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Maracá
Maracá s.m. seria um idiofone percutido indiretamente, agitado e com forma recipiente (quando os objetos sonoros se entrechocam entre si e contra a parede de um recipiente, ou objetos não sonoros batem nas paredes de um recipiente sonoro, como uma cabaça seca com sementes). Sendo assim podemos classificá-lo como 112.13. O maracá apresenta-se como um dos instrumentos indígenas mais conhecidos, sendo seu nome usado como uma designação genérica para chocalhos. O termo maracá é ainda, por vezes, utilizado como um sinônimo para música.
Renato Almeida define o maracá como “uma cabaça ôca, colocada na extremidade dum pau, cheia de pedrinhas, caroços ou sementes. Outras vezes, é atravessado por um páu e se apresenta com dois cabos. Alguns maracás são enfeitados com penas no suporte e outros têm a cabaça ornada de desenhos.” (1942:38)
Na obra de Helza Camêu, é possível perceber como o maracá influenciou a maioria dos chocalhos por ela descritos, como o yaxsã-ga, nhon-kon-ti, iueru, bapo, cutõe, etc. Todos ele consistem, em sua essência, de chocalhos construídos com cabaças secas, contendo sementes, feito do fruto do cuitezeiro, por exemplo.
Para a população indígena, a representação do maracá vai além de um instrumento usado para marcar o ritmo da dança. Acredita-se que ele possui grande poder espiritual. É nobre, usado geralmente pelos pajés. Renato Almeida registra acerca do maracá (1942:38-39): “O seu poder sobrenatural é uma crença de quasi todos os índios sul-americanos, que têm como certa a sua ‘influência direta e misteriosa sôbre o processo natural e ainda sôbre o tratamento e os sentimentos humanos’. Algumas tribos brasileiras como os Tupinambá os veneravam. Acreditavam os Tupí que quando sacodiam seus maracás os espíritos lhes falavam por meio dos instrumentos e os intruíam sôbre o uso dos mesmos, isto é, os espíritos eram primeiramente conjurados e compelidos a entrar nas cabaças, e depois obrigados a render-se inteiramente aos feiticeiros. O poder sobrenatural de tais cabaças era devido não só ao som misterioso produzido pelas sementes e pevides nela contidos, mas também pelas pinturas e gravuras que as ornavam.”
Referências
Almeida, Renato. 1942. História da Música Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Briguiet
Camêu, Helza. 1979. Instrumentos musicais dos indígenas brasileiros: catálogo da exposição. Rio de Janeiro: Bilbioteca Nacional; Funarte.
Fonografia
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zIRJWwJxpqI>. Acesso em 08 jul 2019
Gabriel da Rosa Seixas
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¹ Disponível em <https://jairantinguiboto.wordpress.com/conheca-a-aldeia-tingui-boto/artesanato/> Acesso em 13 jun 2016
² Disponível em <http://blog.cortel.com.br/wp-content/uploads/2011/08/kuarup2.jpg> Acesso em 12 jun 2016