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Em parceria com a Embrapa, egresso da UFPB identifica amendoins resistentes a clima seco
Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o egresso do Programa de Pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Wellison Dutra identificou duas novas linhagens de amendoim resistentes ao clima Semiárido, caracterizado pela baixa umidade e pelo pouco volume pluviométrico.
“O estudo foi idealizado considerando a importância econômica e, principalmente, social do amendoim, visto que se trata de uma cultura praticada por agricultores familiares, especialmente no Nordeste brasileiro”, afirma Wellison Dutra.
A leguminosa é uma excelente alternativa para a agricultura familiar, devido ao elevado valor agregado de seus produtos. Por sinal, a agricultura familiar é principal responsável pela produção dos alimentos consumidos pela população brasileira.
Segundo o pesquisador, na região Nordeste, o cultivo do amendoim é praticado na época das chuvas. No entanto, a planta fica vulnerável em períodos de seca, que causam prejuízos ao crescimento e desenvolvimento e, consequentemente, produtividade e rentabilidade da sua produção.
“Diante disso, e sabendo da existência de recursos genéticos para as condições climáticas supracitadas, buscou-se, no cruzamento de espécies interespecíficas (amendoim comum e amendoim selvagem), a alternativa de gerar linhagens comerciais com a característica de tolerância à seca das espécies selvagens”, explica o egresso da federal paraibana.
A perspectiva é de que essas novas linhagens possam chegar de forma direta ou indiretamente ao mercado nos próximos anos, tornando-se alternativas para a redução dos prejuízos provocados pela ocorrência de seca durante o cultivo do amendoim.
“A seca é um dos principais fatores responsáveis por perdas da lavoura, principalmente em ambiente semiárido. A adoção de cultivares tolerantes é a estratégia mais viável para convivência e sustentabilidade das lavouras comerciais”, defende Roseane Cavalcanti dos Santos, profissional da Embrapa e orientadora do estudo.
Para a também docente, o estudo representa uma grande contribuição para o melhoramento do amendoim em clima semiárido, além da valorização de espécies silvestres para a transferência ou introdução permanente de genes favoráveis para o cultivo em condições adversas.
“Apesar das barreiras cromossômicas, a utilização de espécies selvagens é um ótimo caminho para ampliar a base genética de novas cultivares”, avalia Roseane Cavalcanti dos Santos.
As novas linhagens foram geradas em condições de casa-de-vegetação e no campo, adotando-se várias ferramentas biológicas. Casas-de-vegetação são estruturas construídas com diversos materiais, como madeira, concreto, ferro, alumínio, e cobertas com materiais transparentes que permitam a passagem da luz solar para crescimento e desenvolvimento das plantas.
Uma cultivar africana, de ampla tolerância à seca e uma sensível, do tipo runner, com grãos com calibre de 40/50 grãos/onça e coloração rósea, foram inseridas nos ensaios, todos conduzidos na estação seca, seguindo os preceitos da experimentação agrícola.
Por meio de análise multivariada, um grupo de 26 se destacou por conter a tolerante africana. Dessas, duas linhagens se destacaram ainda mais. “Os resultados obtidos confirmaram a ampla tolerância das duas linhagens ao estresse hídrico. Ambas participarão de ensaios de VCU [Valor de Cultivo e Uso] para posterior síntese de cultivar”, adianta Roseane Cavalcanti dos Santos.
O estudo foi publicado no periódico PlosOne, revista científica de excelência na área da ciência e da medicina, com Qualis A1e Fator de Impacto (FI) 2.74, e contou com uma equipe multidisciplinar, envolvendo também especialistas da Embrapa Cenargen, da Embrapa Algodão, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e da Universidade da Georgia (USA).