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Meião

Trata-se de um “membranofone com pele única e aberto” 2.1.1.2.1.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914).
publicado: 05/02/2017 10h17, última modificação: 15/07/2019 10h12
Exibir carrossel de imagens CCSP/Supervisão de acervos/Acervo histórico da discoteca Oneyda Alvarenga/Coleção Missão de Pesquisas Folclóricas Meião

Meião

Meião s.m. é um “membranofone com pele única e aberto, com formato tubular e cilíndrico” 2.1.1.2.1.1.1. (Hornbostel; Sachs, 1914). Também é conhecido como “socador, tambor médio” (COSTA, 2004) ou “chamador” (FERRETTI, 2006). Ele é utilizado no Tambor de crioula, “(...) uma dança marcada por fortes traços africanos, na qual uma roda de mulheres baila diante da parelha de três tambores (grande, meião e crivador) tocados por homens. ” (IPHAN, 2005, p. 09 apud RAMASSOTE, 2007). O meião, junto a outros dois tambores, dá o ritmo para a dança. O tambor de crioula é uma manifestação bem forte no maranhão, isso não significa que necessariamente essa manifestação surgiu lá, com bem afirma Costa (2004), “Dizer que o tambor é uma dança genuinamente maranhense é um certo equívoco, (...). Mas o nome e o formato, isto sim, é peculiar; é maranhense.”

O meião é um tambor aberto com pele de gado, sustentada por cravelha e um corpo de madeira, geralmente madeira de mangue, sororó, pau d’arco, angelim ou faveira. No material disponibilizado pelo IPHAN sobre o tambor de crioula, o Marcelo Costa do tambor pungar da ilha relata como é o processo de construção que ele faz com os tambores do tambor de crioula “Eu vou buscar esses tambores no Interior. Eu entro no mangue pra pegar esses instrumentos; (...) A gente tira a madeira por toque. Eu entro no mangue, dou um toque na madeira e sei quando ela tá no ponto pra fazer o tambor; (...) A gente vai trabalhar em cima dessa madeira, terminar de ocar, lixar a parte dela que tá mais bruta. É tipo um diamante como uma pedra bruta, a gente lapida ela todinha! A madeira passa por um processo de lixamento. Depois tem que furar pra botar o couro. O couro também tem outro processo: tem que botar ele de molho um dia antes pra que no dia de cobrir ele esteja no ponto, bem molinho. (...) A gente utiliza muito couro de boi, alguns gostam de couro de veado, mas eu gosto de trabalhar com couro de boi. Para ocar também tem todo um processo. A gente usa uma ferramenta chamada ‘trincha coiva’, aí vai ocando por dentro da madeira. À proporção que vai se tirando as farpas, vai tocando fogo, aí o fogo vai apagando e a gente vai ocando [...] Isso tudo até chegar o ponto certo do tambor estar totalmente ocado. Pra colocar as tarrachas ou ‘cravelha’ eu utilizo uma furadeira elétrica pra fazer os sete furos. Nesse caso varia, tem gente que faz oito, sete ou seis, no meu caso, eu gosto de fazer oito furos que fica o ideal. Depois bota o couro com três talhos, passa o ferro por dentro desses três talhos, puxa até o buraco e bota a ‘cravelha’ pra ficar bem esticado e chegar à afinação certa. Eu acompanho todo esse processo. Acompanho e faço.” (Marcelo Silva, Tambor Pungar da Ilha apud FERRETTI; RAMASSOTE; BARROS; CORDEIRO;. COSTA; MENDONÇA; MOTA, 2006). Atualmente também são utilizados tubos de PVC como corpo do instrumento e Ferretti (2006), afirma que isso acontece porque esse material tornar o instrumento “mais leve e fácil de fabricar e carregar, cujo som porém é diferente”.

No Tambor de crioula, “(...) o meião faz a base da percussão, os integrantes dessa brincadeira o chamam de coração do tambor de crioula, como se a partir da pulsação do meião houvesse um diálogo entre os dois outros tambores, não só por se situar entre, no meio dos tambores, mas também porque seu toque está no intervalo do tambor menor, o crivador” (MANHÃES, 2012). O tambor é tocado deitado sobre o chão e o “tamborzeiro” (COSTA, 2004) fica sentado no instrumento e o tambor é tocado em sua maioria com as mãos.

 

Lucas B. Potiguara

 Referências

 

COSTA, Rogério. Cultura Popular: Tambor de Crioula em Links e Sites. Revista Internacional de Folkcomunicação, v. 4, n. 7, 2008.

FERRETTI, Sérgio Figueiredo. RAMASSOTE, Rodrigo Martins. BARROS, Valdenira. CORDEIRO, Renata dos Reis. COSTA, Sislene. MENDONÇA, Bartolomeu. MOTA, Chistiane de Fátima Silva. Os tambores da ilha. Brasília: IPHAN, 2006.

FERRETTI, Sergio Figueiredo. Mário de Andrade e o tambor de crioula do Maranhão. Revista Pós Ciências Sociais, v. 3, n. 5, 2006.

MANHÃES, Juliana Bittencourt. A PUNGA DO TAMBOR DE CRIOULA NO MARANHÃO: ESPAÇO DE MEMÓRIA, RITUAL E ESPETÁCULO. UNIRIO. Disponível em: < http://www3.ufrb.edu.br/ebecult/wp-content/uploads/2012/04/A-punga-do-tambor-de-crioula-no-Maranh%C2%8Bo-e-spac%C3%8C%C2%A7o-de-memo%C3%83%C3%85ria-ritual-e-espeta%C3%83%C3%85culo.pdf >. v. 83, p. C3. 2012.

RAMASSOTE, Rodrigo Martins. Notas Sobre o Registro Do Tambor De Crioula: da pesquisa à salvaguarda. Revista Pós Ciências Sociais, v. 4, n. 7, 2007.

 

Fonografia

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2Sb9sozxxBY>. Acesso em 15 jul 2019.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tUVeuYvscvA>. Acesso em 15 jul 2019.