Notícias
Filme dirigido por professor da UFPB estreia em Festival na cidade de Ouro Preto, em MG
Na próxima sexta-feira (24), o filme “Confissões Documentais”, dirigido pelo professor Lúcio Vilar, do Departamento de Mídias Digitais da UFPB, será exibido pela primeira vez na 17ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP).
O documentário retrata a visita do cineasta mineiro João Batista Andrade, radicado em São Paulo, ao diretor de “Aruanda”, Linduarte Noronha. Na ocasião, um dia após homenagem do então recém-criado Fest Aruanda, os documentaristas se encontraram pela primeira e única vez. O encontro foi documentado por três câmeras mini-DV, desde o momento em que o anfitrião Linduarte recebe o convidado no portão de sua residência, no bairro dos Ipês, em João Pessoa.
O material foi guardado a sete chaves durante todo esse tempo pelo professor Lúcio Vilar, que também é diretor do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, promovido pela produtora Bolandeir@rte&Films em parceria com o Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) e Reitoria da UFPB. Vilar foi o responsável por registrar o momento que, passados quinze anos da visita de João Batista a Noronha, em João Pessoa, foi transformado em filme, que terá sua primeira exibição pública dentro da programação da 17ª CineOP.
“É uma honra que a estreia de ‘Confissões Documentais’ seja na Mostra de Cinema de Ouro Preto, pela singularidade desse festival voltado à memória e a preservação audiovisual. O evento põe em evidência questões intimamente relacionadas com o conteúdo desse documentário, daí que não poderia ter janela mais adequada para a estreia”, disse o diretor Vilar sobre a seleção do curta-metragem viabilizado através de recursos da Lei Aldir Blanc-PB, edital Margarida Cardoso da Secretaria de Cultura da Paraíba.
Perguntado sobre o título (‘Confissões Documentais’), ele justificou a escolha pelo tom confessional’ do diálogo entre os cineastas. “Aqui e ali tem uma fala reveladora, uma declaração que não haviam feito antes, e, afinal, são dois documentaristas, o que acabou caindo como uma luva tal caracterização”, explicou. O próprio João Batista, que assistiu em primeira mão ao filme logo que foi montado, concordou.
“Gostei do título, sim. É raro uma conversa assim sobre caminhos diversos na realização de documentários. As pessoas assistem aos filmes, não sabem como cada cena foi captada. São as assinaturas pessoais dos documentaristas”, reiterou.
Sobre a importância de filmes com esse perfil, de valorização das trajetórias profissionais de dois nomes do documentarismo brasileiro e latino-americano, João Batista declarou:
“Estávamos vivos, os dois. E com uma vivência enorme como documentaristas. Feliz a ideia de também documentar”, destacou. Perguntado sobre o simbolismo da única vez em que dialogou, pessoalmente, com Noronha, ele resumiu com a palavra ‘emoção’. E completou:
Tantos anos depois de conhecer a pessoa que havia realizado aquele filme. E justamente quando nós, do ‘Grupo Kuatro’ de cinema da USP (Ramalho, José Américo e eu) filmávamos nosso primeiro documentário, sobre a população miserável de catadores do maior lixo de São Paulo. Filme, aliás, que nunca terminamos. Ver ‘Aruanda’ era um alento ao cinema documentário. E certamente nos inspirava. Ver o realizador, Linduarte Noronha, mais de quatro décadas depois, foi como conhecer uma das principais influências em minha carreira como documentarista. Uma lição de cinema livre, cru, sem maquiagem, mostrando que o belo está na persistência humana diante do desafio de viver, e viver como ser social”.