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Ganzá
GANZÁ s.m. O ganzá é um idiofone percutido indiretamente, chacoalhado ou agitado, enquadrado assim na classificação 112.1. Sua origem física e morfológica, provém do continente africano, como diz Mário de Andrade (1982:239): “ O termo é sem dúvida de origem africana; Stephen Chauvet registrou com o nome de ganzá uma dança executada nas festas de iniciação dos jovens, para exaltação da virilidade entre os negros do Congo (África).”
O ganzá é bastante difundido no Brasil e, como consequência, existe grande variedade de sinônimos, de acordo com cada região. Além disso, existem lugares que atribuem o nome de ganzá a instrumentos com outras construções. Mário de Andrade (ibid.) afirma, por exemplo, que no Rio de Janeiro, ouve-se mais comumente “canzá” e não “ganzá”. Porém, sua construção, baseada na descrição dada por ele, se assemelha ao que conhecemos por reco-reco. Renato Almeida (1942:114) grafou também que o ganzá seria sinônimo do caracaxá, isto é, uma espécie de maracá indígena. “(...) um cilindro de folha de Flandres, fechado com um cabo. Contém grãos ou seixos [pedrinhas], que soam agitando-se.” Marcondes (1977:301) também acrescenta descrições diferentes a respeito do ganzá, como: “cilindro de madeira oca de um metro, com pele de boi esticada numa das extremidades, à guisa de tambor, usado na dança homônima no Amazonas;” E ainda Câmara Cascudo (2012:323) diz que “na Bahia, o ganzá se chama amelê, e por ganzá se conhece uma caixinha, de 0,10 por 0,15, em cuja parte superior se coloca um arame enroscado. Com uma haste de ferro, onde se enfiam cápsulas de fechar garrafas, de sorte a ficarem tilintando, se atrito o arame.” Outros exemplos de nomes diferentes, citados por esses autores: melê (Bahia), pau-de-semente (Natal RN), xiquexique (Minas Gerais), xeque ou xeque-xeque (Amazônia e Nordeste) e xaque-xaque. Aparece como marcador de ritmo nas congadas, no coco (coco-de-ganzá, principalmente) e em várias outras danças.
Tratando do ganzá mais popular, como o da imagem 1, é um instrumento cilíndrico e oco, que contém grãos, pequenos fragmentos de pedras, sementes, madeira, materiais sintéticos, entre outros. O comprimento é variável, bem como seu volume de preenchimento. Existe também a variação quanto ao número de cilindros. Existem ganzás industriais com dois ou até mesmo três tubos, com corpo de metal.
Quanto a forma de tocar, o instrumento é segurado horizontalmente, podendo utilizar até as duas mãos, à depender do comprimento do ganzá. É, então, agitado para frente e para trás, movimento que faz com que o conteúdo interno se mova e provoque o som, semelhante ao de um chocalho.
A utilização do ganzá alcança contextos muito amplos. Está presente em vários gêneros musicais, como o samba, sendo inclusive um dos instrumentos que fazem parte das baterias de escolas de samba. Presente também no axé, pagode, ijexá, candomblé, choro, maracatu, marabaixo (ver Caixa de Marabaixo), cirandas e cocos. Inclusive, no coco de embolada, o ganzá foi imortalizado por Mário de Andrade no texto Na pancada do ganzá que entrevista o embolador de coco Chico Antônio (figura 2).
Referências
Almeida, Renato. 1942. História da Música Brasileira. 2. ed. Rido de Janeiro: Briguiet
Andrade, Mário de. Dicionário Musical Brasileiro. 1982. São Paulo.
Câmara Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª ed., Ediouro, Rio de Janeiro.
Marcondes, Marcos Antônio. Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, folclórica, popular. 1977.
Onjó Angoma, Ganzá. Disponível em: <http://www.onjoangoma.com/2010/07/ganza.html> Acesso em: 5 mar 2016
Fonografia
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hQuuQGmPx0U>. Acesso em 08 jul 2019
Gabriel da Rosa Seixas
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¹ <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ganz%C3%A1> Acesso em: 6 jun 2016
² <http://www.clednews.com/2010/09/chico-antonio-o-mestre-do-ganza.html> Acesso em: 6 jun 2016