Pesquisa da UFPB constata efeitos benéficos de formulações capilares contendo extrato de algaroba

A algaroba (Prosopis Juriflora), uma planta leguminosa de fácil adaptação ao clima semiárido do Sertão nordestino, revelou-se promissora para uso na indústria cosmética, especialmente no desenvolvimento de produtos capilares. É o que mostra uma pesquisa realizada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e premiada recentemente no 35º Congresso Brasileiro de Cosmetologia, realizado em junho deste ano na cidade de São Paulo. 

Conduzida pelos alunos Maria Luísa de Sá Freire e Arthur Henrique Ferreira Campos, do curso de Engenharia Química da UFPB, e com orientação da Professora Melânia Lopes Cornélio, do Centro de Tecnologia (CT/UFPB), a pesquisa ‘Efeitos benéficos de composição capilar contendo extrato de algaroba’ conquistou o segundo lugar na categoria e-poster (pôster em painel digital), tendo concorrido com projetos de outras universidades públicas e de empresas. 

No estudo da UFPB, os pesquisadores primeiramente realizaram experimentos a fim de verificar a aplicabilidade do extrato de algaroba (nome científico: Prosopis juliflora), em diferentes concentrações, em formulações cosméticas como shampoos e condicionadores. 

Uma vez comprovada a aplicabilidade, os shampoos e condicionadores contendo extrato de algaroba foram, em seguida, testados em amostras de cabelos cacheados. Nesta segunda fase da pesquisa foram avaliados a penteabilidade, a tensão dos fios e o brilho. Todas as etapas foram realizadas no Laboratório de Tecnologia Cosmética do CT, localizado no Campus I da UFPB, em João Pessoa. 

“Observou-se que o extrato de algaroba possibilitou, em ordem crescente de concentração, a melhora na resistência à quebra, alinhamento e brilho, além de maior facilidade de penteabilidade dos fios tratados com o extrato da planta em relação às amostras em que não foram utilizados os produtos de algaroba. Podemos considerar que o extrato da algaroba é um ativo promissor para tratar os cabelos do tipo 3B cacheado”, explica a professora Melânia Lopes Cornélio. 

Ainda segundo a docente, a descoberta pode também ser promissora do ponto de vista econômico e científico, já que a demanda por cosméticos com componentes naturais é crescente. “É uma oportunidade para trazer inovação para o setor de cuidados com os cabelos e desenvolvimento de novos produtos com ativos encontrados na flora da região”, afirma a pesquisadora. 

O pedido de patente das composições capilares já foi depositado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e ainda se encontra em análise no órgão. 

Outro produto contendo a algaroba em sua composição - um sabonete em barra - também foi desenvolvido a partir de pesquisas coordenadas pela professora Melânia Lopes Cornélio e contou com a parceria de Clóvis Gouveia, servidor técnico-administrativo da UFPB e doutor em engenharia de processos. O INPI concedeu carta patente a esta invenção, que poderá ser explorada comercial e exclusivamente pelos pesquisadores por um prazo de até 20 anos, contado da data do depósito, que ocorreu em 2017. 

Apoio a inventores na UFPB

A Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova) é o órgão responsável por auxiliar e realizar a proteção intelectual das tecnologias desenvolvidas por professores, técnicos e estudantes da UFPB, atuando também na incubação startups de discentes da Universidade, na transferência tecnológica para exploração comercial de empresas e no pagamento dos royalties à UFPB e seus inventores. 

Para a Diretora-Presidente da Inova, Profa. Kelly Gomes, a atuação do órgão é estratégica e valoriza a comunidade acadêmica, já que, com a aproximação da academia e do mercado promovida pela Inova, as tecnologias desenvolvidas na UFPB podem chegar à população, favorecendo toda a sociedade. 

“Totalmente apoiados pela gestão, estamos realizando parcerias com empresas para elevar a maturidade das tecnologias protegidas pela UFPB, por meio de editais de captação de recursos, bem como por meio das startups da instituição. Esse diferencial faz com que a UFPB se destaque neste cenário”, conta a Diretora. 

Além das iniciativas relatadas pela Profa. Kelly Gomes, o Diretor de Transferência e Licenciamento Tecnológico (DTLT) da agência, Raphael Beirigo, acrescenta que a Inova também atua por meio da promoção de acordos de cooperação técnica para apoiar os inventores da UFPB.