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Reco-reco

Bastante utilizado nas danças e músicas urbanas mais conhecidas. É um idiofone raspado por uma baqueta. Encontram-se reco-recos feitos de bambu, metal, osso e cabaça.
publicado: 12/09/2016 10h53, última modificação: 17/04/2018 11h56
Reco-reco (Foto:todosinstrumentosmusicais¹)

Reco-reco (Foto:todosinstrumentosmusicais¹)

Reco-reco s.m. Também chamado de raspador, casaca e catacá. O reco-reco mais usual é o do tipo tubo raspado, em bambu onde são talhadas re-entrâncias paralelas ao gomo, para serem tocadas esfregando-as com uma vareta ou baqueta de bambu, madeira ou metal. Segundo Cruz e Conceição (2010;10) podem ser encontrados reco-recos feitos em metal, osso e cabaça, cujo material oco fornece uma caixa de ressonância natural, a exemplo do bambu. O catacá é feito de taboca, vegetal tubular mais delgado que o bambu (ver Alvarenga 1977:175). As danças e músicas urbanas modernas mais conhecidas tais como carnaval, sambas, marchinhas e samba de morro do Rio de Janeiro, usam o reco-reco industrial, junto com membranofones como surdo, caixa, repique, tamborim, pandeiro, cuíca e outros idiofones como frigideira, agogô e ganzá. Béhague (1999) lembra o uso do reco-reco na umbigada (uma variante do samba) – com bombo, caixa, tamborim, reco-reco e guaiá – e lambada do Pará (entre 1975 e 78), uma versão híbrida entre carimbó e lundu, acompanhado pelo tambor carimbó, pandeiro, reco-reco, marimba, violão e banjo. As designações onomatopáicas tais como reque-reque, caracaxá ou querequexê são adotadas principalmente no nordeste. Segundo Alvarenga (1977) é usado em tradicionais danças rurais como a congada (no Espirito Santo), cururú (Mato Grosso, Goiás and São Paulo) e cana-verde (região central e sul). Congos e congadas são danças dramáticas, ou bailados com cenas de conversão, onde são chamados de casaca, cassaca, or canzaca, medindo cerca de 60 cm de comprimento. Cururu e cana-verde são danças de roda, com versos de desafios, acompanhadas de violas, rabecas (ou pandeiros) e reco-recos. Nomeado como canzá ou ganzá está inserido em diversas manifestações afro-brasileiras, sobretudo na Bahia, nos conjuntos onde acompanha o moçambique, uma dança dramática com cenas de conversão, e a capoeira angola, uma luta simulada. Na arte marcial da capoeira, onde as músicas fazem alusão ao candomblé ou episódios da história da escravidão, é predominante o som do berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco. É chamado também de raspador na folia de São Benedito, da Amazônia, onde é o instrumento de comando do mestre-sala.

Alice L. Satomi

Tradução:  Gabriel da Rosa Seixas

 

Referências

O. Alvarenga & H. Melo. “Reco-reco”. In: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. V. 2. p. 741. Ed. M. A. Marcondes (São Paulo, 1977).

G. Béhague. Musiques du Brésil: de la cantoria a la samba-reggae (Paris, 1999).

H. Cruz and A. L. da Conceição. A construção da identidade afrodescendente. Revista África e Africanidades (Belford Roxo, 2010 (2):8 www.africaeafricanidades.com 

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¹ Disponível em: <http://www.todosinstrumentosmusicais.com.br/imagens-do-instrumento-reco-reco.html> Acesso em: 12 set 2016