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Viola Angrense

é um cordofone original da Ilha Grande em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Possui sete ou oito cordas sendo essa última, de menor tamanho, chamada de “cantadêra”.
publicado: 31/08/2022 08h02, última modificação: 31/08/2022 08h02

 

Viola angrense ou do litoral s. f. é um cordofone original da Ilha Grande em Angra dos Reis, Rio de Janeiro. Possui sete ou oito cordas sendo essa última, de menor tamanho, chamada de “cantadêra” ou “periquita”, que fica afixada num cravelhal adicional denominada “benjamim”. Este fica preso no encontro do braço com o corpo da viola na parte superior. A corda “cantadeira” é tocada apenas pela mão direita com o dedo polegar. O braço costuma ter 10 trastes.

Segundo classificação formal podemos entendê-la como um (3) cordofone (3.2.) composto (3.2.1.) da família dos alaúdes (3.2.1.3) com braço (3.2.1.3.3.) colado ou esculpido ao ressonador (3.2.1.3.3.2.) com formato de caixa, aqui acrescentaríamos (3.2.1.3.3.2.1) com cravelhal complementar.

Provavelmente surge a partir da viola beiroa trazida de Portugal, pela explícita semelhança em também possuir a oitava corda, a “cantadeira”, mais especificamente duas cordas adicionais presa no benjamim. Infelizmente a viola angrense é considerada um instrumento extinto no estado do Rio de Janeiro e até mesmo em Angra dos Reis.

Em função disto não se tem precisão nem registro como eram originalmente, porém seu “tipo” ficou eternizado nos estilo das violas dos litorais de São Paulo e Paraná  que viriam a ser chamadas de viola de Fandango ou viola branca. Por conta da facilidade geográfica em comprarem as violas pelo litoral ao invés de irem ao interior, onde se tinha a viola caipira, os romeiros que circulavam pelo litoral sul do Rio de Janeiro até o Paraná passando por São Paulo, difundiram o estilo da viola angrense e consequentemente o estilo da viola do  litoral. (BUYS, 2014). Ivan Vilela complementa: 

A viola beiroa ainda mantém sua linhagem no litoral sul de São Paulo e no norte do Paraná onde são chamadas de viola fandangueira, e em São Paulo na região de Iguape, de viola branca. (VILELA, 2011, p. 119).

A viola angrense era comumente feita à mão, porém a grande popularidade cedeu mais uma vez ao apelo comercial que traz o processo massivo de industrialização. (BUYS, 2014). Embora o violeiro preferisse o instrumento feito à mão, o baixo custo das violas industrializadas eram mais acessíveis, intensificando o processo de desaparecimento dos luthiers da região litorânea do sudeste e, consequentemente, a fabricação das violas angrenses, dando lugar a um modelo sem a cantadeira. 

 

Referências:

SESC. Violas brasileiras: circuito 2015/2016. circuito 2015/2016. 2015. Disponível em: https://www2.sesc.com.br/wps/wcm/connect/7bf89c6f-f7cd-4dc9-b2b6-9f34ef8a8a80/catalogo+Sonora+Brasil_+Violas.pdf?MOD=AJPERES&CONVERT_TO=href&CACHEID=7bf89c6f-f7cd-4dc9-b2b6-9f34ef8a8a80. Acesso em: 08 mar. 2022.

FERRERO, Cintia Bisconsin. Na trilha da viola branca: aspectos sócio-culturais e técnico-musicais do seu uso no fandango de Iguape e Cananéia, sp.. 2007. 206 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Música, Instituto de Artes, Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo, 2007. Cap. 2. Disponível em: https://www.ia.unesp.br/Home/ensino/pos-graduacao/programas/musica/dissertacoeseteses/cintia_ferrero.pdf. Acesso em: 08 mar. 2022.

BUYS, Sandor Christiano (editor do blog). Viola angrense: um instrumento musical extinto em Angra dos Reis. O Eco. Ilha Grande, Angra dos Reis, p. 24-24. 01 maio 2014. Disponível em: http://cirandeirosilhagrande.blogspot.com/2015/11/viola-angrense-um-instrumento-musical.html. Acesso em: 08 mar. 2022

EDUARDO, Carlos. Viola angrense: única no mundo. única no mundo. 2016. Disponível em: https://causasecausosangradosreis.blogspot.com/2016/09/a-viola-angrense-unica-no-mundo.html. Acesso em: 08 mar. 2022.