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Estudo conduzido por docente da UFPB analisa 8 mil espécimes de répteis
Um grupo de pesquisadores coordenado por um professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realizou uma pesquisa com mais de oito mil exemplares de serpentes e cobras de duas cabeças para identificar os hábitos desses répteis. Com o título original Unwrapping broken tails: Biological and environmental correlates of predation pressure in limbless reptiles (Desvendando as caudas perdidas: determinantes biológicas e ambientais da pressão de predação em répteis sem patas), o resultado do estudo foi publicado ontem (4), no periódico Journal of Animal Ecology, uma das mais tradicionais publicações internacionais na área de biologia animal.
Docente do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade do Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFPB), Mário Moura conduziu uma equipe composta por outros 33 autores, entre cientistas brasileiros e de outros seis países: Espanha, Colômbia, Paraguai, Estados Unidos, Argentina e Equador.
Ele explicou que o material biológico utilizado no estudo teve origem nas coleções científicas dos pesquisadores envolvidos, dados que foram reunidos durante um ano, entre 2021 e 2022. Ao todo, foram reunidos exemplares – preservados em formol – de 44 espécies oriundas de diversos países, todas elas ainda existentes na natureza.
“Nosso conhecimento de biodiversidade é limitado àquilo que conseguimos enxergar, e observar comportamento é evento raro na natureza. Então, estamos usando coleções para entender esses mistérios de comportamento animal. É uma pesquisa que ilustra como coleções científicas e museus de história natural podem ser úteis para avançar nosso conhecimento sobre a ecologia das espécies na natureza”, disse o coordenador do estudo.
Ainda segundo Moura, de cada exemplar foram extraídas informações como tamanho, sexo e faixa etária do espécime preservado e características do ambiente onde eles foram coletados. O pesquisador informou que uma das checagens realizadas era para verificar se os animais tinham cicatrizes que indicassem que haviam sofrido algum ataque predador, se tinham o rabo perdido ou se mantinham essa cauda cicatrizada. Isso porque, como tática de defesa, os espécimes podem perder o pedaço do rabo para escaparem.
Por meio da análise desses espécimes, os pesquisadores identificaram que espécies ativas durante o dia, capazes de viver em árvores e existentes em regiões mais quentes apresentaram maiores chances de ter cicatrizes na cauda. “Uma das explicações para isso é que em cima de uma árvore não há muita saída para fugir se um predador atacar”, destacou o professor da UFPB. Assim, serpentes e cobras de duas cabeças são mais atacados por aves e outros répteis, predadores ativos durante o dia. Áreas de mais calor, acrescentou Mário Moura, favorecem a presença de predadores e, portanto, mais ataques
Publicado em inglês, o artigo está disponível, somente para leitura, no site do Journal of Animal Ecology.
Reportagem: Milena Dantas