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Awirare

Com o termo Awiraré, o estudo pioneiro sobre os Kamayurá, de Rafael Menezes Bastos, o especifica como aerofone “em balsa, composto pelo agrupamento de quatro tubos, sem orifícios e condutos, fechados na extremidade distal”.
publicado: 03/10/2016 10h38, última modificação: 17/04/2018 18h18
Fonte: http://www.mimo-international.com/MIMO/

Fonte: http://www.mimo-international.com/MIMO/

Awirare s.f. Os primeiros registros da literatura sobre esse instrumento, de nome genérico flauta de pã, constam na obra de Helza Cameu (1979: 38-9), que a descreve como instrumento de sopro composto de seis tubos ocos de taquara ou bambu, unidos lado a lado por um barbante de fibra extraída da Embira. No Brasil, é encontrado entre os Gavião, Rio Tocantins, Pará, compreendendo a área cultural Tocantins, Xingu.  Seu som é emitido pelo sopro feito em um dos lados de sua extremidade, ou conforme detalha Renato Almeida (1942: 56) “a coluna de ar é vibrada pelo sopro feito na abertura superior de cada qual, que passa pelos lábios do executante, conforme o movimento dado ao instrumento com as mãos”. Os tubos possuem igual calibre e diferentes comprimentos, projetando diferentes alturas sonoras. Izikowitz (1935: 407-8) cita o jakui como uma flauta semelhante, do povo Kamayurá, e atala, do povo Nafuquá, também situados no alto Xingu. Mário de Andrade (1989: 226-7) cita outros nomes, sendo o instrumento também conhecido em outros países como Zampoña nos Andes, Rondador no Equador e Capador na Colômbia. Encontrado entre o povo Aweti Kamayurá, possui quatro ou cinco tubos, chegando a medir até 50cm de comprimento. (Izikowitz, 1935: 407-8)

Com o termo Awiraré, o estudo pioneiro sobre os Kamayurá, de Rafael Menezes Bastos, o especifica como aerofone “em balsa, composto pelo agrupamento de quatro tubos, sem orifícios e condutos, fechados na extremidade distal”. Os executantes utilizam-se da técnica do Hoqueto, que consiste na alternância de notas entre ambos, para se formar uma melodia. Sobre a estrutura física, o pesquisador descreve: “Relações entre os comprimentos dos exemplares: tubo maior-segundo, 1, 5 cm; segundo-terceiro, 4 cm; terceiro-quarto, 4, 9 cm; espessura do tubo, 1 cm; intervalos melódicos, 1-2: semitom; 2-3: terça menor, 3-4; 1 tom; comprimento médio do tubo maior: 26 cm; instrumento que conduz, em termos de aprendizado, as flautas uru'a (adiante) e extremamente usado no processo elaborativo-composicional pelos "mestres de musica"; incluído no ritual do Kwarup (conforme Agostinho, 1974); material, taquarinha.” (Bastos, 1986: 60)

Bastos acrescenta uma variante denominada Awirare’i, etimologicamente “awirare pequena”, consistindo em uma flauta de cinco tubos, onde o comprimento do tubo maior mede 19 cm. (Bastos, Idem)

Por ser uma flauta de pã fechada, pode ser classificado como flauta vertical, sem ducto, composta ou agrupada, 421.112.2.

 Rayssa Claudino de Melo

Referências:

Almeida, Renato C. 1942. História da Música Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Briguiet.

Andrade, Mário de. 1989. Dicionário musical brasileiro. Belo Horizonte; Brasília; São Paulo: Itatiaia; Ministério da Cultura e Universidade de São Paulo.

Bastos, Rafael J. Menezes. 1986. Música, cultura e sociedade no alto-Xingu: A teoria musical dos índios Kamayurá. In: Revista de Música Latino americana, Vol. 7, No. 1 (Spring - Summer, 1986), pp. 51-80.  Austin: University of Texas.

Cameu, Helza. 1979. Instrumentos musicais dos indígenas brasileiros: catálogo da exposição. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional; Funarte.

Izikowitz, K. G. 1935. Musical and Other Sound Instruments of the South American Indians: Gothenburg.