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Balé Popular da UFPB comemora 25 anos com montagem de “Calunga”
Criado em janeiro de 1995, o Balé Popular da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) comemora 25 anos de atividades com a montagem de “Calunga”, que será exibida com a volta das atividades presenciais na instituição.
A calunga é um elemento sagrado dos candomblés de Pernambuco. Deu origem e passou a ser a figura central nos cortejos. É uma boneca de madeira, ricamente vestida e que simboliza uma entidade ou rainha já morta.
O objetivo principal do grupo é investigar as diversas expressões das danças populares nordestinas no contexto da identidade cultural e socializá-las por meio de suas montagens de espetáculos.
Vinculado à Coordenação de Extensão Cultural (Coex) da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Prac) da UFPB, o projeto é dirigido pelo coreógrafo Maurício Germano.
“O Balé Popular expandiu as fronteiras entre as artes, resgatando a multiplicidade de sentidos e funções dos gestos, movimentos, costumes, posturas e danças da cultura popular do Nordeste do Brasil”, explica Maurício Germano.
O projeto é aberto à comunidade universitária e externa. Devido ao isolamento social decorrente da pandemia do novo coronavírus, os integrantes estão mantendo apenas encontros virtuais, com divulgações nas redes sociais (@balepopularoficial).
“Quando voltarmos, daremos continuidade ao projeto com o início de uma nova montagem que se chama ‘Calunga’. Estamos em pesquisa virtual sobre o tema e daremos uma nova oficina, aberta à comunidade, que é nosso alvo”, diz Maurício Germano.
Atualmente, o Balé Popular trabalha em uma sala no Núcleo de Teatro Universitário (NTU) da UFPB, no Centro de João Pessoa, onde ensaia seus espetáculos e oferece oficinas periódicas de iniciação à dança.
Ao final de cada oficina, dentre os participantes, são escolhidos anualmente os componentes do seu elenco que conta, geralmente, entre dez e 15 dançarinos.
As montagens periódicas do Balé Popular proporcionam a ampliação do campo de investigação a cada proposta de um novo roteiro.
“A cada renovação de elenco, é criado um novo olhar sobre a forma de apresentar os espetáculos, com outras possibilidades técnicas que viabilizam apresentações em palcos italianos, arenas e rua, tornando-se um instrumento de educação, cultura e lazer, constituindo-se numa alternativa para enriquecer as práticas de ensino e difundir a cultura nordestina”, esclarece o coordenador da iniciativa.
O dirigente do grupo informa ainda que o Balé Popular já traz uma bagagem de 19 espetáculos montados, várias performances, com apresentações em mostras, festivais, projetos e leis de incentivos culturais e educacionais. Entre as produções do grupo, estão “O Auto de Nossa Senhora da Luz”, “Varal”, “A cura”, “Pau-de-arara”, “Jatobá”, “Festejos”, “Caiçara”, “Loas e Luas”, “Caminhos”, “Floreô”, “Avá. Caboclo”, “Cruxs”, “Pastoril Popular”, entre outras.
Matéria-prima
O coreógrafo Maurício Germano afirma que a identidade do Balé Popular foi se consolidando no decorrer do trabalho que se caracterizou, principalmente, pelo resgate de elementos intrinsecamente ligados ao jeito de ser e viver do povo nordestino, refletindo a sua riqueza cultural, a recriação de autos populares, danças folclóricas, manifestações religiosas e profanas, e outras particularidades, tornando-se inspiração para as criações dos roteiros.
Outro elemento importante nas montagens dos espetáculos e performances é dar lugar de destaque aos personagens típicos do universo popular regional, a exemplo de artistas mambembes, retirantes, sem tetos, lavadeiras, rezadeiras, figuras características de feiras, contadores de histórias, entre outros, que “dão cara à riquíssima colcha de retalhos que traduz a cultura nordestina”, frisa Maurício Germano.
Além dos personagens, os cenários também são a porta de entrada para esse universo mágico produzido pelo balé. As velhas carrocerias de caminhões paus-de-araras; as feiras livres das cidadezinhas do interior, apresentando uma multiplicidade de objetos que personificam a criatividade das populações locais; as longas caminhadas das romarias com seus melodiosos cantos religiosos; as ruelas em fim de tarde, onde as conversas correm soltas, e as estórias alimentam o imaginário das pessoas.
“Tudo isso tem sido matéria-prima para a construção dos espetáculos concebidos pela equipe do Balé Popular que, recriando gestos, vestimentas, linguagens, expressões, rituais, olhares e sorrisos, dão alma às apresentações do grupo”, conta Maurício Germano.
Assim, o grupo conquistou a admiração de plateias e vários prêmios em quase todo o Brasil. Dentre eles, destacam-se: melhor espetáculo no III Baile dos Artistas; Terceiro melhor espetáculo na VI Mostra de Teatro e Dança da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc); Terceiro melhor espetáculo no III Encontro Nacional dos Estudantes de Artes (ENEARTE), em Salvador.
Além disso, melhor figurino, iluminação, trilha sonora e segundo melhor espetáculo na VII Mostra de Teatro e Dança da Funesc; melhor espetáculo e bailarino do ano (Max Lamare) no Troféu Imprensa PB; melhor figurino, trilha sonora, bailarina (Jocideia Barros), bailarino (Max Lamare e Adriano Bezerra) e segundo melhor espetáculo na VII Mostra de Teatro e Dança da Funesc; e outras participações de repercussão nacional, a exemplo do Projeto Balaio Brasil, do Serviço Social de Comércio em São Paulo (Sesc/SP).
Conforme o coordenador do projeto, um dos componentes responsáveis por essa trajetória premiada do Balé Popular foi o elenco e equipe de produção dos espetáculos. Com um corpo de profissionais de variadas técnicas artísticas, desde a arte circense até o balé clássico, o grupo ganhou versatilidade e imprimiu em suas montagens um colorido original que consolidou sua proposta.
Entre esses artistas, destacaram-se Adilson Lucena, Rita Spinele, Maristela Liz, Lidiane Albuquerque, Adriano Bezerra, Max Lamare, Juliana Abhat, Luciana Dias, Lisiane Bezerra, Cezar Costa, José Sereco, Márcia Lima, João Vitor da Paz, Lidiane Albuquerque, Fabiola Magalhães, Rafaela Cunha Márcio Feitosa, entre outros de igual importância.
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Reportagem: Aline Lins | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB