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Caixa de cacuriá
Caixa de cacuriá Retirado de (BRITO, Viviane Maria de. Mulheres que tiram jóias da caixa: tradição do Maranhão tocada pelas Caixeiras do Divino no Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Estudos Contemporâneos das Artes) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Arte e Comunicação Social, 2014. 102 f.)
Caixa de cacuriá s.f. é um instrumento utilizado na dança cacuriá, que segundo Pacheco, Gouveia e Abreu (2005, p. 23), é “uma estilização do carimbó realizado no município de Guimarães, criada por Alauriano de Almeida (seu Lauro) e popularizada por Dona Teté”. Alguns autores afirmam que esta dança tem sua origem na festa do Divino Espírito Santo. Segundo Cutrim (2017, p. 75), “originalmente uma dança de mulheres, o carimbó de caixa levava para a folia aquelas que se dedicavam durante todo o festejo a louvar o Divino e seu Império através de seus toques de caixa e seus versos cantados”.
Na dança cacuriá, as caixas que inicialmente atuavam sozinhas, hoje são acompanhadas por instrumento de cordas e sopro, como o cavaquinho, violão e flauta. A caixa é quem entoa a dança, é de extrema importância para a dança, essencial. Como afirma Delgado (2005, p. 1), “o toque das caixas comandava o tom da dança, fazendo com que os corpos dos dançarinos requebrassem num ‘rebolado miúdo e quebrado’, que saía dos pés e reverberava nos quadris; as meninas com as mãos na cintura; os meninos batendo palmas; o círculo girando sem parar; os pares girando entre si; as saias rodadas parecendo fazer uma dança com o ar; sensualidade, movimento, diversão, festa, interação”.
Quanto a sua construção, Pacheco, Gouveia e Abreu (2005, p. 26) colocam que a caixa de cacuriá “é um tambor em forma de cilindro, com duas peles, uma em cada ponta, afinadas por cordas laterais presas a dois aros de madeira. Os materiais usados para sua confecção podem variar bastante. Na maioria dos casos, o corpo é fabricado com compensado ou folha de zinco, e os aros feitos de jenipapo, madeira muito apropriada pois enverga com facilidade, sem quebrar. O couro pode ser de bode, cabra, cotia, veado ou outros animais. Muitas caixas dispõem de respostas, isto é, pequenas miçangas ou pedaços de pena de pato enfiados em cordões que vibram na pele oposta à que se toca, produzindo um som característico. As caixas são geralmente pintadas em cores vivas e podem ser decoradas com desenhos representando os símbolos do Divino. Instrumentos semelhantes à caixa do Divino maranhense são encontrados nos Açores, onde são chamados de tambores de folia, e também em diversos folguedos brasileiros. Tocada com duas baquetas de madeira, a caixa do Divino é sustentada por tiras de pano quando as caixeiras se movimentam”.
Ferretti (2005, p. 1) ainda acrescenta que, “em São Luís, diferentemente do que constatamos em outros lugares, os tambores ou caixas do Divino são tocados quase exclusivamente pelas caixeiras, que em alguns momentos executam dança complexa diante do mastro e do império, acompanhadas por meninas que seguram bandeiras, as bandeireiras”.
Lucas B. Potiguara
Referências
CUTRIM, Laiana Lindozo Barros. DIVINO CACURIÁ DE DONA TETÉ: LABORARTE COMO ESPAÇO DE (RE) SIGNIFICAÇÃO E POPULARIZAÇÃO DO CACURIÁ MARANHENSE. ANAIS DO III SEMINÁRIO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, ENSINO E NARRATIVAS, p. 74-84. 2017.
DELGADO, Ana Luiza de Menezes. “Só precisa rebolar?”: Performance e Dinâmica Cultural no Cacuriá Maranhense. Dissertação de Mestrado em Antropologia. Pernambuco: UFPE 2005. 162 f.
FERRETTI, Sérgio F. Texto publicado no Catálogo da Exposição Divino Toque do Maranhão. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular /IPHAN / MEC, 2005, p 9-29.
PACHECO, Gustavo; GOUVEIA, Cláudia; ABREU, Maria Clara. Caixeiras do Divino Espírito Santo de São Luís do Maranhão. Associação Cultural Caburé, 2005.