Cutõe

Cutõe s.m. é um chocalho globular indígena que possui semelhanças com outros provenientes do maracá, como yaxsã-ga, nhon-kon-ti, i-u-e-ru, entre outros. Seria classificado como 112.13 ou seja, um idiofone percutido indiretamente, agitado e com forma recipiente (quando os objetos sonoros se entrechocam e contra a parede de um recipiente). 

Falando especificamente do cutõe, é feito a partir do fruto da Crescentia Cujete, mais conhecida como cuité, coité, cuieira, entre outros. O fruto dessa árvore, quando maduro, é utilizado também para fazer vasilhas, panelas, e na fabricação de vários instrumentos, como a caixa de ressonância dos berimbaus. 

A musicóloga Helza Camêu (1979:23) registra o cutõe e diz que o cuité é atravessado por uma vara longa e pontiaguda de cerca de 55 cm. “O cuitê apresenta, de ambos os lados, as clássicas perfurações, em número de 6, em carreira dupla, irregularmente dispostas. Possui alça e fios de algodão que se prende no orifício aberto na parte destinada ao punho, alça terminada por fios longos.” 

O exemplar descrito por Helza Camêu (1979:22), faz parte da Coleção William Crocker de 1962, pertence aos índios Ramkôkãmekra, pertencente aos Canela, por sua vez, uma subdivisão  dos Timbira, do tronco linguístico Jê. Estão presentes na Aldeia do Ponto, no município de Barra do Corda, no estado do Maranhão. Sua área cultural abrange Tocantins — Xingu e possui contato permanente. 

 Helza Camêu não descreve o uso do cutõe. Por se tratar de um chocalho globular, é provável que sua função assemelhe-se com a do maracá. 

Referência

Camêu, Helza¹. Instrumentos musicais dos indígenas brasileiros (catálogo da exposição). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, Funarte. 1979.  

Gabriel da Rosa Seixas

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¹ Fontes consultadas por Helza Camêu:

Isikowtz, Karl Gustav. 1934. Musical and other sound instruments of the South American Indians. Göteborgs: Flanders Boktryckeri Artekbolag. 

Nimuendaju, C. The Eastern Timbira. Los Angeles, Univ. da Califórnia, 1946 (Tomo XLI).