Dissertação _ LILIANNE DE QUEIROZ LEAL
Com o adensamento dos centros urbanos e a verticalização, a malha urbana vem sendo modificada a ponto de afetar significativamente a disponibilidade da luz natural nas edificações. Sob esta ótica, o escopo do presente trabalho aborda a influência das variáveis de entorno e do edifício sobre as iluminâncias e ofuscamento nos ambientes internos. A partir de um estudo de caso no Bairro de Manaíra na cidade de João Pessoa-PB, foram avaliadas como variáveis independentes: o grau de obstrução do entorno, as propriedades das superfícies verticais externas – refletância e elementos de proteção solar, a altura do pavimento e a orientação. As variáveis dependentes, relacionadas com a iluminação natural nos ambientes internos, foram: a distribuição das iluminâncias, o percentual de área iluminada inseridas na faixa útil de iluminâncias e a ocorrência de ofuscamento. Por meio de simulação computacional, utilizando o software Daysim, o uso da métrica dinâmica permitiu extrair dados de iluminâncias natural útil (INU 300-3000lux), além de valores em escala temporal e espacial no período de um ano correspondente ao arquivo climático da cidade já mencionada. Em complemento, foram encontrados os índices da probabilidade de ofuscamento da luz natural (POLN) através do aplicativo Evalglare. Com métodos gráfico e estatístico, foi possível verificar diferenças entre os 120 modelos de ambientes internos inserido em três cenários urbanos distintos e comparar as variáveis de pesquisa que apresentaram maior influência. Percebeu-se que os dispositivos de proteção solar nas fachadas contribuíram mais significativamente para frequência das iluminâncias na faixa útil quando comparadas com os cenários sem sombreamento, sendo primordial para aumento dos níveis de iluminação e redução dos desconfortos visuais. Adicionalmente, notou-se que os pavimentos mais obstruídos, a exemplo do Térreo, foram os mais uniformes, porém com iluminâncias abaixo da faixa suficiente (INU <300lux). Quanto às variáveis do edifício, as fachadas orientadas para Noroeste e Nordeste apresentaram melhor desempenho, apresentando ambientes com menores variações das iluminâncias, percentuais satisfatórios de área iluminada acima de 75% de INU bem como maiores faixas de ofuscamento imperceptível. Diferentemente, a fachada Sudoeste registrou o pior resultado em relação aos níveis de iluminação e a Sudeste a mais propensa ao aumento da probabilidade de ofuscamento, sobretudo nos ambientes inseridos nos cenários com reflexão máxima das fachadas e em situações sem interferência do entorno, com a contribuição da luz direta.