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Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular da UFPB preserva acervo da cultura paraibana
Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) a cultura popular paraibana e brasileira têm um local próprio para valorização, pesquisa e memória. Ao entrar no Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (Nuppo) o visitante emerge na variação multicultural paraibana, retratadas nas peças de cerâmica, esculturas, candeeiros e lamparinas, brinquedos tradicionais, artesanato, gravuras, ex-votos, babaus, artefatos da cultura indígena, representações religiosas cristãs e de matriz afro-indígenas, entre outros itens que compõem as exposições do Museu da Cultura Popular.
Além do museu, o Nuppo, que é vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (Proex), abriga o Arquivo de Cultura Popular e a Biblioteca de Cultura Popular Altimar Pimentel. “A Proex, como executora da Política de Arte e Cultura da UFPB, reconhece que o Nuppo tem sido, ao longo dos anos, difusor da cultura popular paraibana, por meio dos acervos vinculados ao museu, à biblioteca, além dos eventos, ações de extensão e de pesquisa”, pontuou a Pró-reitora de Extensão, Profa. Berla Moreira de Moraes.
De acordo com a Profa. Bernardina Freire, docente do Departamento de Ciências da Informação e Vice-coordenadora do Nuppo, o Nuppo é um serviço com 43 anos de existência que atende à sociedade e à comunidade acadêmica, com o objetivo de preservar a memória da cultura popular e dos produtores. “Ou seja, nós temos aqui a memória da artesã Maria dos Bichos, a memória do folclorista Altimar Pimentel, são pessoas que trabalharam e viveram a cultura popular”, explicou a Profa. Bernardina.
O Museu da Cultura Popular recebe exposições permanentes e temporárias. Anualmente ocorrem exposições temáticas como a de brinquedos artesanais, brinquedos populares, Semana Santa, carnaval, a exposição interativa de festejos juninos e a mostra de festejos natalinos.
Já a exposição permanente é feita a partir de uma amostra de todos os artistas que fazem parte do acervo do Nuppo. Assim, o visitante pode conhecer um pouco do trabalho de cada um, desde objetos utilitários tradicionais da cultura paraibana, xilogravuras, até grandes nomes da cultura popular.
Uma quadrilha toda em bonecos de pano, uma sela de couro especial para damas, xilogravuras, a via crucis em peça de barro e pinturas em telhas dos orixás das religiões de matriz africanas são alguns dos itens históricos disponíveis no Nuppo e que refletem a cultura e a criatividade do povo paraibano.
O Núcleo também promove eventos no mês da cultura popular, em agosto, e faz a intermediação para participação de artistas e artesãos locais durante eventos acadêmicos na UFPB.
O Museu da Cultura Popular do Nuppo fica aberto à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Para visitação em grupo é recomendado o agendamento prévio pelo telefone 3216-7069. Pode-se, inclusive, solicitar acesso à uma coleção específica, conforme explica a Profa. Bernardina.
“Por exemplo, se for um grupo de crianças a gente tem que abrir um pouco mais de espaço. Se são pessoas adultas, pedimos que nos seja avisada com antecedência a finalidade da visita, porque, ao depender da finalidade, a gente monta o acervo de forma mais específica, monta uma exposição com estratégia para que o acervo venha a público”, explicou Profa. Bernardina Freire.
Arquivo Cultural
Fotos, entrevistas em áudio e vídeo com artistas e produtores culturais; mais de 2 mil registros da cultura popular em peças de slides, acervo de contadores de histórias populares em áudio, são apenas alguns exemplos dos documentos e registros que compõem o arquivo do Nuppo.
No Arquivo Cultural é possível encontrar registros de manifestações culturais de todas as cidades da Paraíba, como a nau catarineta de Cabedelo e de Areia, o cavalo marinho de Bayeux, dança do coco de Forte Velho, Cavalhada em Itabaiana e outras raridades.
“Aqui no Nuppo o pesquisador vai encontrar acervo de contadores de histórias populares, a exemplo de Luzia Tereza, a peças de Tota, de Maria dos bichos. Da xilogravura ao trabalho com barro, da peça ricamente produzida com uma estética centrada a um carrinho de rolimã, então tem aí uma possibilidade enorme de conhecimento dessa cultura popular”, disse a docente.
Além dos registros culturais, o arquivo do Nuppo guarda, ainda, pesquisas e dados científicos frutos de trabalhos desenvolvidos por pesquisadores associados ao Nuppo, como por exemplo o mapeamento da prática de culinária regional que se praticava em cada bairro de João Pessoa, na década de 70, dados da vida e obra de poetas populares, arquivos relacionados ao cinema, às expressões musicais, etnomusicologia e mais.
No Arquivo do Nuppo também estão preciosidades como as narrativas orais e transcritas de Luzia Tereza, da cidade de Guarabira, considerada a maior contadora de histórias da América Latina, ainda que não soubesse ler ou escrever.
Assim, o Nuppo é um grande celeiro que tem uma riqueza documental disponível para pesquisadores em todos os níveis, do graduando ao pós-doutorando, quer seja paraibano, pessoense, nordestino, brasileiro ou estrangeiro, a exemplo da parceria que o Nuppo já tem com pesquisadores franceses interessados em conhecer melhor a cultura popular nordestina.
Biblioteca Altimar Pimentel
Folhear as páginas de um dos mais de 8 mil cordéis da biblioteca do Nuppo é um momento de conhecer outra riqueza cultural. A Biblioteca Altimar Pimentel oferece aos pesquisadores e visitantes uma vasta bibliografia especializada nas manifestações culturais populares.
O espaço guarda, por exemplo, acervos dos mais diversos tipos de literatura de cordel, sendo muitos destes itens raros da literatura popular, dificilmente encontrados em outro local. O acervo de cordel do Nuppo apresenta diversidade temática e engloba cantoria, pelejas, cangaço, religiosidade, fatos políticos, do cotidiano, obras de autores consagrados e de novos autores.
“Nós temos, por exemplo, o “Vale das borboletas” de Abraão Batista, um cordel raríssimo; “História da donzela Teodora” de João Martins de Ataíde, que é muito famoso, o cordel do “Pavão Misterioso” que já gerou versões na TV, cinema, teatro; são cordéis únicos, que aqui estão, separados tematicamente para viabilizar o pesquisador na consulta. E são cordéis que não podem ser emprestados, mas estão aqui disponíveis para consulta”, explicou a Profa. Bernardina Freire.
Além dos cordéis, o acervo bibliográfico do local é composto de livros, periódicos, xilogravuras, folhetos, teses, recortes de jornais e inclui obras raras editadas no Brasil e no exterior, tudo relacionado à cultura popular. Abriga também pesquisas de cunho etnográfico sobre contos populares em cidades da Paraíba.
Próximas exposições
Para o mês de setembro o Nuppo prepara uma nova exposição temática: Chamas da Cultura. Ela contará com a mostra de peças de uma coleção de candeeiros e lamparinas, uma memória da cultura popular na Paraíba. Além disso, o Nuppo também planeja a retomada da feira de artesanato popular no Centro de Vivências da Universidade.
O espaço do Nuppo também está aberto para realização de lançamento de livros, desde que tratem de temas ligados à cultura; e para a realização de eventos. Informações adicionais sobre as atividades do Nuppo podem ser acessadas no Perfil de Instagram @nuppo_ufpb