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Exposição a conteúdo violento nas redes sociais aumenta agressividade online, indica estudo da UFPB

publicado: 01/12/2025 09h45, última modificação: 01/12/2025 09h48
Pesquisadora da UFPB venceu prêmio nacional com estudo sobre comportamento agressivo nas redes sociais

Exposição a conteúdo violento nas redes sociais aumenta agressividade online, indica estudo da UFPB

Um trabalho de pesquisa desenvolvido pela mestra e doutoranda em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Isabella Leandra Silva Santos foi agraciado no Prêmio Profissional Sylvia Leser de Mello, com o 1º lugar na categoria Experiências ou produtos derivados de trabalhos realizados em cursos de especialização ou de mestrado. O reconhecimento foi concedido ao trabalho “Investigando impactos psicológicos das redes sociais: apresentando uma ferramenta de simulação”, desenvolvido sob orientação do professor Carlos Eduardo Pimentel e derivado da dissertação de mestrado da aluna. A premiação ocorreu no último dia 21,  na Universidade Católica de Brasília durante 7º Congresso Brasileiro Psicologia: Ciência e Profissão e foi promovida pelo Conselho Federal de Psicologia.

O estudo premiado faz parte do projeto que deu origem à ferramenta Secret Friends, criada pela pesquisadora durante o mestrado, quando investigou como fatores individuais, emocionais e situacionais influenciam a probabilidade de um usuário agir de forma agressiva em ambientes virtuais.

Isabella explica que a plataforma foi concebida para reproduzir, de maneira realista, a experiência de navegação em redes sociais. “O objetivo era simular de forma realista a experiência das pessoas consumindo conteúdos agressivos nas redes sociais. Ao mesmo tempo, queríamos que essa estratégia fosse fácil de replicar em outros estudos e fácil de personalizar para pesquisas futuras”, afirma.

Para isso, toda a interface foi construída com o uso de ferramentas gratuitas, como Canva e Google Forms. Segundo Isabella, esse modelo permite que outros pesquisadores adaptem facilmente o ambiente experimental às necessidades de suas investigações. “O formato geral conta inicialmente com as postagens que você quer que o participante interaja, com opções de curtir e comentar, como é padrão nas redes sociais, além da escolha de postagens que ele gostaria de compartilhar”, detalha. Na versão utilizada em sua dissertação, as publicações exibidas eram neutras ou agressivas, o que possibilitou analisar se a exposição a conteúdo violento aumentava a probabilidade de o participante replicar esse tipo de comportamento.

O teste inicial da ferramenta, realizado em um experimento online com 302 participantes, confirmou essa hipótese. Conforme descreve a pesquisadora, em comparação com pessoas expostas a postagens neutras, aquelas expostas a postagens agressivas escolhiam compartilhar mais postagens da mesma natureza. O estudo utilizou análises estatísticas como MANOVA fatorial e modelagem por equações estruturais, demonstrando efeitos da exposição a conteúdo agressivo, bem como influências indiretas de traços de personalidade mediados por afetos positivos e negativos. Parte desses resultados foi publicada em periódico internacional.

Antes da etapa experimental, a dissertação também apresentou uma revisão sistemática sobre comportamentos antissociais online e validou instrumentos inéditos no Brasil para medir trollagem e comportamento antissocial sexual em ambientes digitais, a Escala de Avaliação Global da Trollagem Online e a Escala de Comportamento Antissocial Sexual Online.

O trabalho permitiu compreender como fatores pessoais, emocionais e situacionais se articulam na produção de comportamentos agressivos nas redes, conforme proposto pelo Modelo Geral da Agressão.

Para Isabella, receber o prêmio nacional reforça o valor da pesquisa desenvolvida na UFPB e reconhece a relevância de metodologias inovadoras em um campo marcado pela rápida transformação tecnológica. “Nossa, foi uma honra muito grande! Principalmente por trabalhar com mídia, estamos sempre tentando atualizar tanto os temas quanto as formas de coletar dados. Uma premiação desse nível, focada em práticas inovadoras, é uma evidência de dever cumprido”, celebra.

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Texto: Elidiane Poquiviqui
Foto: acervo pessoal