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Estudo da UFPB aponta reconfiguração nas formas de apresentar e visualizar dados

publicado: 05/09/2022 16h20, última modificação: 05/09/2022 16h20
Pesquisadora afirma que dados estão no epicentro do processo criativo em vários níveis e setores da sociedade

Foto: Divulgação

Estudo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta reconfiguração nas formas de apresentar e de visualizar dados. De acordo com o trabalho, existem narrativas disruptivas na atualidade, ou seja, diferentes maneiras de explorar grandes volumes de dados, como, por exemplo, ser possível visualizar, por meio de dados atualizados diariamente, a mudança temporal de casos confirmados e de mortes de uma doença como a Covid-19.

“São produções contínuas e mutáveis que vão se reconfigurando a partir das transformações e avanços de base tecnológica, científica, cultural e social. Os avanços das tecnologias digitais se mostram com capacidade enorme de coletar muitos dados sem intermediação humana”, explica Adriana Alves, egressa do curso de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da UFPB e autora do estudo.

Segundo a também jornalista pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o jornalismo e laboratórios de inovação têm protagonizado esta espécie de nova revolução informacional, assim como a "explosão informacional" que ocorreu na década de 1940.

“As inovações e avanços tecnológicos da década de 1970, que culminaram com a sociedade em rede e a evolução desse processo para o século XXI, com bases de dados e Big Data, entre outros aspectos como a emergência dos dispositivos móveis digitais e computação em nuvem, formam um cenário profícuo para a produção, disseminação, compartilhamento e velocidade da geração de dados”, afirma a pesquisadora.

A pesquisa foi realizada no Laboratório de Estudos e Imagens em Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). “Lá, passei uma semana imersa. Acompanhei todo o processo de produção das visualizações de dados. Realizei entrevistas com os coordenadores e pesquisadores de várias áreas”, conta Adriana Alves, que também entrevistou o designer, infografista e professor da Universidade de Miami (EUA) Alberto Cairo, especialista em visualização de dados mundialmente reconhecido.

Para a jornalista, o futuro é agora e baseado em dados porque eles estão no epicentro do processo criativo em vários níveis e setores da sociedade. “No futuro, novos formatos naturalmente surgirão, tendo em vista que os avanços tecnológicos propiciam novos ambientes”, conjectura a egressa da UFPB. 

Conforme a pesquisadora, a estruturação das narrativas de visualização de dados intercala com outras áreas do conhecimento e não se restringe a mostrar os dados, mas proporcionam interpretação e análise a partir deles. No ponto de vista dela, com o poder dos dados massivos, é preciso o desenvolvimento de ferramentas adequadas para o gerenciamento de todo o processo de construção de narrativas.

A criação de ferramentas e apps próprios torna-se um fator diferencial. Nessas narrativas, os dados estão contextualizados e com o estabelecimento de conexão. “São inúmeros fatores que devem ser levados em conta para essas construções: o que coletar, o que vai ser útil, tratamento dos dados, formato mais adequado para apresentá-los, contexto, a quem se destina a narrativa, composição da equipe advinda de outras áreas do conhecimento como Design, Computação, Comunicação, Engenharia, Matemática”, destaca Adriana Alves.

Desse modo, é possível ofertar uma estrutura organizativa que confere significado aos dados coletados e que propicia o público a estabelecer suas próprias conclusões a respeito de tal narrativa. “A Ciência de Dados ocupa cada vez mais espaço nos campos governamental, acadêmico e corporativo/industrial. Tudo isso aponta para a emergência de investigações que possam adentrar a complexidade da questão”, observa a pesquisadora.

Como exemplos de narrativas disruptivas de visualização de dados guiadas por dados, a jornalista cita os trabalhos que foram finalistas e vencedores do Premio Awards Data Journalism, maior premiação de jornalismo de dados do mundo. Eles são sobre viagem pelo submundo da indústria multimilionária do mercúrio na Guiana, Suriname, Venezuela e Brasil3,1 mil mortes por Covid-1º nos EUA, por dia, ou uma a cada 28 segundos; acerca do que aconteceria com uma vizinhança de alguém caso o epicentro da epidemia de Covid‑19 no Brasil fosse na casa desse indivíduo; e 200 tipos de coronavírus.

Na Paraíba, ela destaca o CovidBr, exemplo do início desta reportagem, desenvolvido pela equipe do Laboratório de Sistemas de Informação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), coordenado pelo professor Cláudio de Souza Baptista, e o Lab Analytics, também da UFCG, coordenado pelo docente Nazareno Andrade. “Na América Latina e no mundo há laboratórios potentes de visualização de dados também”, afirma Adriana Alves.

O estudo que aponta reconfiguração nas formas de apresentar e visualizar dados, orientado pelo professor do Departamento de Ciência da Informação da UFPB Guilherme Ataíde Dias, teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entre 2015 e 2019.

A tese recebeu o Prêmio de Teses da UFPB - edição 2020, o Prêmio de Melhor Tese do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPB e foi o trabalho indicado pelo programa para o Prêmio da Capes. Os resultados do trabalho foram divulgados pelo menos por meio de sete artigos científicos, três anais de congressos acadêmicos e alguns capítulos de livros.

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Reportagem: Pedro Paz
Edição: Aline Lins
Foto: Divulgação