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Mestrado em Gerontologia da UFPB desenvolve app para o tratamento da lombalgia em pessoas idosas

Atualmente 80% da população mundial e 20% da população brasileira sofrem da coluna vertebral

publicado: 12/07/2021 10h08, última modificação: 14/07/2021 11h05

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba desenvolveram recentemente o “Aplicativo para alívio da dor crônica na coluna lombar em pessoas idosas”. Essa produção tecnológica objetiva amenizar a dor prolongada e persistente na coluna vertebral em pessoas a partir de 60 anos de idade, mas pode beneficiar pacientes abaixo dessa faixa etária. O produto resultou de uma dissertação do mestrado de Cícera Patrícia Daniel Montenegro, orientada pela professora-doutora, Maria Adelaide Silva Paredes Moreira, do Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia (PMPG), vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFPB.

De acordo com Patrícia Montenegro, o aplicativo foi criado com a maior praticidade possível, imagens, áudios, sem muitos trâmites para baixar e fácil navegação. Ao selecionar sexo, faixa etária e intensidade da dor o software direciona o usuário para a sequência de exercícios e orientações específicas para o tipo de lombalgia sentida naquele exato momento. Depois de baixado, o dispositivo poder ser utilizado sem o celular está conectado à internet. Desenvolvido em português, inglês, espanhol, francês e italiano, o software, que, futuramente, será incrementado pela linguagem de sinais (libras), está registrado na Agência UFPB de Inovação Tecnológica (INOVA-UFPB) e no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Nesta entrevista concedida em maio deste ano à Assessoria de Comunicação Social (ACS) do Instituto Paraibano de Envelhecimento, órgão suplementar da UPFB e de apoio ao PMPG, Patrícia Montenegro que é Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Neurológica e Especialista em Gerontologia, explica detalhadamente o que é a lombalgia com suas incidências e causas.

Profa. Patrícia Montenegro

 ACS/IPE/UFPB - Do que trata esse produto tecnológico? 

Patrícia Montenegro - A proposta do Aplicativo visa contribuir para o alívio da lombalgia crônica em idosos (dor na coluna lombar prolongada e persistente) mas nada impede de ser utilizado em fase subaguda também. Fornece orientações em saúde (orientações posturais cotidianas) associadas a recursos terapêuticos (tipos de compressas, música, exercícios respiratórios, de alongamento e relaxamento) respaldados pela literatura científica.

 ACS/IPE/UFPB -  Na verdade, qual é o seu público alvo?

Patrícia Montenegro - O app foi desenvolvido para idosos (60 a 79 anos e 80 e mais, estes últimos são classificados como idosos superlongevos) principalmente pela praticidade de ter ao alcance quando se está longe de um centro de saúde. Configura um produto tecnológico desenvolvido no Programa de Mestrado Profissional em Gerontologia (que é o estudo do envelhecimento). Sabe-se que no Brasil é considerado idoso a partir dos 60 anos e nos países desenvolvidos, a partir dor 65 anos, mas muitas pessoas sentem dor lombar abaixo dessa faixa etária e também podem se beneficiar desta tecnologia.

ACS/IPE/UFPB - O que é a lombalgia e quais os pacientes mais atingidos pela doença? Ela é uma condição crônica adquirida ou congênita?

Patrícia Montenegro - É importante que seja dito que lombalgia não é uma doença e sim, um sintoma, corresponde a dor na região lombar da coluna vertebral. A maior incidência ocorre na fase adulta e corresponde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) pontua que a dor lombar foi considerada em 2020 como o principal fator incapacitante no planeta. A lombalgia tanto pode ser aguda (dor que não perdura além de 12 semanas), crônica (dor que perdura além de 3 meses), adquirida (atividade ocupacional desenvolvida ao longo da vida que potencialize o quadro doloroso) e congênita (proveniente de uma escoliose, por exemplo). Vale salientar que em mais de 90% dos casos, a lombalgia é inespecífica, isto é, não se conhece a causa.

ACS/IPE/UFPB - É possível estimar quantas pessoas sofrem de lombalgia no Brasil, na Paraíba e em João Pessoa? Quais as suas causas?

Patrícia Montenegro - Hoje, mais de 80% da população mundial sofre com o sintoma, ou seja, quatro em cada cinco pessoas. Uma média de 27 milhões de adultos no Brasil (quase 20%), segundo a Pesquisa Nacional da Saúde, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A ciência evidencia que mais de 90% dos casos de lombalgia são inespecíficos (causa desconhecida) e resultantes do envelhecimento, 4% de hérnias discais, 3% da estenose do canal vertebral, restando apenas 1% para causas não mecânicas, como cânceres e 2% oriundos de alterações viscerais. A prevalência da lombalgia inespecífica é maior no sexo feminino em virtude das particularidades anatomofuncionais como menor estatura, massa muscular e densidade óssea; maior fragilidade articular, redução da adaptação ao esforço físico, somando-se ao desempenhar das atividades domésticas.

ACS/IPE/UFPB - Como é feito o diagnóstico e quais os exames solicitados para identificar a lombalgia?

