Você está aqui: Página Inicial > Contents > Páginas > Acervo Brazinst > Membranofones > Pandeirão
conteúdo

Notícias

Pandeirão

Tambor utilizado no boi do maranhão, trata-se de um “membranofone com pele única e aberta, emoldurado e sem cabo” 2.1.1.3.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914).
publicado: 15/08/2016 09h49, última modificação: 29/11/2018 08h00
Foto do “Pandeirão” retirada do
Trabalho de Alebrnaz (2004)

Foto do “Pandeirão” retirada do Trabalho de Alebrnaz (2004)

Pandeirão s.m. instrumento que da vivacidade no boi e junto as matracas, é o instrumento que mais se destaca na manifestação, geralmente tocado em um grupo com vários pandeirões. São instrumentos grandes e graves, em sua maioria. “Os pandeirões são afinados com o calor do fogo, minutos antes do início da festa, durante o guarniceu ou guarnecer: momento em que o batalhão está reunido ao pé da fogueira com esta finalidade. Cada pandeirão tem duas notas: o toque agudo e o toque grave. Geralmente os pandeirões se apresentam em três tamanhos e afinações diferentes, mas essa variação pode ser maior, de acordo com o número de músicos do batalhão” (CARPIN; BARSALINI, 2018). O batalhão é o grupo de músicos que tocam na festa do boi. Também vale salientar, que, os tambores com pele de couro são afinados a partir do fogo, já os que utilizam a pele com material sintético, são afinados através de tarraxas presentes no tambor.

Os pandeirões são utilizadas no bumba-meu-boi, que como afirma Alvarenga (1997), é uma “(...) dança dramática ou folguedo que apresenta bem mais claramente do que sua congêneres o aspecto de suíte. Representada em várias localidades brasileiras, tem nomes diversos, variações coreográficas e de personagens, conforme a zona onde aparece. Segundo Luís Câmara Cascudo, “bumba-meu-boi” significaria “bate! chifra, meu boi!”. É o reisado mais popular do nordeste, considerado como o mais significativo, tanto do ponto de vista estético, como social. Apresentado no Nordeste durante o ciclo de Natal e festejado na Amazônia em junho, na época de São João, é o testemunho mais vivo do chamado ciclo do boi, que engloba vasto cancioneiro” (ALVARENGA, 1997, p. 118).

A forma de tocar o pandeirão varia conforme o grupo em que ele está inserido, como afirma Manhães (2009), “no sotaque de matraca, o pandeirão é tocado suspendendo-o para cima e no caso do boi da baixada é tocado para baixo, vertical às pernas”. Ainda vale salientar que s toques também mudam dependendo do grupo que o toca e do tamanho do tambor, como explica José de Jesus Figueiredo, dono do Bumba-meu-boi Unidos de Santa Fé, “nos grupos do sotaque da Baixada, os pandeiros maiores são percutidos na batida dois por um, em baixo, enquanto os pandeiros menores fazem o repinicado” (Dossiê do Registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão/IPHAN, 2011).

Os pandeirões são “instrumentos de percussão de formato circular com aro de 45 a 60 centímetros de diâmetro, recoberto em uma das extremidades por uma membrana” (Dossiê do Registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão/IPHAN, 2011). Esses tambores, que,  originalmente eram confeccionados, como afirma Manhães (2009), “em madeira flexível, geralmente genipapo” e com couro de gado, hoje podem ser encontrados com o “ corpo em alumínio e as peles sintéticas em nylon” (Dossiê do Registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão/IPHAN, 2011), assim o mesmo instrumento possui diferentes processos de construção, um mais artesanal e outro mais industrializado, influenciando, como disse anteriormente na própria maneira de afinar o tambor, sendo o com pele de gado afinado apenas pelo calor do fogo e o com a membrana sintética, afinado através de tarraxas fixadas ao corpo do pandeirão.

Lucas B. Potiguara

Referências

ALBERNAZ, Lady Selma. O “urrou” do Boi de Atenas: instituições, experiências culturais e identidade no Maranhão. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.

ALVARENGA, Oneyda. Enciclopédia da música brasileira: popular, erudita e folclórica. Art Editora, 1997.

CARPIN, Tamiris Duarte; BARSALIN, Leandro. Bumba-meu-boi do Maranhão no Morro do Querosene: uma proposta de estudo do sotaque da Ilha no contrabaixo. Anais do SIMPOM, v. 5, n. 5, 2018.

Dossiê do Registro do Complexo Cultural do Bumba-meu-boi do Maranhão. São Luís: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2011. In Site: www.iphan.gov.br

MANHÃES, Juliana Bittencourt. Memórias de um corpo brincante: a brincadeira do cazumba no bumba meu boi maranhense. Dissertação de Mestrado em Artes Cênicas. Rio de Janeiro: Uni-Rio, 2009.