, guerrilhas e, por fim, organizações criminosas”, destaca o pesquisador.
A pesquisa de Marcos Alan Ferreira cobre o período de 2006 a 2020, analisa fontes documentais do governo e entrevistas com oficiais dos setores de segurança pública no país.
“No Brasil, este tema ganha importância, pois há organizações criminosas que são atores não-estatais violentos de natureza transnacional. Elas atuam no Brasil e em países vizinhos, assim como na África, América do Norte e Europa”, enfatiza.
Para o professor, os resultados da pesquisa podem auxiliar na compreensão dos desafios de pacificação social e na interpretação do fenômeno do crime organizado surgido no sistema prisional do país.
Estudos para a Paz
Segundo Marcos Alan Ferreira, os Estudos para a Paz podem ser entendidos quando se quer examinar a espiral da violência gerada por fenômenos sociais como o crime.
“É fundamental lidar com as estruturas da sociedade que alimentam a violência. No caso das organizações de crimes na América Latina, essas contradições envolvem um contexto permanente de desigualdade, preconceito e pobreza. Portanto, não só a violência direta deve ser transcendida, mas também a estrutural e a cultural”, endossa o professor.
A pesquisa "Atores não-estatais violentos como desafios à paz sul-americana: uma análise comparada do Primeiro Comando da Capital e da Família do Norte" foi consagrada como uma das mais relevantes do país e obteve a bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) este ano.
“Em um momento de escassos recursos para pesquisa, receber o apoio para este tema é um alento para os acadêmicos preocupados em entender temas sociais que nos impacta diretamente”, celebra Marcos Alan Ferreira.
Jonas Lucas Vieira | Ascom/UFPB