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Lança dos (es)pontões ou Maracá de lança
Foto retirada por Alice Lumi Satomi no acervo do Instituto de Estudos Brasileiros -USP Coleção de Artes VisuaisInventário: MTC0002
Lança de (es)pontões s.m. um “idiofone com corpo de metal, com cone duplo” 112.13 (Hornbostel; Sachs, 1914). Utilizado pelos Pontões, uma manifestação singular e remanescente das irmandades negras, cujos atores são quilombolas e “quase todos da família Rufino, da zona rural” (ver BENJAMIN, 1976). A vibração sonora é obtida através da percussão indireta onde o corpo sonoro sofre um movimento do executante, que sacode o instrumento com uma das mãos segurando pelo cabo de madeira, e provoca o entrechoque entre o objeto agente (pequenos objetos internos) e deste contra o objeto vibrante, a parede do recipiente de metal.
Compõe-se das seguintes partes: o chocalho tem 23,5 cm de comprimento por 19 cm de espessura, com um cabo que mede 13,5 cm de comprimento por 5,5 cm à 6,5 cm de espessura e um extensor medindo 46,5 cm, sendo que 13,5 cm deste extensor estão embutidos no cabo, o que daria uma diferença de 32,7 cm de extensor a mostra, por 5,7 cm de espessura. Todo o instrumento chega a um comprimento de 69,5 cm e com largura e profundidade iguais a 6,5 cm. Estas medidas foram retiradas de um exemplar do instrumento que se encontra no Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros -USP na Coleção de Artes Visuais, o instrumento foi coletado por Maria Thereza Lemos Arruda Camargo na comunidade quilombola da região do Seridó, no município de Pombal, na Paraíba. Sua identificação no museu é MTC0002 e o instrumento encontra-se lá desde outubro de 1976.
Sobre sua construção, a extremidade afunilada do cone de metal se encaixa para ser fixado com solda à um cabo de mesmo material, ôco, ligeiramente alargado na base. Após inserir os componentes internos no cone inferior, solda-se o cone superior, unidos pela extremidade mais larga. O cabo de madeira, provavelmente, após ser apontado na ponta superior é inserido no cabo de metal. Na ponta superior e na parte larga do cone são soldadas pequenas argolas que servem para amarrar as fitas. Na argola superior uma fita creme e outra vermelha; duas fitas creme e uma verde nas três argolas centrais. Consta mais uma fita vermelha envolvendo a solda do cabo de metal.
Os pontões, juntamente com os Congos, marcam presença imprescindível nas procissões da véspera e para a missa da Festa do Rosário, da cidade de Pombal, no sertão da Paraíba, realizada no primeiro domingo do mês de outubro. A música é executada por um conjunto instrumental composto de pífano, caixas, triângulo e fole. O grupo dos Pontões se apresenta em duas alas chamadas cordões nas cores “encarnado” e azul, mencionando os mouros e cristãos do episódio carolíngio. As lanças cujas pontas são maracás enfeitados de fitas multicoloridas, são usadas tanto para abrir caminhos na multidão durante a procissão, como para fazer figurações na dança e, principalmente, para marcar o ritmo de suas músicas (Satomi, Duarte 2010).
Alice Lumi Satomi
Lucas B. Potiguara
Referências
BENJAMIN, Roberto. 1976. A festa do Rosário em Pombal. João Pessoa: Editora Universitária UFPB
SATOMI, Alice; Duarte, Mariana. 2010. “Os pontões de Pombal”. Anais do II Encontro da ABET Regional Nordeste. João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba