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Pesquisador da UFPB desenvolve aplicativo móvel para pessoas com deficiência visual fiscalizarem obras públicas

Com o nome de BlindHelper App, a ideia é garantir acessibilidade ao sistema Obras 4D do TCE-PB
publicado: 14/01/2020 17h19, última modificação: 14/01/2020 17h43
Trabalho foi realizado no Centro de Informática, em João Pessoa. Crédito: Divulgação

Trabalho foi realizado no Centro de Informática, em João Pessoa. Crédito: Divulgação

O pesquisador Silas Iudi de Oliveira Santos, do Programa de Pós-Graduação em Informática (PPGI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desenvolveu um aplicativo móvel para pessoas com deficiência visual terem acesso à fiscalização de obras públicas.

A ideia visa garantir acessibilidade ao sistema Obras 4D, desenvolvido pelo Laboratório de Aplicação de Vídeo Digital (Lavid) da UFPB para o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB).

Com a dissertação “BlindHelper App: aplicativo móvel para acesso por pessoas com deficiência visual a sistemas multimídia com mecanismos de Realidade Aumentada”, o estudante afirma que buscou “oferecer uma abordagem de acessibilidade aos sistemas de realidade aumentada, cuja utilização para pessoas com deficiência visual é praticamente impossível”.

Por meio do dispositivo, Silas Iudi faz com que o conteúdo do sistema Obras 4D seja absorvido pelas pessoas com cegueira ou baixa visão. Elas podem captar pelas mãos o marcador na tela e a aplicação configurada no sistema oferecerá opções de “visitar” as obras públicas para saber em qual situação elas se encontram.

“O usuário movimenta seu smartphone para cima ou para baixo para navegar entre as opções. E para a direita, ou para a esquerda, visando confirmar ou desistir da ação de ouvir o conteúdo daquela opção”, explica o pesquisador.

Isso é possível porque o aplicativo capta os movimentos através de um acelerômetro no dispositivo móvel e oferece as opções via audiodescrição, realizando vibrações para afirmar ao usuário que a ação dele foi assimilada.

Interatividade

O BlindHelper possibilita que o indivíduo interaja com o sistema Obras 4D por meio de um mapa da Paraíba, onde as pessoas com deficiência visual utilizam óculos de realidade aumentada para encontrar as obras existentes no estado. Com isso, “passeiam” por vistas aéreas captadas de drones (aeronaves remotamente pilotadas), movendo-se em todas as direções, e podem fiscalizar a execução das obras públicas.

“As interações são todas baseadas em movimentar o smartphone com a mão, não há touch screen (tela sensível ao toque). Com isso, há um diferencial para sanar a possível dificuldade de usuários cegos ou com baixa visão em manusear telas touch. Em trabalhos futuros, também pode haver a opção de utilização por comando de voz”, destaca Silas Yudi.

De acordo com o pesquisador, existem usuários que não possuem destreza ou costume em utilizar dispositivos móveis com tela touch, pois ela “obriga o usuário a clicar exatamente sobre um ponto específico da tela para realizar ações, como botões e rolagem”. Com o aplicativo, há opção sem touch para quem preferir, pois os recursos do BlindHelper App – como o acelerômetro, a vibração e o áudio – oferecem essa possibilidade.

Além disso, Silas Yudi acentua que o HelperBlind traz uma nova abordagem de pesquisa na área de acessibilidade em dispositivos móveis que ainda não é tão popular.

“Não me refiro à audiodescrição como feedback (retorno), pois já é consolidada. Mas ao acelerômetro como captador da ação do usuário na aplicação”, pontua.

Testes

O HelperBlind foi criado apenas como um modelo restrito para servir de acessibilidade ao sistema Obras 4D. No entanto, afirma Silas Yudi, é possível configurá-lo para diversos sistemas que fazem uso de realidade avançada tecnologicamente e disponibilizá-lo para distintos usuários.

“Por se tratar de protótipo, testamos apenas com um usuário cego. Ele gostou da iniciativa e sugeriu melhoras na configuração do modelo, como ajustar a sensibilidade da captação dos movimentos (estava muito sensível) e acelerar a fala (estava muito devagar)”, ressalta o pesquisador.

Para Silas Yudi, a expansão do aplicativo HelperBlind é uma realidade possível com custos baixos e atenderia a diversas necessidades da população com deficiência visual.

“Os custos seriam baixos por ficarem restritos à contratação de pessoal para trabalhar em código. A aplicação é instalada no smartphone do próprio usuário final e já contém os dispositivos necessários (câmera, vibrador, acelerômetro e fones). Uma vantagem para o usuário final, pois não precisaria comprar dispositivos a mais”, enfatiza.

Jonas Lucas Vieira | Ascom/UFPB