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I-u-e-ru

Seria um idiofone percutido indiretamente, agitado e com forma recipiente, quando os objetos sonoros internos se entrechocam e estes mesmos se chocam contra a parede de um recipiente. Classificado então como 112.13.
publicado: 13/06/2016 10h50, última modificação: 17/04/2018 11h54
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(imagem retirada do livro de Helza Camêu)

I-u-e-ru dos índios Karajá (imagem retirada do livro de Helza Camêu)

I-u-e-ru s.m. Seria um idiofone percutido indiretamente, agitado e com forma recipiente, quando os objetos sonoros internos se entrechocam e estes mesmos se chocam contra a parede de um recipiente. Classificado então como 112.13. A musicóloga Helza Camêu, registra dois exemplares deste chocalho globular (ver maracá). O primeiro pertence aos índios Karajá. Já o segundo, pertence aos índios Javajé. 

Ambos são feitos a partir do fruto da Crescentia Cujete, popularmente conhecida como cuitezeiro. Falando especificamente do i-u-e-ru  dos índios Karajá, contém grãos em seu bojo e seu chocalho apresenta as clássicas aberturas no corpo da peça. O que chama atenção, porém, é que tais aberturas obedecem a um risco planejado e, ainda, marcado a fogo. O instrumento, assim como a maioria dos chocalhos globulares indígenas, é utilizado na marcação rítmica de danças e cantos (Camêu, 1979:15).

O i-u-e-ru proveniente dos índios Javajé, difere em sua aparência e função. Além de apresentar os desenhos incisos, já tradicionais, este apresenta aberturas que formam olhos e boca. E ainda, possui penas de arara e de colelheiro que simulam cabelo e barba, aparentando um rosto completo. O instrumento possui punho feito de uma vara de taboca. “A finalidade conferida ao chocalho globular de estabelecer comunicação entre o mundo real e o imaginado pelo indígena tem nos instrumentos com esta aparência perfeita adequação. Chocalhos globulares de conformação antropomorfa já foram mencionados no século XVI por Hans Staden, Padres Manuel da Nóbrega, Azpilcueta Navarro, José de Anchieta, Jean de Léry e outros” (Camêu, 1979:17)

Os índios Karajá são um grupo isolado localizado no Rio Araguaia, no Centro da Ilha do Bananal, no Estado de Goiás. Os índios Javajé fazem parte do grupo Karajá, localizados no mesmo local. A área cultural atinge o Tocantins — Xingu, e possui contato permanente (Camêu, 1979:14, 16).


Referência

Camêu, Helza¹. Instrumentos musicais dos indígenas brasileiros (catálogo da exposição). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, Funarte. 1979. 

Gabriel da Rosa Seixas

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¹ Fontes consultadas por Helza Camêu:

Izikowitz, K. G. Musical and other sound Instruments of the South American Indians. Götenborg, Elender Boktryckery Aktiebolag, 1935. 

Krause, Fritz. In Wildnissen Brasilien. Leipzig, Voitländer Verlag, 1911.

Machado, Otto. Os Carajás. Rio de Janeiro, Impr. Nacional, 1947.