Pesquisa da UFPB avalia se remoção da tireoide altera voz e deglutição

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizam avaliação, por meio de formulário on-line, para subsidiar análise da deglutição e da voz de pacientes que irão fazer ou já fizeram tireoidectomia.

O procedimento cirúrgico visa a remoção da tireoide, glândula endócrina localizada na região do pescoço e responsável pela produção de hormônios como tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que estimulam o metabolismo e afetam o aumento e a taxa funcional de muitos outros sistemas do corpo humano.

O trabalho faz parte da dissertação da pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Modelos de Decisão e Saúde da UFPB, Ana Flávia Cândido, e tem orientação dos professores Leandro Pernambuco e Josemar Pereira.

De acordo com a pesquisadora Ana Flávia, a iniciativa do formulário on-line surgiu para acessar pessoas de vários lugares do país e busca fazer uma análise fatorial da versão em português brasileiro do Thyroidectomy-Related Voice Questionnaire (TVQ), que é uma ferramenta de triagem para detectar disfunção vocal após a cirurgia da tireoide.

“É um questionário de avaliação de deglutição e voz simples sobre queixas gerais de voz, sintomas relacionados ao refluxo laringofaríngeo, paralisia das cordas vocais e alterações na deglutição associadas à tireoidectomia”, explica Ana Flávia.

Segundo a pesquisadora da UFPB, estudos indicam que 80% dos indivíduos que fizeram procedimento cirúrgico na tireoide relataram pelo menos um sintoma relacionado à deglutição e 28,3% dos pacientes apresentaram paralisia de pregas vocais, que causa mudança na voz.

“O objetivo do nosso estudo é validar um questionário de avaliação de deglutição e voz. Alterações podem aparecer antes da cirurgia e os sintomas mais referidos são: pigarro após deglutir, esforço para deglutição, engasgo, garganta seca, pigarro e coceira na garganta. No pós-operatório, temos: rouquidão, fadiga, pigarro e sensação de bolo na garganta”, afirma Ana Flávia.

Para a pesquisadora da UFPB, é importante o acompanhamento dos pacientes antes e após a cirurgia. Serão avaliados, na pesquisa de Ana Flávia, os casos de pacientes com idade igual ou superior a 20 anos e sem alterações neurológicas.

“O questionário TVQ poderá auxiliar no acompanhamento desses pacientes, servindo como triagem para verificar a integridade das funções de voz e fala. Dessa forma, poderemos fazer com que a piora dos casos seja evitada”, argumenta.

O grupo de pesquisadores pretende obter uma validação nacional para o questionário TVQ, que só recentemente passou por uma tradução para o português e não é de origem brasileira. A pesquisa da UFPB almeja trazer para o Brasil um questionário traduzido para o idioma nacional e validado. 

A equipe do estudo de Ana Flávia acredita que uma boa amostra, entre 150 e 200 respostas para o formulário on-line, poderá atingir o intuito do grupo. Mais informações podem ser obtidas através do perfil do Laboratório de Deglutição e Disfagia da UFPB no Instagram.

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Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB