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Tambor de índios ou de caboclinhos

Trata-se de um “membranofone tubular e cilíndrico, com pele única e fechada” 2.1.1.2.1.1.2. (Hornbostel; Sachs, 1914).
publicado: 15/08/2016 09h49, última modificação: 15/10/2018 18h38
Foto retirada da dissertação de Clemente (2013)

Foto retirada da dissertação de Clemente (2013)

Tambor de índio s.m. Utilizado por boa parte da região nordeste do país, mas principalmente pelas Tribos de índios na Paraíba e pelo caboclinhos em Pernambuco. Tambor de índio é o termo utilizado pelas Tribos de índios na Paraíba, também é grafado como “bombo, tambor de corda, zabumba” (CLEMENTE, 2013), “surdo”. (GUERRA PEIXE, 1966).

Trata-se de um “membranofone tubular e cilíndrico, com pele única e fechada” 2.1.1.2.1.1.2. (Hornbostel; Sachs, 1914). Um instrumento de pequeno porte, constituído de um bojo de zinco, aro de madeira e peles de bode, é um tambor fechado, e mesmo tendo peles nas duas extremidades do tambor, utiliza apenas uma para percutir, essa seria a pele superior do tambor, enquanto a inferior serve apenas para vibração e ressonância dentro do tambor. Geralmente é utilizado com peles de bode nos dois lados do tambor, mas em algumas tribos pode ser utilizado a pele de cabra na parte inferior e a pele de bode na parte superior, isso acontece devido a diferença de sonoridade que as peles proporcionam no tambor, a pele de bode por ser mais grossa possibilita um som mais grave ao instrumento, diferentemente da pele de cabra que, por ser mais fina, proporciona um timbre mais agudo. Percutido por duas baquetas, chamadas de marreta (baqueta mais grossa) e bacalhau (baqueta mais fina), a marreta pode ser feita com um pedaço do cabo de uma vassoura e o bacalhau pode ser feito a partir de um galho fino. Geralmente, a marreta é segurada na mão direita e o bacalhau na mão esquerda. Com o tambor no colo, o bacalhau fica entre os dedos polegar e indicador da mão esquerda, que fica apoiada e relaxada sobre o bojo do tambor.  (CLEMENTE, 2013, p. 101)

O tambor de índio é utilizado no auto do grupo instrumental das “tribos de índios”, “caboclinhos” ou “cabocolinhos”. O auto representa a luta dos colonizadores com os nativos e que finaliza com a morte e ressurreição dos índios. Esta manifestação se dá por meio da música e da dança. Geralmente se apresentam nos carnavais do nordeste, porém, também fazem apresentações na sua própria comunidade, como também nas agremiações vizinhas, em ruas, praças, entre outros lugares.

A ligação dos caboclinhos com a religião se dá pelo culto da jurema, que é uma árvore que através de sua folha produz um chá sagrado muito importante para os caboclos. Diz-se que os brincantes do caboclinho nunca se apresentam sem antes beber o chá da jurema. No contexto das Tribos de índios e dos Caboclinhos, o tambor de índio cumpre a função de manter, junto ao mineiro e a Preaca (flecha de índio), a pulsação, ou seja dar o ritmo a dança. Além também de ser uma instrumento que possibilita uma base rítmica para as gaitas.

Referências

CLEMENTE, Marta Sanchis. Aprendendo música como Tupinambá: estudo sobre os processos de transmissão musical numa Tribo Indígena Carnavalesca no bairro Mandacaru de João Pessoa. 2013. 160 f. Dissertação (Mestrado em Música) - Universidade Federal da Paraí­ba, João Pessoa, 2013.

GUERRA PEIXE, César. 1966. “Os caboclinhos do Recife”. Revista Brasileira do Folclore.15/6: 135 - 58.

Lucas B. Potiguara