Cresce o número de startups na UFPB

Entusiasta do tema da sustentabilidade, o então estudante do curso de Engenharia de Energias Renováveis da UFPB Richard Bivar tinha o desejo de abrir um negócio nesta área. Convidou a estudante de Engenharia Química Mônica Cunha para, segundo ele, para “embarcar nessa jornada” de criação da startup MindSun – Monitoramento Inteligente de Energia, há três anos. A tecnologia proposta por eles para gerar economia de energia para empresas começou a ser desenhada por meio de um projeto de extensão realizado no Laboratório de Microengenharia da Universidade.

“Começamos a viajar para conversar com autoridades do setor de energia para termos mais insights e poder bater um papo sobre em que áreas inovar e até que ponto (naquele momento) judicialmente algumas coisas eram possíveis de ser desenvolvidas”, contou Richard, atual CEO da MindSun, que é incubada na Agência UFPB de Inovação Tecnológica (INOVA) desde o final do ano de 2021. No ano passado, conquistou o 3º lugar na competição HackBrazil, evento realizado pela Brazil Conference em Boston, nos Estados Unidos, para dar visibilidade a soluções propostas pelas cinco startups brasileiras convidadas. 

“Com muita honra fomos representar o Nordeste e subimos no palco das universidades de Harvard e no MIT. Desde então, a MindSun começou a alçar voos cada vez mais altos, a UFPB e a Paraíba começaram a ser olhados também como lugares onde a inovação tem foco no desenvolvimento de aplicações para a sociedade, que gerem receita financeira”, destacou Bivar. Em processo de expansão, a empresa tem 12 integrantes e deve chegar a uma equipe de 20 em breve, composta, por exemplo, por alunos e ex-alunos dos cursos de Engenharia de Energias Renováveis, Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação.

A startup, que conecta seus clientes a fornecedores de energias renováveis, é uma das 10 incubadas (e em processo de incubação) atualmente na UFPB. Após a regulamentação, em 2019, da atividade de incubação – por meio da atuação da Diretoria de Incubação Empresarial de Base Tecnológica (DIEBT/INOVA) –, a Universidade tem atuado de forma mais incisiva para criar um terreno fértil para o crescimento desses novos negócios e para estimular mais iniciativas no âmbito da academia. “Para a Inova, estimular a criação, formação e consolidação das startups é mais que um objetivo, é uma missão”, destacou a diretora-presidente da INOVA UFPB, professora Kelly Gomes.

Onde crescem as ideias inovadoras

A UFPB conta com startups em áreas diversas do conhecimento, a exemplo da Tecnologia da Informação, um dos ramos mais comuns em que elas surgem, da geração de energia ou do agronegócio, mas com uma pegada em comum, na maioria dos casos: a preocupação com a sustentabilidade. Exemplo disso são as empresas YBY e a Gemina Sertão, inseridas no setor do agronegócio e focadas na sustentabilidade dos produtos que oferece, ou a SunTech, com foco no uso de energia solar fotovoltaica para fortalecimento da agricultura familiar.

Com o objetivo de fomentar o empreendedorismo e incentivar a criação dessas empresas no âmbito da academia, a INOVA conta com oito núcleos de inovação credenciados, sendo sete deles no campus de João Pessoa e outro no campus de Areia (veja lista ao final da reportagem). Destes núcleos, um dos destaques é para o Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR), que abriga sete startups formalizadas e uma spin-off acadêmica, a Inovathys.

Para a professora Kelly Gomes, a atuação dos núcleos é crucial, tanto para a capacitação dos alunos que estão empreendendo, quanto no resultado que a Instituição entrega para a sociedade em termos de inovação. Por meio da incubação, as startups têm acesso a cursos e capacitações sobre temas diversos, a exemplo da estrutura jurídica e financeira ou propriedade intelectual para empresas desse gênero. 

Com o intuito de estimular a comunidade universitária a empreender, a Universidade aposta, desde 2021, em um Edital de Incubação de Fluxo Contínuo, para seleção de propostas para o Programa de Incubação de startups compostas por alunos, docentes e técnicos-administrativos vinculados à UFPB. “Elas contam com o apoio da INOVA para aumentar o nível de maturidade das tecnologias, avançar na inserção ao mercado e realizar negócios, bem como elevar o tempo de vida e de sucesso das empresas”, explicou Kelly Gomes.

Por meio da atuação da INOVA, as novas empresas criadas por alunos da UFPB conseguiram prospectar mais recursos financeiros para suas propostas e têm conseguido inserção no cenário de inovação local, nacional e até internacional, como ocorreu com a MindSun no ano passado. Em editais de fomento ao empreendedorismo lançados em nível regional, em 2021 e 2022, startups apoiadas pela Universidade conseguiram recursos da ordem de R$ 2 milhões. No Programa Startup NE Paraíba, lançado pelo Sebrae no ano passado, por exemplo, foram aprovadas empresas como a MindSun, a YBY Inovações Biotecnológicas (da área de produção de alimentos) e a DisAnti - Dispositivos Antivirais (da área de saúde), também incubadas na UFPB.

A Universidade tem buscado ampliar o número de empresas que participam de seu Programa de Incubação. Além das 10 startups incubadas (e em processo de incubação pela INOVA) e de uma spin-off acadêmica (uma categoria de startup), há ainda outras 10 novas empresas já existentes e com as quais a INOVA está estabelecendo diálogo para formalizar a incubação.  São startups que têm se destacado em editais como o Programa Centelha, lançado em 2022 na Paraíba, em que aproximadamente 33% das empresas apoiadas com recursos financeiros foram da UFPB.

Núcleos de inovação da UFPB

Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares em Biomateriais (NEPBIO)

Hospital Universitário Lauro Wanderlei (HULW)

Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR)

Centro de Informática (CI)

Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN)

Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA)

Centro de Tecnologia e Desenvolvimento Regional (CTDR)

Centro de Ciências Agrárias (CCA/Areia)

Construção de um Centro de Inovação no campus I

No segundo semestre de 2022, a INOVA UFPB foi selecionada – junto com outras 17 propostas no Brasil – para receber recursos da ordem de R$ 4 milhões junto à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para a construção e operacionalização do Centro de Inovação CEITec (Conglomerado de Empreendimentos Inovadores e Tecnologias Aplicadas), unidade que vai ser focada no desenvolvimento de startups na UFPB.

O edifício, que vai funcionar no campus de João Pessoa, vai abrigar as novas empresas da Universidade e contará com diversos espaços, a exemplo de salas de reunião, auditório e coffee shop. “O Centro vai permitir a mobilização e integração dos atores relevantes do ecossistema de inovação, bem como atuará como um espaço catalisador e difusor de parcerias, acordos, pesquisa e prototipagem, junto a empresas dos setores públicos e privados”, informou a diretora-presidente da INOVA, professora Kelly Gomes.

Para saber mais

Mais informações sobre o Programa de Incubação da UFPB estão disponíveis na página da Agência UFPB de Inovação (INOVA) e no Instagram da Agência, além do e-mail: inova@reitoria.ufpb.br .