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Pesquisa da UFPB aponta diminuição do teor de lipídios no leite caprino com a inserção de glicerina bidestilada na alimentação animal

publicado: 13/04/2022 12h13, última modificação: 13/04/2022 17h03
Além dos resultados no leite de cabra, a inserção da glicerina bidestilada também causou mudanças em subprodutos do leite, como é o caso do queijo

Um trabalho realizado por pesquisadores do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), localizado no município de Bananeiras, apontou que o teor de lipídio do leite caprino pode ser reduzido com a inserção da glicerina bidestilada na alimentação dos animais.

Ao final da pesquisa, que foi realizada entre os anos de 2016 e 2020, além de produzir um leite com menos gordura, a inserção da glicerina bidestilada na dieta dos animais proporcionou alterações sensoriais e impactos positivos para a produção de pequenos ruminantes, como explicou o professor George Rodrigo Beltrão da Cruz, diretor do CCHSA e coordenador da pesquisa.

A crescente produção do biodiesel no país causa um aumento natural na oferta da glicerina, enquanto o clima semiárido de boa parte da região Nordeste, muitas vezes, dificulta a produção agrária de forrageiras e milho para alimentação de cabras. De acordo com George Beltrão, os pesquisadores avaliaram o efeito da substituição do milho como fonte de energia das cabras por glicerina bidestilada, resíduo industrial do biodiesel, visando baratear o custo da produção e manter a qualidade do leite e queijo caprino.

Para a pesquisa, foram utilizadas cabras multíparas, que podem dar à luz a mais de um filhote ao mesmo tempo, da raça Saanen. Os animais foram mantidos em um sistema de confinamento por 60 dias, alojados em galpão aberto em baias individuais. As cabras foram distribuídas de acordo com os níveis de inclusão do resíduo de glicerina bidestilada na dieta. As dietas foram ajustadas para atender às necessidades preconizadas para cabras em lactação com produção de 2,0 kg de leite ao dia e 4% de gordura.

Durante a pesquisa, os animais foram alimentados com grãos de milho moído, farelo de soja, suplemento vitamínico mineral, feno de tifton e glicerina bidestilada nas diferentes concentrações de 0%, 6%, 12% e 18%, em substituição ao milho nas dietas. “Então os pesquisadores realizaram um ensaio de digestibilidade, estudo de parâmetros sanguíneos, avaliação da produção de leite e eficiência alimentar, além do estudo das características físico-química, microbiológicas e sensoriais do leite e do queijo caprino”, explicou George Beltrão.

Participaram do trabalho os pesquisadores George Beltrão, Roberto Germano Costa, Edvaldo Mesquita Beltrão Filho, Aécio Melo de Lima, dentre outros. Para o professor George Beltrão, a pesquisa tem o diferencial de propor uma utilização de um resíduo industrial para a produção de alimentos, o que incentiva o pensamento sustentável nessa área.

Além dos resultados no leite de cabra, a inserção da glicerina bidestilada também causou mudanças em subprodutos do leite, como é o caso do queijo, no qual ocorreu uma melhoria no perfil lipídico, que seria a qualidade da gordura. Esse resultado refletiu na tendência de melhoria da qualidade do queijo.

De acordo com diretor do CCHSA, as pesquisas sobre o leite de cabra e a qualidade do queijo com a inserção da glicerina bidestilada na alimentação dos animais continuam. “Fizemos estudo da gordura e há indicativos de melhoria de lipídeos importantes para saúde humana, a importância da pesquisa está na possibilidade de utilização de uma fonte de energia alternativa em substituição a um alimento nobre na alimentação humana e novos artigos deverão ser publicados em breve pela equipe do CCHSA”, afirmou o Prof. George Beltrão.

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Reportagem: Elidiane Poquiviqui
Edição: Aline Lins
Fotos: Aécio Melo de Lima