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Agogô
Agogô s.m. Um termo usado pelos povos Yoruba-, Igala- e Edo da Nigéria para um sino golpeado sem badalo. O agogô Yoruba pode ser único ou duplo, é golpeado com uma vara de metal, e pode ser usado em conjuntos, geralmente com tambores, para acompanhar danças sociais ou cerimônias. Os Igala fazem distinção entre o agogô (também conhecido como ogege ou ugege) e o grande enu cerimonial. O agogô, geralmente simples (exceto perto da fronteira de Igbo onde se encontram sinos duplos), é usado para sinalizar ou para acompanhar a música e a dança. O enu é feito de uma placa curvada, soldada para dar uma seção transversal oval, e é 68 cm a 83 cm de altura e 55 a 68 cm de largura; Pode ser simples ou dupla, com câmaras sobrepostas. Esses sinos cerimoniais estão associados a diferentes títulos, todos eles altos no sistema de fabricação do rei, e eles normalmente são mantidos no santuário ancestral. Entre os Edo / Bini os termos elo (semelhante ao Igbo alo e Igala enu) e lagalogo também são usados.
O agogô foi levado pelos escravos africanos para as Américas (onde também é conhecido como agogó, agogoró, ou gongné). Instrumentos latino-americanos semelhantes incluem o gan, adjá e cencerro. Em Cuba o agogô é um idiofone batido, ou sino, tocado por membros do culto de Lucumí. Ele geralmente toma a forma de uma lâmina de enxada, que é batido com um prego pesado ou outro objeto. Às vezes é usado um sino de ferro forjado à mão com um atacante externo; Uma garrafa de vidro batida com um prego pode ser empregado como um improvisado. No Brasil, o agogô pode ser individual ou um conjunto de até quatro cowbells sem badalo (geralmente duplo) em tamanhos diferentes, conectados por uma parte fina de metal. É tocado geralmente com uma vara de madeira ou de metal. O agogô é usado em várias ocasiões, principalmente nos ritos de cultos religiosos afro-brasileiros. Acompanha os padrões rítmicos do atabaque (conga) e é chamado adjá no candomblé baiano ou xerê no xangô pernambucano. Os instrumentos estabelecem passos de dança gestual, que podem corresponder a um orixá particular, na invocação, reverência ou encerramento de um ritual.
No Nordeste, o agogô ainda é conhecido pelo seu nome bantu de gonguê em práticas culturais como capoeira, maracatu, ou maculelê. Maracatu é uma dança-cortejo-procissão que retrata a coroação dos reis na tradição carnavalesca das nações. Músicos tocam o agogô, ou gonguê junto com os membranofones tarol, caixa, zabumba, cuíca e surdo.
A arte marcial da capoeira, cujas canções aludem ao candomblé ou representam eventos ocorridos durante a escravidão, é predominada pelos sons do berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco, um idiofone de fricção. Maculelê é uma dança cujos movimentos e instrumentos recordam aos da capoeira, embora o primeiro empregue bastões para executar movimentos de combate. Maculelê honra de Nossa Senhora da Conceição e Princesa Isabel, celebrando a abolição da escravidão.
O agogô também pode ser tocado com ganzá e violão, ao acompanhar uma banda de pífano tradicional (flauta), no forró de pife que é convidado a atuar em festas religiosas e celebrações seculares do Festival de São João.
No samba de roda, "a disputa de um casal ou intermediário no candomblé com uma canção responsorial" (Béhague, 1999) o agogô é tocado com atabaque, pandeiro, prato, faca e, às vezes, berimbau, guitarra e banjo.
No resto do Brasil, o agogô duplo ou triplo foi incorporado ao samba urbano e é tocado durante o carnaval nas escola de samba, junto com os membranofones: surdo (tempo, resposta e parada), caixa, repique, tamborim, pandeiro , Cuíca, e outros idiofones: frigideira, reco-reco, e ganzá.
Referências
C. A. Moloney: ‘On the Melodies of the Volof, Mandingo, Ewe, Yoruba and Houssa People of West Africa’, Journal of the Manchester Geographical Society, v (1889), 277
C. R. Day: ‘Music and musical instruments’. Up the Niger, ed. A. F. M. Mockler-Ferryman (London, 1892)
H. Courlander: ‘Musical Instruments of Cuba’, MQ, xxviii (1942), 227
J. S. Boston: ‘Ceremonial Iron Gongs among the Ibo and Igala’, Man, lxiv (1964), 44
A. Euba: ‘Yoruba Music’, Grove 6
K. A. Gourlay, John M. Schechter
O. Alvarenga et al. “Agogô”. In: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. Ed. M. A. Marcondes (São Paulo, 1977).
G. Béhague. Musiques du Brésil: de la cantoria a la samba-reggae (Paris, 1999).
R. S. Melo. A tradição juremeira e suas relações com os rituais de candomblé e umbanda na casa Ilê Axé Xangô Agodô. (João Pessoa, 2011).
Fonografia
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_kQIk1jJb9c>. Acesso em 08 jul 2019
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=R8pzOwZ5S78>. Acesso em 08 jul 2019
Alice L. Satomi
Tradução: Gabriel da Rosa Seixas
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¹ Disponível em: <http://www.todosinstrumentosmusicais.com.br/conheca-o-instrumento-agogo.html> Acesso em: 5 fev 2017