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Afofie

Afofiê: Muito citada por Artur Ramos como uma pequena flauta de taquara com bocal de madeira, usada nos candomblés da Bahia. Édison Carneiro retifica: “Não se usa nos candomblés. É uma flauta a que Artur Ramos se referia muito, mas que nunca vi. Não parece instrumento africano, mas o nome que os africanos davam à flauta (que certamente usavam aqui). Mas, nos candomblés, Jamais!” (carta de 15-XI-1959).
publicado: 17/08/2017 13h11, última modificação: 11/05/2023 19h11

Afofiê (s. f) . Termo de origem iorubá, provavelmente, para designar a flauta de forma genérica, não que seja trazida da África, mas que a diáspora africana adotou para a pequena flauta de bambu (v. de Andrade 1986: 11, Cascudo 1959: 11; 38)

Aerofone (4) de sopro (4.2.), da família das flautas (4.2.1) com ducto (4.2.1.2) interno (4.2.1.2.2) constituído por um único tubo (4.2.1.2.2.1) aberto na base (4.2.1.2.2.1.1) com digitadores (4.2.1.2.2.1.1.2). Na foto temos 6 furos alinhados e 1 na lateral. Conforme Mário de Andrade (1986, p. 11) trata-se de uma “pequena flauta de taquara com bocal de madeira”. Conforme a foto, a madeira é um tampo, que acompanha o corte transversal de 45º e é inserido na ponta superior da flauta, de maneira que sobre um espaço para o sopro incidir na janela dianteira para vibrar o som. 

De Andrade afirma que o termo é de origem iorubá, mas em um dicionário informal  consta como flauta dos povos malês (muçulmanos). Assim sendo, Arthur Ramos aponta o seu uso no ritual afro-brasileiro, provavelmente na Bahia. No entanto, Edson Carneiro, estudioso do candomblé, em carta, de 15.11.1959, retifica: “Não se usa nos candomblés. É uma flauta a que Artur Ramos se referia muito, mas que nunca vi. Não parece instrumento africano, mas o nome que os africanos davam à flauta (que certamente usavam aqui)” (Carneiro 1959 apud Cascudo  ####: 38). Pode ser então uma nomenclatura para designar a flauta de modo geral, não que seja trazida pela diáspora africana, mas que ela adotou para utilizar como instrumento de sopro, a que os povos escravizados eram muito afeitos. Ampliando para Pernambuco, Mário acrescenta outro registro sobre o Quilombo de Palmares de A. Melo: “ Por alguns instantes Mandaló melhorou. Sua voz era fraca como um sopro de afofié tocada por um menino.” (Melo apud Andrade ibid.) 

Gabriel Felipe Sena & Alice S. Lumi.

Referências:

Cascudo, Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 10ª ed.   Ediouro, Rio de Janeiro.

de Andrade, Mário. Dicionário Musical Brasileiro. Itatiaia/USP, 1989