Notícias
Muruku
Muruku s.m. É um “chocalho de lança” (Camêu, 1979:26). Seria um idiofone percutido indiretamente, agitado e suspenso por bastão, sendo classificado assim como 112.112.
A musicóloga Helza Camêu, descreve o muruku sendo uma peça de vara longa de muirapiranga. Tal vara longa possui 2,51m e é divida em quatro seções. São elas: punho, corpo, chocalho e lança ou ponta. No punho, a base é aberta e possui formato de cruz, além de abrigar dois lances entalhados com desenhos geométricos (círculos, triângulos, paralelas). Tais formas são separadas por espaços onde há penas e até mechas de cabelo. Já o corpo, apresenta medida de 1,49m e marca o ponto onde se localiza o chocalho (parte mais ampla da peça). “O chocalho, de forma ovalada, apresenta fendas (2) contendo em seu interior fragmentos de calcedônia. A introdução das pedras no chocalho é feita mediante aquecimento da madeira” (Camêu, 1979:27). Stradelli (apud CASCUDO, 1954, p. 600) também o descreve como uma “longa haste ornamentada de plumas e de desenhos em alto-relevo e munida de uma ponta de lança móvel, e alguma rara vez de ferrão de arraia, num dos lados, e no outro de maracá, aberto na própria madeira em que é feito o murucu, acabando em ponta e endurecido ao fogo”.
Stradelli (apud CASCUDO, 1954, p. 600) ainda acrescenta que o murucu “é a insígnia dos chefes de muitas tribos do uaupés e jupurá, e dela se servem hoje para puxar as danças, como já se serviram para guiar os próprios guerreiros na peleja. O murucu é geralmente usado pelas tribos que usam o trocana, parecendo por isso mesmo arma tupi-guarani”.
O chocalho de lança, descrito por Helza Camêu, pertence aos índios tukana, que estão localizados nas margens do Rio Tiquiê, no afluente Uapês, Estado do Amazonas. A área cultural abrangente é a Norte-Amazônica e possui contato permanente e integrado.
Referência
CAMÊU, Helza¹. Instrumentos musicais dos indígenas brasileiros (catálogo da exposição). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, Funarte. 1979.
CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 1954.
Gabriel da Rosa Seixas
Lucas B. Potiguara
_____________________________________
¹ Fontes consultadas por Helza Camêu (1979:17):
IZIKOWITZ, K. G. Musical and other sound Instruments of the South American Indians. Götenborg, Elender Boktryckery Aktiebolag, 1935.
STRADELLI, Ermano. Vocabulário Nhêengatu-portugues. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, tomo 104, v. 158. 1929.
BALDUS, Hebert & WILHELM, Emilio. Dicionário de etnologia e sociologia. São Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1939 (Bibl. pedagógica brasileira, série Iniciação científica, 17).