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Alunos de Música da UFPB se juntam para tocar na noite de João Pessoa

Cachê, repertório da moda e machismo são obstáculos
publicado: 23/07/2019 19h03, última modificação: 24/07/2019 14h03
Fulô mimosa tem conquistado o público. Crédito: Divulgação

Fulô mimosa tem conquistado o público. Crédito: Divulgação

O ambiente universitário é propício para traçar objetivos e experiências profissionais, assim como explorar o que é aprendido dentro e fora da sala de aula. A fim de exercitar o conhecimento adquirido, alguns estudantes de Música da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) estão se juntando para explorar o mercado fonográfico de João Pessoa.

“O nosso grupo surgiu a partir de um trabalho da disciplina de canto. A proposta era vincular músicas da Era do Rádio com as dos anos 2000 a 2010. A gente percebeu que o resultado ficou interessante. Então decidimos dar continuidade”, explica Beatriz Angelina, percussionista do grupo de música popular As Marias, composto por quatro mulheres.

Damião Pereira cursa o sétimo período de Flauta Transversal e faz parte do quinteto de sopro Terra Brasilis, grupo independente formado por estudantes. “O Terra Brasilis surgiu a partir da necessidade de ganhar experiência”. Além de flauta, tocam fagote, oboé, clarinete e trompa.

Recentemente criado, as apresentações ainda só ocorrem em eventos da UFPB. Mas os músicos estão animados para mostrar o trabalho em outros espaços. “Estamos abertos a qualquer tipo de proposta”, ressalta o flautista. Já para o grupo de forró pé de serra Fulô Mimosa, composto por sete mulheres, a formação se deu com ajuda de um maestro.

“O Fulô Mimosa foi criado a partir da vontade do maestro Chiquito em desenvolver um trabalho vocal, fugindo do típico quarteto clássico, juntamente com o interesse da vocalista e trianguista Thay Fernandes em aprender e fazer música nordestina, em meados de julho de 2016”, conta  Ingrid Simplício, violonista da Fulô.

O grupo de forró faz apresentações em bares, festas privadas e públicas. “Onde quiserem forró, a gente vai!”. Segundo Simplício, as seis musicistas têm o objetivo de mostrar que as mulheres dispõem da mesma capacidade performática que a dos grupos masculinos. Ela também comenta sobre o desafio de os compositores fazerem letras para mulheres cantarem.

Mercado em expansão (e com obstáculos)

A percussionista de As Marias explica que a cena musical de João Pessoa tem se expandido por meio de novos espaços para trabalhos autorais. Além disso, os grupos têm se ajudado. “Mas o diálogo dos artistas com os estabelecimentos precisa melhorar bastante”, reclama Beatriz Angelina.

Ingrid Simplício, do grupo Fulô, acredita que há espaço para todos, porque a cena da cidade tem se mostrado cada vez mais diversificado. Por outro lado, “está difícil para os que lutam pelas artes, sobretudo aos que tentam preservar ou resgatar valores culturais”.

Acerca do preconceito sofrido por ser um grupo composto exclusivamente de mulheres, Simplício conta que ainda há bastantes percalços. “Trabalhamos para construir espaços mais igualitários e diversificados. Naturalmente, isso refletirá na sociedade.”

Michelly Santos | Ascom/UFPB