Patrícia Montenegro - Inicialmente é feita uma avaliação clínica da lombalgia incluindo anamnese e exame físico, avaliando se há necessidade imediata de um parecer radiológico ou exames complementares de imagem. Os exames solicitados são Raio-x; Ressonância Nuclear Magnética (RNM); Cintilografia; Eletroneuromiografia.

ACS/IPE/UFPB - Por que você escolheu desenvolver esse aplicativo para pessoas idosas?

Patrícia Montenegro - Eu atendo idosos carentes do SUS em uma cidade do interior da Paraíba e percebi em minha prática profissional elevadas queixas de dor lombar, assim como, procura pelo tratamento fisioterapêutico a fim de obter o alívio da dor, em sua maioria agricultores, costureiras e donas de casa. Pessoas simples, humildes que mesmo sendo idosos ainda exercem atividades laborais que potencializam o quadro doloroso, quando deveriam estar usufruindo de uma aposentadoria e do merecido descanso por uma vida inteira dedicada ao trabalho pesado.

ACS/IPE/UFPB: - Como é que uma pessoa idosa e/ou seu cuidador de qualquer nível intelectual e cultural podem utilizar esse aplicativo?

Patrícia Montenegro - O aplicativo foi criado com a maior praticidade possível, imagens, áudios, sem muitos trâmites para baixar e fácil navegação. Ao selecionar sexo, faixa etária e intensidade da dor o software direciona o usuário para a sequência de exercícios e orientações específicas para o tipo de lombalgia sentida naquele exato momento. Sabemos que ao sentir dor num período atípico de pandemia como este que vivemos, é complicado direcionar-se ao setor de saúde, então eis a facilidade em ter um app que leva em consideração as particularidades da pessoa idosa.

ACS/IPE/UFPB: – Quais são as evidências de resultados do aplicativo e para quantos idiomas foi desenvolvido ?

Patrícia Montenegro - A aceitação dos usuários durante a entrevista semiestruturada que foi aplicada obteve o percentil de 100%, isto é, foi unânime a vontade dos idosos em ter um app criado especificamente para contribuir no alívio da limitante e/ou incapacitante “dor nas costas”. Pensando também nos idosos de outros países, foi desenvolvido em 5 idiomas (português, inglês, espanhol, francês e italiano), e futuramente será incrementado pela linguagem de sinais (libras).

ACS/IPE/UFPB - O seu produto já foi patenteado?

Patrícia Montenegro - Nosso software foi registrado em maio deste ano, através da INOVA/UFPB, no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Digo “nosso” porque minha orientadora sempre foi muito presente no decorrer de todo projeto e desenvolvimento de toda pesquisa.

ACS/IPE/UFPB: - Como você se sente em ter desenvolvido um produto tecnológico que vai ajudar pessoas a aprenderem a viver e a conviver com uma condição dolorosa comum?

Patrícia Montenegro - Posso responder este questionamento de forma bem pessoal...eu passei no vestibular com 15 anos de idade e desde então sempre carreguei comigo como ideologia e filosofia de vida que...não adianta ser o profissional, pesquisador detentor do maior e mais atualizado conhecimento se não houver o repasse e/ou propagação do mesmo. Sem ultrapassar os muros de uma universidade federal fazendo com que tudo o que é pesquisado, desenvolvido, criado enquanto inovação tecnológica ou de outra natureza, perde o sentido se não atingir o público de destino, fazendo valer o real significado da palavra “devolutiva”. Eu atendo meus pacientes idosos como se fossem meus avós, meus pais, é o mínimo que posso fazer às pessoas que pagaram com seus impostos, os meus estudos em uma universidade federal. Gratidão pela entrevista e oportunidade em dar visibilidade ao nosso produto!

 Como utilizar o aplicativo 

A pessoa idosa e/ou cuidadora interessada em usar o aplicativo para alívio da dor crônica na coluna lombar pode fazê-lo diretamente através do link, ou baixar o aplicativo se quiser, conforme as imagens abaixo.

Baixar app 01 Baixar app 02 Baixar app 03

Quando abrir o aplicativo, aparecerá a apresentação do produto tecnológico e, na sequência, será mostrada a tela de seleção do idioma. Ao selecionar o idioma de origem, aparecerá a mensagem “Orientações sobre autocuidado para viver sem dor na coluna lombar” na tela inicial e a opção para começar a utilização do conteúdo.

A tela imediata dará as boas-vindas ao usuário solicitando a escolha do sexo ao mostrar as imagens dos personagens idosos da aplicação. Após isso, vem a distinção da faixa etária (60-79, 80 ou mais) e a escolha do botão correspondente à intensidade da dor. Ao finalizar esse passo a passo, o usuário idoso iniciará a sequência de exercícios que contém compressas, relaxamento utilizando a música associada ao padrão respiratório ideal e orientações posturais diversas, mediante sua necessidade naquele momento para aliviar o desconforto na coluna lombar.

Reportagem: Paulo César Gomes Cabral
Fotos e imagens dos arquivos da PMPG/IPE/UFPB
Publicação: Vítor Canônico